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Solstício: O Sol parado

Terra Viva

Cromeleque dos Almendres- milenio stadium

 

O solstício de junho, conhecido como solstício de verão no hemisfério norte, aconteceu no passado dia 21 pelas 14h58GMT (09h58 em Toronto).

A palavra solstício tem origem na expressão latina “solstitium” e que significa “sol parado”, esta designação deriva do facto de realmente a nossa estrela parecer ficar imóvel quando atinge o ponto da elíptica mais afastado, aparentemente ficando estacionado alguns dias.

O dia mais longo do ano assinala o início do verão no hemisfério norte e é celebrado desde tempos imemoriais. Existem evidências arqueológicas que os povos habitantes na Europa há mais de 10mil anos tinham perfeita noção deste fenómeno astronómico e que eventualmente o celebravam com rituais. Mesmo empiricamente, e observando a natureza e a posição do astro rei, percebiam que este era o dia mais longo do ano.

Pelas estruturas megalíticas como o Cromeleque dos Almendres (na imagem, situado a 18,8Km a oeste de Évora) deduz-se que o conhecimento dos movimentos astronómicos era bem dominado pelos nossos ancestrais. A estrutura está alinhada com o equinócio da primavera, porém, o Menir dos Almendres que dista 1,3Km a nordeste, está alinhado com o primeiro monumento indicando o nascer do Sol no solstício de verão. Estes monumentos de pedra julga-se terem cerca de 7 500 anos e são Património Nacional. É o maior cromeleque da Península Ibérica e um dos monumentos megalíticos mais importantes da Europa ocidental, sendo anterior a Stonehenge em mais de 3000 anos.

Em diversos locais existem celebrações deste dia que anuncia as colheitas. O local emblemático destas celebrações na Europa é sem dúvida Stonehenge. Milhares de pessoas deslocam-se ao monumento com mais de 5 000 anos, classificado como Património Mundial pela UNESCO, para festejarem este dia e para uma série de rituais pagãos com uma grande influência Celta.

Os ciclos sazonais de vida na Terra são resultado da enorme e complexa maquinaria cósmica. O Homem desde cedo percebeu a interdependência da natureza com todos os movimentos e influências dos astros, especialmente os mais próximos, a Lua e Sol. Compreendendo a sua dependência das estações do ano provocadas pelo Sol, adaptou-se às mudanças e aos ciclos, por uma questão de sobrevivência e bem-estar, ao mesmo tempo sentiu-se sempre maravilhado por todo o funcionamento do mundo à sua volta, respeitando e celebrando a vida, admirando os movimentos, saboreando as diferentes vidas da Terra, prevendo e planeando o seu futuro, adequando a sua existência e dos seus semelhantes aos momentos das estações do ano.

Ao longo de milénios, e principalmente nos últimos 200 anos, afastámo-nos muito desses momentos de entendimento com a mãe Terra e com a engrenagem cósmica, em vez de nos adaptarmos tentamos domar a natureza, pelos vistos sem grande sucesso, porque o sucesso civilizacional e tecnológico tem sido ilusório, os efeitos colaterais não são meramente colaterais, a nossa sede e ambição toldam-nos o discernimento, os resultados da nossa ingenuidade estão à vista, alterações climáticas, poluição, etc… Podemos ter toda a tecnologia e conforto adequada doutra forma, adaptando a nossa existência à natureza, sem destruição, sem abusos, com admiração e respeito, é só uma questão de vontade coletiva… como os nossos antepassados… que ergueram pedras com toneladas… trabalhando coletivamente… apenas porque queriam entender e assinalar, por exemplo… um solstício… o Sol parado.

Paulo Gil Cardoso/MS

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