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Ucranianos têm contribuído para a formação da multiculturalidade canadiana

MILENIO STADIUM - Julie Dzerowicz DR

 

O Canadá revelou nos últimos dias que é um aliado de peso na defesa do povo da Ucrânia da invasão russa. Existem várias razões para isso, nomeadamente o contributo que os ucranianos têm desempenhado na formação da sociedade multicultural canadiana, desde historiadores, a estudiosos e membros da comunidade. Entre alguns nomes que se destacam estão o Paul Yuzyk, senador; Orest Subtelny, historiador; John Sopinka; juiz associado do Supremo Tribunal do Canadá; Chrystia Freeland, política; Sylvia Fedoruk, antiga Lieutenant Governor de Saskatchewan; Edward Michael Stelmach, antigo Premier de Alberta; Myrna Kostash, escritora e jornalista; Roberta Bondar, astronauta e neurologista; Ann Morash, artista, designer e fotógrafa; Petro Neborskij, coreógrafo e Oleh Lesiuk, artista.

Devido à sua integração social, política e económica, os ucranianos atingiram um nível bastante elevado de perceção cultural e de mistura no mosaico da sociedade canadiana. Olhando para o início dos anos 90, percebemos que alguns dos altos cargos da sociedade canadiana foram ocupados pelos filhos ou netos de imigrantes ucranianos.

Julie Dzerowicz, atual MP de Davenport, é filha de pai ucraniano e mãe mexicana. A política nascida no Canadá acompanha com atenção o evoluir do conflito na Ucrânia e mantém que o Governo de Trudeau vai continuar a apoiar o povo ucraniano. Desde sanções económicas a envio de mais armas letais, o Governo canadiano anunciou vários pacotes de medidas duras contra a Rússia para que Putin volte atrás e acabe com a guerra.
Ao nosso jornal a política que representa em Otava a maior comunidade portuguesa do país condena a invasão da Rússia à Ucrânia e explica que os valores ucranianos com que cresceu são semelhantes ao de tantos outros imigrantes: trabalho árduo, muito estudo e respeito pela família e pelos mais velhos.

De acordo com os Census de 2016, cerca de 1,3 milhões de pessoas no Canadá disseram que tinham ascendência ucraniana, o que corresponde a 4% da população. Recentemente o governo federal anunciou que os ucranianos que quisessem emigrar para o Canadá iam ter prioridade.

A Ucrânia tem uma população de 43 milhões de habitantes e é um dos países do mundo onde a taxa de alfabetização é mais elevada. Dados da UNESCO revelam que a literacia na população adulta da Ucrânia está próxima dos 100%. Cerca de 70% dos ucranianos têm ensino secundário ou universitário.

A mão de obra altamente qualificada pode ser uma mais-valia para o Canadá. Kiev, a capital que os russos estão a tentar tomar, é considerada a Silicon Valley da Europa. O primeiro pequeno computador eletrónico na URSS e no continente europeu foi criado na capital em 1950. Todos os anos, entre 10 a 15 mil invenções e ideias ucranianas são patenteadas.

Milénio Stadium: Como filha de pai ucraniano, como é que se sente com tudo o que está a acontecer na Ucrânia?
Julie Dzerowicz: Como ucraniana-canadiana orgulhosa, esta é uma questão profundamente pessoal para mim. Magoa-me sempre ver pessoas em perigo, mas quando tem impacto num lugar que se sabe que se tem ligações familiares com ele, torna-se também algo completamente diferente. Quero condenar da forma mais inequívoca o não provocado, injusto e ilegal ataque da Rússia à Ucrânia. Solidarizo-me firmemente com o povo da Ucrânia e com o seu governo e Parlamento legítimo e democraticamente eleito.

MS: Quais são os valores ucranianos com que cresceu?
JD: Os mesmos valores que a maioria dos imigrantes partilham. Trabalhar arduamente, estudar muito, respeitar a família e os mais velhos. E, não esquecendo de celebrar a sua cultura ucraniana enquanto abraça o seu novo país e a sua cultura.

MS: O primeiro-ministro canadiano anunciou na semana passada que os ucranianos terão prioridade para imigrar para o Canadá se assim o desejarem. O que é o país tem para oferecer aos ucranianos?
JD: O Canadá tem o terceiro maior número de ucranianos do mundo, atrás apenas da Ucrânia e da Rússia. Portanto, o que o Canadá tem para oferecer aos ucranianos que escapam à guerra é a comunidade. Quando as pessoas estão a fugir de zonas de guerra procuram primeiro a segurança, mas depois estão a lidar com o trauma e os desafios da integração num novo lugar e a melhor maneira de gerir isso é através de comunidades de apoio que estão prontas a ajudar.
Quase metade dos refugiados sírios que vieram recentemente para o Canadá foram patrocinados por grupos comunitários – grupos de apoio, disponíveis e pacientes, pois ajudaram os recém-chegados a navegar pelos desafios da adaptação – esta é uma das abordagens mais bem-sucedidas e o Canadá tem muitos canadianos e ucranianos-canadianos dispostos a ajudar.

MS: O Canadá revelou nos últimos dias sanções pesadas contra a Rússia. Que mais se pode esperar neste capítulo do Governo canadiano?
JD: Está tudo em cima da mesa. Mais recentemente, o nosso governo anunciou mais $100 milhões de dólares em apoio humanitário para ajudar os parceiros experientes a resolver as necessidades humanitárias mais prementes no terreno na Ucrânia e países vizinhos. Este apoio vai ajudar a fornecer serviços de saúde de emergência (incluindo cuidados de trauma), proteção, apoio às populações deslocadas e serviços essenciais para salvar vidas, tais como abrigo, água e saneamento e alimentação.
Isto para além de fornecer outro apoio financeiro e económico, armas defensivas, armas letais, sanções, trabalhar com empresas de telecomunicações para cortar a televisão russa, proibir a importação de petróleo bruto da Rússia, aplicações de rastreio rápido para ucranianos e muito mais.

MS: Como é que os canadianos podem apoiar os ucranianos?
JD: Quem puder doar pode fazê-lo através da Canadian Red Cross’ Ukraine Humanitarian Crisis Appeal. Os Negócios Estrangeiros do Canadá estão a igualar todas as doações feitas por canadianos individuais entre 24 de fevereiro de 2022 e 18 de março de 2022, até um máximo de $10 milhões de dólares. A Canadian Red Cross vai por sua vez atribuir o montante total do financiamento para apoiar os esforços da International Red Cross e do Red Crescent Movement na resposta às necessidades humanitárias causadas pelo conflito em curso na Ucrânia.

Joana Leal/MS

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