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Pastor da Paróquia de Cristo Rei de Mississauga pede aos fiéis para manterem a esperança nesta Páscoa

 

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A Paróquia de Cristo Rei celebrou este ano 27 anos e desde a sua criação que serve a comunidade portuguesa católica que reside em Mississauga. O Frei Carlos Macatangga é o atual Pastor desta igreja que está ao seu serviço desde 2010. Natural das Filipinas, Carlos estudou na Faculdade de Letras em Lisboa onde aprendeu a falar português. Doze anos depois do início desta caminhada, ele apela aos fiéis mais velhos para continuarem a “partilhar a sua sabedoria coletiva com a nossa geração mais jovem”, para que deixem uma comunidade “mais sábia, generosa, acolhedora e devota”.

A igreja foi construída por imigrantes portugueses que se fixaram em Mississauga e durante muito tempo serviu sobretudo esta comunidade, mas nos últimos anos o grupo de fiéis é cada vez mais multicultural e composto por indianos, filipinos, chineses, nigerianos e latino-americanos.

Abaixo publicamos uma entrevista com o Pastor Carlos Macatangga que recorda o legado do Monsenhor Eduardo Resendes na criação da paróquia de Cristo Rei e que nesta Páscoa pede aos católicos para manterem a chama da esperança acesa. Macatangga destacou o recente pedido de desculpa do Papa Francisco aos povos indígenas do Canadá, que acredita ser “o melhor ponto de partida para seguir em frente”, e sobre a invasão da Rússia à Ucrânia afirma que “não há vencedores em guerras, apenas vítimas”.

DR-Frei Carlos Macatangga - milenio stadiumMilénio Stadium: Quando é que percebeu que queria ser padre e como tem sido este percurso até agora?
Pastor Carlos Macatangga: Eu sempre quis ser advogado, sobretudo quando estava na escola secundária. Tudo mudou quando fui para a faculdade nas Filipinas e conheci os frades dominicanos. Apaixonei-me pela vida religiosa e desenvolvi uma grande devoção a Nossa Senhora do Santíssimo Rosário: Nossa Senhora de La Naval.
Embora Deus tenha um plano diferente para mim e me tenha chamado para ser um Missionário, sinto como se ainda estivesse a viver o meu sonho de ser advogado. Sinto-me apaixonado quando se trata de questões de discriminação racial, bullying, divulgação de notícias falsas e violência. A minha devoção à nossa Mãe Santíssima continua a ajudar-me a estar ciente da sua presença materna na minha vida, não importa o lugar onde eu esteja.

MS: Qual é a sua mensagem de Páscoa para a comunidade portuguesa cristã que reside aqui?
Pastor CM: A mensagem de Páscoa é ESPERANÇA. Há esperança para nós agora que Jesus ofereceu o sacrifício final por todos nós. Pela Páscoa há a esperança de que um dia veremos Deus face a face. À medida que continuamos a experimentar os efeitos desta pandemia, há a ESPERANÇA de que um dia estaremos num lugar melhor. Nós apenas temos que olhar para o início dessa pandemia horrível e compará-lo com a situação em que estamos agora e sabemos que tudo só pode ser melhor com a ajuda de Deus. Há esperança para nós. Enquanto continuamos a orar pela paz na Ucrânia e nas outras partes do mundo, há ESPERANÇA de que um dia o Príncipe da Paz também reine nos corações de todas as pessoas. Há ESPERANÇA enquanto vivermos e acreditarmos.

MS: Este ano ficou marcado pela tragédia na Ucrânia que gerou uma crise de refugiados e que segundo o FMI pode provocar uma crise alimentar mundial. O Papa Francisco tem tentado apelar à paz, mas até agora sem sucesso. Como é que podemos continuar a manter a esperança no fim deste conflito e de que forma é que podemos contribuir para ajudar?
Pastor CM: Como Povo da Páscoa, não podemos desistir de fazer o que é certo, que é continuar a rezar pela paz e pelo fim da violência. Não podemos deixar de desafiar e lembrar uns aos outros que não há vencedores em guerras, apenas vítimas. Precisamos plantar a semente da paz nos nossos jovens que também são afetados por esta guerra e crise humanitária. De forma muito concreta, participamos ativamente do apelo da Arquidiocese de Toronto para angariar fundos para ajuda humanitária para ajudar os nossos irmãos e irmãs que sofrem na Ucrânia. Angariamos quase $20.000 para eles. Nossa oração não é apenas pelo fim desta guerra e violência, mas também para que um dia os nossos irmãos e irmãs deslocados voltem para casa numa nova Ucrânia e continuem a desfrutar e celebrar a sua liberdade.

MS: Recentemente uma delegação das comunidades indígenas canadianas visitou o Vaticano e o Papa Francisco pediu perdão aos povos indígenas pelo papel da igreja católica na administração das escolas residenciais no Canadá. Acha que este pode ser o ponto de partida para a tão aguardada verdade e reconciliação que é há muito reivindicada pelos nossos povos indígenas?
Pastor CM: Sim, este humilde ato de profunda tristeza e pedido de desculpas do Papa Francisco é o melhor ponto de partida para seguir em frente. Reconhecer e pedir perdão pelo que aconteceu no passado é parte do que é justiça e verdade. Não pode haver verdadeira reconciliação sem justiça e verdade. Eu sempre acredito que a história é um dos melhores professores para nós, mas apenas se aprendermos a sua lição. Caso contrário, repetiremos os mesmos erros cometidos no passado, se ignorarmos as histórias dos nossos irmãos e irmãs indígenas que sofreram injustiças e abusos.

MS: A Paróquia de Cristo Rei em Mississauga celebrou este ano 27 anos. Como tem sido este percurso em que a comunidade local se tem transformado tanto e quais são as vossas expectativas para o futuro?
Pastor CM: Embora seja verdade que muita coisa mudou nos últimos 27 anos, há uma coisa que permanece no coração de todos os nossos paroquianos e amigos portugueses: a GRATIDÃO. Um sentimento de profunda gratidão por construir não apenas uma, mas duas igrejas em Mississauga para a comunidade portuguesa: Ss. Salvador do Mundo e Cristo Rei. O Monsenhor Eduardo Resendes que liderou a construção destas duas igrejas destacou a importância da Gratidão e da Memória. Na verdade, nunca devemos deixar de ser gratos. Embora seja verdade que a maioria dos portugueses que assistem às nossas missas portuguesas são idosos, ainda temos um bom número de famílias portuguesas mais jovens que assistem às nossas missas em língua inglesa. A maioria dos nossos funerais agora são bilingues, a maioria dos nossos batismos e casamentos também são celebrados em inglês. Esta é a realidade à qual temos que responder. Diante dessa mudança, apelo aos nossos paroquianos portugueses ativos nas nossas paróquias para continuarem a celebrar a sua fé e a partilhar a sua sabedoria coletiva com a nossa geração mais jovem. Este será o melhor legado que deixarão: Um lugar de culto (Cristo Rei) e uma comunidade mais sábia, generosa, acolhedora e devota (graças ao seu exemplo de abrir este lugar a pessoas de diferentes culturas e línguas).

MS: Qual é o vosso programa de Páscoa e que parte do programa vai ser em língua portuguesa?
Pastor CM: Temos um programa completo para a Quaresma e o Tríduo Pascal. No passado dia 9 de abril tivemos o nosso Retiro Quaresmal onde falei sobre o Sínodo e as suas implicações na nossa paróquia e nas nossas famílias. Quinta-feira Santa (14) teremos as nossas Celebrações em português e em inglês. A Igreja vai estar aberta até às 12h00 para a adoração privada no altar do repouso. Na Sexta-feira Santa (15), daremos as boas-vindas ao nosso grupo de Romeiros que vai iniciar as suas Romarias em Ss. Salvador do Mundo e concluir as suas orações no Cristo Rei. Em seguida, temos as nossas Celebrações de Sexta-feira Santa em inglês e em português. Às 20h00 teremos as Estações da Cruz ao vivo onde os jovens da paróquia vão dramatizar os últimos momentos de Jesus. Em seguida, às 22h00 faremos a nossa procissão de velas fora da Igreja.

Joana Leal/MS

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