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“Banco alimentar de Davenport registra aumento de 26% na ajuda a famílias com crianças” – Maria Rio

milenio stadium - food bank

 

Nos últimos meses os canadianos estão pagando mais por atividades cotidianas. Para abastecer o carro no posto de combustível é preciso desembolsar, bem mais, dinheiro. O preço do aluguel e da hipoteca também subiu e adquirir a casa própria parece agora uma realidade quase inalcançável para muitos devido à elevada taxa de juro. Garantir a comida na mesa, algo tão básico e necessário, também custa mais caro e a cada ida nos supermercados somos surpreendidos com a alta dos preços dos alimentos, inclusive os essenciais como ovos, leite, pão, vegetais frescos e carnes. Os especialistas são rápidos em apontar ela, a inflação, como a culpada, já que atingiu um índice histórico este mês, alcançando os 7,7% algo que não acontecia há 39 anos no país.

Viver está custando mais caro…e os canadianos estão sentindo os efeitos disso. Uma das situações que ilustra essa crise financeira enfrentada por muitos é o aumento exponencial em todo o país do número de pessoas que recorrem aos bancos alimentares para garantirem a alimentação diária. Dados recentes divulgados pelo Food Banks Canada mostram o quão difícil se tornou para alguns. Um em cada cinco canadianos relatou ter pulado alguma refeição ao longo do dia porque não pôde comprar comida e 23% relataram comer menos do que acham que deveriam.

Dados que comprovam que são milhares de pessoas empurradas, pela necessidade, às filas dessas organizações que não param de crescer e as pressionam para dar conta da demanda. Na cidade mais populosa do país, Toronto, e que é uma das mais caras para se viver, como apontam diferentes pesquisas, essa realidade é sentida na pele por muitos. Para tentar perceber um pouco da dificuldade que os Food Banks estão enfrentando, termos uma ideia de como os diferentes níveis de governo poderiam agir para amenizar o problema, e como a sociedade civil pode ajudar, estivemos à conversa com Maria Rio, Diretora de Desenvolvimento e Comunicações do “The Stop Community Food Centre”, uma organização de Davenport que funciona como banco alimentar e que distribui refeições prontas, além de também desenvolver outros programas comunitários.

milenio stadium - Maria-Header-BlogMilénio Stadium: Uma pesquisa recente apontou que cada vez mais canadianos relataram ter passado fome devido ao aumento do preço dos alimentos. O seu banco alimentar notou um aumento no número de pessoas que recorrem à ajuda da organização?
Mario Rio: Um em cada quatro moradores de Toronto sofre de insegurança alimentar. Em nossa comunidade, estamos vendo os efeitos da inflação aguda que atinge os preços dos alimentos e agrava a crise de acessibilidade da habitação. Os problemas que nossos clientes enfrentam são agravados pelos baixos salários, problemas de saúde mental, aumento do isolamento e taxas de assistência social profundamente inadequadas. Os moradores de Toronto continuam tendo que escolher entre pagar o aluguel, o transporte ou comprar comida. A saúde mental está em um nível de crise e o uso de bancos alimentares em toda a cidade é recorde. Vimos um aumento de 40% em novos registros (sendo que cada registro representa uma família de uma a nove pessoas) nos últimos dois anos e um aumento de 26% em famílias com crianças menores de 18 anos acessando nosso banco alimentar.

MS: Qual a idade média das pessoas que procuram ajuda no seu banco alimentar? A maioria são jovens ou idosos? Na maior parte são recém-chegados ao país ou canadianos?
MR: Os perfis dos usuários do banco de alimentos são muito diversos, mas temos visto um número maior de famílias a nos procurar em busca de ajuda. Muitas dessas famílias são de uma só pessoa, recém-chegados e imigrantes e muitos indivíduos estabelecidos que trabalham, mas simplesmente não conseguem sobreviver.

MS: Agora que os canadianos estão enfrentando um custo de vida mais alto, seu banco de alimentos notou um aumento ou diminuição no número de doações?
MR: Estamos fornecendo muito mais alimentos, por isso é difícil avaliar em comparação ao período pré-COVID-19, e de fato, não recebemos tantas doações de alimentos quanto precisamos para atender à demanda. A Stop fez todo o possível para acompanhar o aumento da demanda por nossos serviços, mas, como muitas organizações em Toronto, também tivemos que analisar com atenção o nosso orçamento. O custo para fazer uma única cesta no nosso banco de alimentos aumentou 20% em apenas um ano, de $ 44 para $ 53. Comparando os meses de janeiro a abril de 2021 com os de 2022, observamos um aumento de 21% em nossas despesas com alimentação.

MS: Na sua opinião, que tipo de medidas o governo canadiano deve tomar para diminuir a insegurança alimentar no país?
MR: Se você já se perguntou quem frequenta nosso banco de alimentos e outros serviços, posso dizer que a maioria de nossos clientes – 67% – está na assistência social: 52% deles recebem ODSP, o Programa de Apoio à Deficiência de Ontário. Isso se assemelha muito à realidade da maioria dos bancos alimentares a nível nacional. De acordo com um relatório de 2019 da Feed Ontario, 30% dos clientes de bancos alimentares estão no ODSP e 29% estão no Ontario Works (OW). Essa estatística permaneceu praticamente a mesma desde que essas organizações começaram a coletar esse tipo de dados. O governo precisa aumentar os benefícios de assistência social e os salários, trabalhar para tornar a moradia acessível e fornecer acesso a serviços de saúde bucal e mental gratuitos ou parcialmente cobertos pelo OHIP.

MS: Quais são os tipos de alimentos que a sua organização mais precisa?
MR: Precisamos de doações em dinheiro acima de tudo, mas estamos com poucos alimentos não-perecíveis básicos, como enlatados, feijão, arroz, pão etc. A carne também está incrivelmente cara, então qualquer carne fresca ou congelada pode fazer a diferença para muitas pessoas.

Lizandra Ongaratto/MS

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