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Não sou o Grinch, mas talvez ande lá perto

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THE GRINCH, (aka DR. SEUSS’ THE GRINCH), The Grinch (voice: Benedict Cumberbatch), 2018. © Universal Pictures / courtesy Everett Collection

Começo já por dizer que não ligo muito ao Natal, não odeio, mas também não fico a contar os dias para que chegue. Não sou particularmente fã de músicas de Natal, não gosto de gastar dinheiro para decorar a casa, detesto a agitação dos centros comerciais nessa época (ou em qualquer outra), mas ao som de Feliz Navidad tudo fica pior e não tenho paciência para aquela falsa bondade que se instaura neste mês. O Natal é tão comercializado que me cansa. Para mim o Natal é mais uma desculpa para reunir a família à mesa, o que é uma coisa que sempre fizemos com frequência, então o Natal era mais um dia como tantos outros. E claro, se me quiserem oferecer presentes são sempre bem-vindos. Já para eu os dar pode ser mais complicado… não porque eu não os queira dar, eu gosto muito de dar presentes, só que eu demoro até os entregar, portanto é provável que só sejam distribuídos lá para fevereiro. Mas sempre me disseram que mais vale tarde que nunca.

O último Natal foi dos mais especiais para mim e ao mesmo tempo dos mais complicados. A minha filha nasceu no dia 29 de novembro e nós, seguindo todos os cuidados por causa da pandemia, decidimos que iriamos passar o Natal só os três. A minha mãe mandou-nos a comida, o que para quem tem um recém-nascido é a melhor prenda de sempre. Sinceramente eu quase nem dei conta que era Natal. Entre dar mama a cada uma hora, trocar fraldas, tentar dormir e arranjar cinco minutos para tomar banho, o dia passou a correr – as mães vão-me entender. Mas até fizemos a árvore de Natal, que na verdade já estava feita desde o ano anterior. Eu explico. A nossa árvore deve ter cerca de 1 metro, com luzes já instaladas e no ano passado simplesmente a tirámos da arrecadação já montada. Este ano aconteceu o mesmo, portanto, tecnicamente, a árvore está feita desde 2019. Não ‘fazemos a árvore’; retiramos a árvore da masmorra e trazemo-la para ver a luz do dia. Nem é preguiça, é só que é mais prático. Claro, agora com uma criança, eu prometi a mim mesma que no próximo ano vou ser melhor e fazer todo o processo para lhe dar aquela magia de Natal que a mim nunca me tocou, não por falta de tentativas, acho que apenas nunca me interessei.

E há de facto umas questões sobre o Natal que eu ainda não decidi bem como prosseguir. Como a existência do Pai Natal. Para que é que vou inventar uma figura que não existe para daqui a seis anos lhe dizer que menti? Isso não quebra logo ali a relação de confiança? O pai acha que faz parte. Eu acho desnecessário. Provavelmente vou embarcar na conversa simplesmente porque não quero ser anti-tudo e não quero que seja a minha criança a espalhar a dura verdade e a destruir os sonhos de todos os colegas da escola.

Mas confesso que este ano estou mais entusiasmada, acho que ter um filho realmente desperta esse lado em nós, para eles tudo é incrível e nós vivemos para lhes dar essa sensação em todas as coisas banais. O ano passado foi o primeiro Natal da minha filha, mas este será o primeiro Natal ‘oficial’. No ano passado ela foi a nossa prenda, e este ano já recebemos outra prenda – não foi outra filha, calma que eu já não durmo uma noite seguida há quase dois anos. Não sei se é a sorte natalícia no ar, mas nos últimos anos, esta época tem-nos trazido coisas muito boas. Talvez a magia do Natal até exista. Aos poucos vou começando a perceber o encanto de uma época em que se sente que tudo é possível. E para quem está a ler, eu espero que na sua vida também aconteça algo mágico – não só no Natal, mas durante o ano inteiro. Entretanto se algum dia me virem com aquelas camisolas de Natal ou com uma casa cheia de luzes, árvores decoradas, renas gigantes, Pais Natal insufláveis então é verdade… milagres de Natal existem.

Inês Carpinteiro/MS

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