Canadá

A corrida entre as vacinas e as variantes no Canadá

milenio stadium - canada - A corrida entre as vacinas e as variantes

 

Depois de um início de vacinação considerado lento, e que enfrentou atrasos no fornecimento de vacinas, o Canadá apresenta agora uma evolução considerada muito positiva por especialistas em saúde pública: mais de 63% da população total do país já está vacinada com pelo menos uma dose. A porcentagem da população totalmente imunizada contra a doença é de 9%. Em Ontário, mais de 70% dos adultos já receberam ao menos uma dose e o agendamento da segunda foi acelerado: durante esta semana moradores de 70 anos ou mais, bem como aqueles que receberam uma primeira dose de Pfizer ou Moderna antes ou no dia 18 de abril, puderam agendar a vacinação em uma clínica de imunização em massa através do sistema provincial ou de sua unidade de saúde pública – dependendo do local de residência. E partir da próxima segunda-feira (14 de junho), aqueles vacinados em ou antes de 9 de maio, e que residam nas áreas consideradas hot spots, onde a variante Delta é uma preocupação, como Halton, Peel, Porcupine, Toronto, Waterloo, Wellington-Dufferin-Guelph e York poderão agendar o recebimento das segundas doses Pfizer ou Moderna através do sistema provincial. Eles também serão elegíveis em farmácias e através de sistemas locais de agendamento de serviços de saúde pública.

A expectativa é de que a atualização divulgada pelo Comitê Nacional de Imunização (NACI), no início do mês, que assegurou a aprovação oficial da combinação de vacinas COVID-19, acelere o processo de imunização. De maneira simples essa “combinação” de vacinas significa que:

  • aquelas pessoas que receberam uma primeira dose da vacina AstraZeneca podem receber uma segunda da mesma vacina ou de uma que utilize a tecnologia, no caso Pfizer ou Moderna, quando forem elegíveis e com um intervalo de pelo menos 12 semanas;
  • já para os canadenses que receberam uma primeira dose de Moderna ou Pfizer, o NACI disse que qualquer uma das duas marcas pode ser administrada como uma segunda dose – porque ambas as vacinas usam uma tecnologia de semelhante. Para esse grupo, no entanto, não é recomendada a segunda dose da AstraZeneca.

A Dra.Teresa Tam, diretora de saúde pública do Canadá, explicou que essa decisão foi baseada em uma série de fatores – desde questões de segurança até o fornecimento de vacinas. “A partir dessa recomendação as províncias e territórios têm opções eficazes para administrar seus programas de vacinas”, acrescentou ela. Os primeiros dados de estudos na Europa, em países como Espanha, Reino Unido e Alemanha, sugerem que a combinação de vacinas COVID-19 é segura e eficaz. A aprovação do NACI veio depois que algumas províncias já estavam adotando essa prática, por problemas de fornecimento da vacina AstraZeneca e em especial devido aos casos, raros, porém mais frequentes e que podem ser fatais, de pessoas que apresentaram formação de coágulos sanguíneos, denominados tromboses, depois de vacinadas com o imunizante dessa farmacêutica, o que também foi citado pela NACI como uma das razões para mudança da recomendação. A Agência de Saúde Pública do Canadá agora estima que a taxa de tromboses em canadenses que receberam a vacina AstraZeneca está entre 1 em 83.000 e 1 em 55.000, com uma taxa de mortalidade entre 20 e 50%, o que pode mudar à medida mais dados sejam computados.

Segundo as autoridades de saúde intercalar vacinas “não é nada novo” e esse mesmo princípio já foi aplicado a diferentes tipos de vacinas no passado – incluindo contra gripe, hepatite A malária, tuberculose, entre outras. “Este não é um conceito novo, então ter uma série de doses múltiplas em termos de vacinas administradas pelos fabricantes é algo que a saúde pública tem usado ao longo do tempo para muitas outras vacinas”, disse Tam. “Quando os programas de vacinas e suprimentos mudam, isso não é uma coisa incomum de se fazer.” Um estudo feito na Espanha revelou que a combinação de vacinas impulsionava a produção de anticorpos.
A imunologista e professora da Universidade de Toronto, Tania Watts, em depoimento para os media canadenses disse que a atualização da regra foi “uma ótima notícia”, tornando mais fácil garantir a chegada da segunda dose aos braços das pessoas.

Apesar dos atuais números encorajadores e da expectativa de novas remessas de vacinas chegarem ao país neste mês, e promessas de que poderemos acelerar a vacinação e ter um verão mais “normal”, as variantes da Covid-19 seguem sendo um fator de preocupação entre as autoridades de saúde pública.

Num primeiro momento essas variantes receberam nomes ligados ao país na qual tinham sido identificadas pela primeira vez e para simplificar, e evitar estigmas, a Organização Mundial da Saúde resolveu renomeá-las. Com isso, as quatro variantes mais preocupantes, conhecidas do público como do Reino Unido/Kent (B.1.1.7), África do Sul (B.1.351), Brasil (P.1) e Índia (B.1.617.2) agora são chamadas Alfa, Beta, Gama e Delta, respectivamente, para refletir sua ordem de detecção, com quaisquer novas variantes seguindo o padrão do alfabeto grego.
Todas essas já foram identificadas no Canadá, sendo a Alfa a com mais número de casos confirmados e a Delta, a que mais preocupa as autoridades na atualidade. Em conferência de imprensa, a Dra. Barbara Yaffe, diretora médica associada de saúde de Ontário disse: “Acho que é correto dizer que essa variante Delta se tornará a predominante na província, assim como aconteceu em outros locais, particularmente no Reino Unido”. Segunda ela, essa variante foi encontrada em “praticamente” todas as unidades de saúde pública e em alguns lares de idosos onde todos os residentes foram vacinados. “Se você for vacinado, principalmente se tiver recebido duas doses, estará bem protegido da variante Delta. Se formos vacinados e usarmos uma boa prevenção e controle de infecções, seremos capazes de reduzir a disseminação do vírus”, afirmou.

Dr. Isaac Bogoch, que faz parte da mesa científica que aconselha o governo de Ontário, afirmou que a variante Delta é uma ameaça: “Estou levando isso muito a sério, é uma variante de preocupação por um motivo. É claramente mais transmissível”. Apesar dessa clara preocupação ele não perdeu a esperança de que com o atual o ritmo de vacinação na província e a proteção que as injeções fornecem será possível evitar um potencial desastre – mesmo com pesquisas já terem mostrado que uma dose das vacinas Pfizer-BioNTech ou AstraZeneca são apenas cerca de 30% eficazes contra essa variante específica. Novos dados da Public Health England também mostram que duas doses são mais eficazes do que uma contra a B.1.617(Delta) e que essa variante não apenas é mais transmissível, mas também parece causar doenças mais significativas. “Tudo isso me diz que precisamos realmente trabalhar para que as segundas doses sejam aplicadas mais rapidamente, especialmente entre as populações vulneráveis”, reforçou o Dr. Bogoch. “Mas se esta é uma corrida entre as variantes e a vacina – a vacina vai ganhar esta rodada no Canadá”. É isso o que a população também espera.

Lizandra Ongaratto/MS

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