Ambiente

Lampreia em Risco de Extinção

 

O Festival da Lampreia de Penacova foi cancelado devido à falta deste estranho peixe que há muitos anos tem vindo a ver a sua população diminuir sistematicamente.

De ano para ano tem-se notado o seu desaparecimento, inicialmente o povo atribuía maus anos na sua captura a fatores pontuais, julgando que um ou outro ano piores não indicavam que a espécie estivesse ameaçada.

Recordemos que desde 2005 este ciclóstomo faz parte da lista de espécies consideradas como criticamente em perigo de extinção no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Teimosamente continuou-se a pescar Lampreia e a fazerem-se festivais e eventos de culinária tradicional com este peixe.

Em Portugal existem 6 espécies de Lampreia, a saber: lampreia-de-rio, lampreia-da-costa-da-prata, lampreia-de-riacho, lampreia-do-nabão, lampreia-do-sado, e a mais apreciada gastronomicamente, a lampreia-marinha, sendo esta última a que tem mantido uma maior população em relação às demais. A lampreia-de-rio está já declarada como extinta em Espanha, apesar de não ser usada para consumo humano, assim como a lampreia de riacho. Mesmo assim são estas as duas espécies em situação mais crítica. Diversos fatores são apontados para o seu desaparecimento, como a construção de barragens e represas que impedem as suas migrações para reprodução, as alterações e destruição de habitats, a poluição dos cursos de água, introdução de outras espécies de peixes invasoras, etc.

Existem registos fósseis de lampreias com cerca de 280 milhões de anos, tendo resistido à grande extinção na qual os dinossauros desapareceram, estranho é neste momento estarem ameaçadas de extinção, ao que tudo indica, devido à atividade irresponsável da espécie humana.

O ciclo de vida da Lampreia é de 7 anos, e se não forem tomadas medidas efetivas na sua proteção, a espécie corre mesmo o risco de desparecer. Na passagem de peixes no açude-ponte no Rio Mondego, em Coimbra, faz-se a contabilização dos peixes que por ali passam, e teme-se que 2024 possa ser o pior ano de registo, em 2014 foram registados 20 mil espécimes, em 2023 contaram-se apenas 1508.

Cientistas e especialistas defendem a proibição de pesca até se conseguirem repor populações com sustentabilidade, esperemos que as autoridades e a população entendam que eventualmente acabarão os festivais e a degustação (para os que apreciam) dos diversos pratos confecionados com o ciclóstomo. A escassez levou também a que os preços disparassem chegando aos 140€ cada Lampreia, claro que também este fator pode levar à sua descontrolada captura pela ganância do lucro imediato.

A sociedade vive atualmente na busca do conforto imediato, prazer imediato e lucros elevados imediatos, serão estes comportamentos irresponsáveis que levarão à implosão da civilização, pena é que também destruiremos o lar de muitos outros seres.

Sem respeito e admiração pela natureza não conseguiremos progredir.

Paulo Gil Cardoso/MS

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