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Dia da Senhora do Ó

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Créditos: DR

A quadra do Natal sempre viveu dentro de mim com uma intensidade que se mantém até aos dias de hoje; talvez por ter também nascido em dezembro, o mês do Deus menino, e, por coincidência, no dia em que se celebra a “Nossa Senhora do Ó”, devoção mariana de origem espanhola, atualmente conhecida com o nome de “Expetação do Parto de Nossa Senhora”. O culto mariano atribui à Virgem Maria variadíssimos nomes, todos eles ligados aos diferentes mistérios da sua vida como mãe de Jesus, de acordo com as diversas culturas e tradições do mundo, como é o caso deste.

A ligação imediata que fazemos da designação de “Senhora do Ó” é ao facto de o formato redondo da letra “O” poder ser comparado a uma barriga redonda de grávida que carrega uma criança no ventre. Embora seja esta a associação que normalmente fazemos,  o nome nasceu porque, na semana que antecedia o nascimento de Jesus Cristo, se cantavam as Antífonas, salmos alusivos à vinda do Senhor. Estas Antífonas começavam todas pela interjeição “Ó”, vocativa que indica chamamento ou invocação, o que fez com que ficassem conhecidas pela “Festa do Ó”. A imagem que as representa é a de Nossa Senhora com uma proeminente barriga em fim de gestação.

Ainda ligadas à maternidade, há outras representações iconográficas como “Nossa Senhora da Esperança”, “Nossa Senhora da Boa Nova”, “Nossa Senhora da Boa Hora”,  “Nossa Senhora do Bom Parto”, “Nossa Senhora da Latação”, posterior ao parto, a retratar o aleitamento do menino por sua mãe.

Minha mãe chamava-se Celeste, nome que, por si, a coloca no plano das criaturas divinas que habitam o firmamento. Se a quisesse comparar a alguma, não teria qualquer dúvida em escolher a “Senhora do Ó”, por tantas vezes a ter visto grávida e expetante dos filhos que gerou e criou com  a sabedoria e intuição que lhe eram naturais. De cada vez que a sua fisionomia denunciava mais uma gestação, eu pensava que, tal como Maria, ela havia respondido com a frase que Lucas registou nos Evangelhos: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”, tal era a forma submissa como, de bom grado, aceitava a vontade de Deus. Por coincidência ou não, foi também em dezembro que mais se manifestou o fruto da sua fertilidade, tendo dado à luz três filhas e um filho, um terço dos 12 que teve. Se um rosário é constituído por três terços (antes de, em 2002, o Papa João  Paulo II lhe ter acrescentado mais um conjunto de mistérios – os Luminosos), então poderei dizer que minha mãe teve um rosário de filhos. E porque continuo no domínio da linguagem e simbologia religiosas, acrescentarei ainda que também não escapou à Pietá, quando uma das filhas lhe morreu nos braços.

No dia 18 de dezembro, celebrou-se também o Dia das Migrações. Ainda no ventre da mãe, e para cumprir um decreto de César Augusto, que obrigava ao registo no lugar de origem, Jesus fez a sua primeira migração – viajou mais de 100 km, da Galileia até à cidade de Davi (hoje Belém), lar ancestral, a família a que José e esposa pertenciam.

Nunca estudei astrologia, nem acredito na influência dos astros no destino das nossas vidas. Em revistas que casualmente me chegam às mãos, leio horóscopos, apenas por mera curiosidade. No entanto, e tendo em conta o balanço de uma vida de andarilhagens, tenho de concluir que os astros se conjugaram para que eu tivesse nascido no dia das Migrações e da Senhora do Ó, pronta para no dia 25 me alegrar com os céus e a terra, e cantar com alegria o nascimento do deus menino, filho da Virgem Maria.

Aida Batista/SM

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