Comunidade

Maria João Maciel Jorge lança mais um livro – “The hyphen and other thoughts from the in-between”

 

É hoje (26) que será lançado na Peach Gallery o mais recente livro de Maria João Maciel Jorge (MJMJ). Numa conversa com Manuel DaCosta, num Here’s the thing especial, que poderá ver em camoestv.com, a autora levantou um pouco do véu sobre o que podemos encontrar nesta obra que dedica a todos os que se encontram na condição de hifenizados, com particular destaque para os imigrantes provenientes das ilhas dos Açores, residentes no Canadá, como é o caso da própria autora. A pedido de Manuel DaCosta, MJMJ começou por explicar o título do livro – “The hyphen and other thoughts from the in-between”.

Manuel DaCosta: Esclareça-me um pouco e talvez o nosso público sobre o título do livro. Começando com o hífen. E depois pode passar para a segunda parte.
MJMJ: Para mim, o hífen é o espaço das possibilidades. Tende a ser um espaço que a maioria dos imigrantes ocupa. Não se está nem aqui, nem ali. Está-se em ambos os lugares. E podes ser um imigrante português. Podemos ser de uma família de imigrantes. Todos nós sabemos o que é estar mais ou menos no meio. É isso que o hífen é, a pequena coisa que nos liga ao mundo, neste caso, tal como funciona na língua.

MDC: Mas isso não significa que sejamos invisíveis.
MJMJ: De modo algum. Na verdade, para mim, pode ser um lugar de celebração. Somos uma espécie de camaleões. Quase pertencemos. E podemos aceder a mundos que de outra forma não conseguiríamos, se não fôssemos imigrantes.

MDC: Para que as pessoas entendam o hífen. Não se está aqui, nem ali. Estamos no meio. E podemos ajustar-nos com base no nosso passado ou no facto de sermos imigrantes ou não. E podes ir por aqui ou por ali e aceitar qualquer uma das culturas e o que é justo.
MJMJ: E é também um lugar de atuação que se pode fazer para fazer parte de uma cultura ou de outra. E é também um lugar de escolha. Pode escolher-se elementos de ambas as culturas e não necessariamente tudo de cada uma delas.

 

 

MDC: O que a inspirou a escrever este livro e porquê nesta altura?
MJMJ: Bem, em 2016, escrevi um livro de contos, que foi publicado em Portugal, nos Açores. E há muito tempo que ando a pensar em alguns dos temas desse livro. Portanto, alguns dos temas deste livro, embora a maior parte das narrativas sejam novíssimas, todas as narrativas são novas, mas alguns dos temas foram inspirados em alguns que já estavam presentes em 2016. O papel da mulher, questões de exclusão, de marginalização que muitos imigrantes sentem, a velhice… questões que me têm preocupado. E continuo a preocupar-me com estas coisas à medida que vou envelhecendo. Portanto, antes de mais, o livro é uma homenagem aos Açores, de onde sou natural. E alguns dos textos serão polémicos. Algumas das histórias serão engraçadas. Espero que as pessoas sintam empatia por algumas partes. Acima de tudo, espero que as pessoas se revejam nelas, independentemente de serem açorianas, canadianas, continentais ou portuguesas, canadianas ou de qualquer outro estado hifenizado. Que as possam sentir. Antes de mais, acho que gosto tanto de ser açoriana como gosto de ser portuguesa. Tanto quanto gosto de ser canadiana, tanto quanto às vezes sou mal rotulada. Quando falo espanhol, alguém me diz: “És mexicana? Não, não sou, mas gosto disso”. Por isso, acho que parte do que tento fazer no livro também é apresentar uma ilha de tentativa que pode ser moderna, que pode ser crítica, que pode ser híbrida e que pode aprender com todas as diferentes influências.

MDC: Vamos ter a apresentação do livro, no dia 26 de abril, sexta-feira, e toda a gente está convidada a ir à Peach Gallery, no 722 da College Street, para ver a apresentação do livro com Maria João Maciel Jorge. E o livro chama-se Hífen… e eu não vou dizer o resto do nome porque acho que só o Hífen é um título muito interessante. Quero felicitá-la por, de vez em quando, escrever um livro, contar uma história, acreditar que a cultura pode ser expandida e celebrada contando às pessoas sobre a verdade, sobre quem somos, como pessoas e de onde viemos, porque às vezes tendemos a esquecer.
MJMJ: Este é um livro sobre todos nós. Diria que acho que prestei homenagem aos Açores porque era jovem e tola, e havia um assunto inacabado para honrar as pessoas, para honrar as pessoas comuns à minha volta.
Se não tiver disponibilidade para estar presente na Peach Gallery, pode acompanhar tudo o que vai acontecer no decorrer da apresentação do livro, numa edição especial do Roundtable desta semana, na Camões Rádio e também no Facebook, a partir das 6h da tarde.
MB/MS

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