Ambiente

Reciclagem: Estamos a falhar

Terra Viva

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Em Portugal das mais de 5 milhões de toneladas anuais de resíduos urbanos apenas cerca de 700 toneladas são recicladas.

Cada habitante da Lusitânia gera mais de meia tonelada de resíduos anualmente, separando apenas cerca de 115Kg para reciclagem, ou seja 1/5 do lixo produzido. Desses 115Kg separados pelos cidadãos apenas cerca de 67Kg são efetivamente reciclados.

Falha o cidadão na separação, falham as autarquias e os governos na divulgação e promoção da separação, e também na recolha e reencaminhamento. Refiro ainda que existe uma falha enorme no acompanhamento e divulgação de dados sobre reciclagem, nos sites institucionais não existe informação atualizada, essa informação não está facilmente disponível, e a informação que existe remonta a 2 e 3 anos anteriores, não sei se existe dificuldade de compilação e divulgação de dados, se o sistema de recolha e divulgação não tem recursos, se não está a ter a devida atenção ou se não existe interesse na divulgação transparente da realidade.

Em 2020, segundo a associação ambiental Zero, apenas 16,1% dos resíduos urbanos produzidos foram enviados para reciclagem, muito longe da meta de 55% pretendida para 2045. A Zero acrescenta ainda, que a taxa de reciclagem de resíduos urbanos desceu 4,9 pontos percentuais em 2020 e aponta que os números “contrariam o discurso oficial de que em ano de pandemia teria havido uma adesão generalizada às práticas de encaminhamento de recicláveis.”

Segundo artigo da CNN Portugal de maio 2022, “os resíduos elétricos e eletrónicos, dos quais 15% foram recolhidos em 2020, foram menos de um quarto da meta de 65% estabelecida para esse ano. O barómetro da reciclagem melhora no que se refere a embalagens de pesticidas, com 48,4% de recolha em 2020, ano em que a meta era 55%, e em relação a pilhas, com uma recolha de 29% em 2019 face a uma meta de 45% para 2020.”
A inexistência de suficientes ecopontos no país poderá em parte explicar a recolha seletiva de resíduos, o cidadão comum muitas vezes tem de se esforçar para encontrar locais onde depositar os seus resíduos já separados, esta dificuldade, acrescida da falta de estímulo e informação, pode justificar em parte a baixa taxa de separação e reciclagem, no entanto não é a única razão, o cidadão comum ao verificar que muitos dos resíduos separados não são posteriormente tratados como previsto provocam uma grande desmotivação.

A quantidade de resíduos que enviamos para aterros anualmente é enorme, estamos a criar uma quantidade imensa de bolsas de resíduos espalhadas por todo o território. Daqui a alguns milhões de anos (se existir alguma espécie inteligente) serão com certeza objeto de estudo e estupefação de hipotéticos futuros arqueólogos.
Segundo dados da Pordata, em 2020 de um total de 5.070.835ton de resíduos recolhidos, foram para aterro 2.710.614ton, para valorização energética 962.401ton, para valorização orgânica 724.592ton e apenas 673.228ton para reciclagem.

É necessário haver uma mobilização de todas as instituições e sociedade civil para melhorar a capacidade de gestão de resíduos urbanos, aumentando a reciclagem reduziremos em muito a nossa pegada ecológica e ao mesmo tempo melhoraremos o desempenho económico, sim porque os resíduos sendo aproveitados para substituição de matérias primas importadas (por exemplo) contribuirão para a sustentabilidade económica, mas acima de tudo estaremos a cuidar da sustentabilidade ambiental e da qualidade de vida das gerações futuras.

Paulo Gil Cardoso/MS

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