Canadá entre 20 países que se comprometem a deixar de financiar os combustíveis fósseis no estrangeiro
O Canadá, os EUA e 18 outros países comprometeram-se na cimeira climática COP26, na quinta-feira (4), a suspender o financiamento público de projetos de combustíveis fósseis no estrangeiro até ao final do próximo ano, e a orientar, em vez disso, as suas despesas para a energia limpa.
Os ativistas chamaram ao compromisso um passo “histórico” para fechar as torneiras de financiamento de projetos de combustíveis fósseis. Ainda assim o compromisso não inclui os principais países asiáticos que são responsáveis pela maior parte desse financiamento no estrangeiro. Ao cobrir todos os combustíveis fósseis, incluindo petróleo e óleo, o acordo vai mais longe do que uma promessa feita pelos países do G20 este ano de suspender o financiamento no estrangeiro apenas para o carvão.
Numa nota enviada à nossa redação, uma porta-voz do governo federal, Samantha Bayard, informou que o governo de Trudeau está comprometido em fazer mais pelas alterações climáticas e citou o presidente da COP26, Alok Sharma: “Paris prometeu. Glasgow tem de cumprir”. O Canadá vai ajudar a construir confiança e credibilidade na luta internacional contra as alterações climáticas na COP26”.
Em dezembro de 2020 o Canadá lançou um novo plano climático, que segundo a porta-voz de Otava, foi feito depois de consultar com províncias, territórios, organizações, indústria e público.
“Em Julho de 2021, o Governo do Canadá forneceu uma atualização sobre as suas ações tomadas para apoiar o crescimento limpo em todo o país com um novo documento intitulado Ações Climáticas para um Ambiente Saudável e uma Economia Saudável (Ações Climáticas). Esta atualização serve simultaneamente como uma afirmação de que o trabalho está em curso e como um apelo à ação para continuar a luta contra as alterações climáticas”, reforçou a porta-voz.
A lista completa de combustíveis fósseis que são responsáveis pela maioria das emissões do mundo é: carvão mineral, gás natural, petróleo e derivados, como óleo diesel e gasolina. Os 20 países que assinaram o compromisso incluem a Dinamarca, Itália, Finlândia, Costa Rica, Etiópia, Gâmbia, Nova Zelândia e Ilhas Marshall, mais cinco instituições de desenvolvimento, incluindo o Banco Europeu de Investimento e o Banco de Desenvolvimento da África Oriental.
Numa declaração conjunta o grupo compromete-se a “acabar com o novo apoio público direto ao setor internacional da energia fóssil sem atenuação até ao final de 2022”. A lista abrange projetos que queimam combustíveis fósseis sem utilizar tecnologia para capturar as emissões de dióxido de carbono.
Os países que assinaram o compromisso em conjunto investiram em média quase $18 mil milhões de dólares por ano em projetos internacionais de combustíveis fósseis entre 2016-2020. China, Japão e Coreia do Sul, que são as maiores apoiantes de projetos estrangeiros de combustíveis fósseis no G20, comprometerem-se apenas a suspender o financiamento do carvão no estrangeiro.
Ao reunir países doadores mais ricos com nações mais pobres que recebem apoio financeiro internacional, o acordo COP26 visa construir um consenso entre nações para deixar de apoiar projetos poluentes e, em vez disso, apoiar a energia limpa, tanto para reduzir as emissões como para evitar a construção de ativos irrecuperáveis.
Governos e instituições financeiras estão a enfrentar uma pressão crescente para deixar de financiar projetos de carvão, petróleo e óleo responsáveis pela produção das emissões de gases com efeito de estufa que estão a conduzir as alterações climáticas, tanto a nível interno como externo.
Os ativistas notaram que alguns países signatários – como o Canadá – ainda estão a gastar em combustíveis fósseis a nível interno e pressionaram os países em falta e os bancos de desenvolvimento a aderir.
Para a Agência Internacional de Energia, para acabar com os investimentos em projetos de fornecimento de petróleo, carvão ou óleo é necessário que o mundo alcance emissões globais líquidas zero até 2050, o que, segundo os cientistas, é crucial para evitar que a temperatura média global aumente mais de 1,5 C para além dos níveis pré-industriais.
Segundo o Bernstein Research, é necessário um enorme investimento em tecnologias verdes para conseguir evitar os impactos do aquecimento global. Os analistas estimam que seja preciso investir cerca de $2-4 triliões por ano até 2050.
Joana Leal/MS
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