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Lisbon Bakery

O Sr. Francisco da Silva, conhecido por Chico Padeiro, nasceu em Sarrazola, em Aveiro, e a sua esposa Maria Rosa, em Cacia, também no mesmo distrito. Entretanto foram viver para Lisboa e lá o Sr. Francisco trabalhou numa padaria. Por isso, quando cá chegou, aplicou os conhecimentos adquiridos e abriu a Padaria Lisboa (Lisbon Bakery), na Augusta Avenue. Paul DaSilva, filho deste casal pioneiro e empreendedor, partilha connosco as suas recordações.

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Créditos: DR

Quando surgiu a Padaria Lisboa (Lisbon Bakery)?

A padaria nasceu antes de mim. Eu nasci em 1964 e a padaria já existia. Os meus pais abriram portas no final dos anos 50. O meu pai, conhecido por Chico Padeiro, veio no barco que chegou em 1953 – ele veio com o pai do Charles Sousa.

Muitos portugueses imigraram depois dele e quando vinham, tinham emprego ali. Tanto na padaria dos meus pais, quanto no negócio de importações do pai do Charles Sousa, por exemplo. Acho que isso fazia destes locais especiais: dar emprego aos nossos.

Como era o ambiente na padaria? Que memórias tem?

Eu e a minha mãe fazíamos pasteis de nata todos os sábados de manhã. Tenho essa memoria bem presente. O meu pai fazia a massa, que é essencial para que o pastel de nata seja bom, enquanto eu e a minha mãe fazíamos o recheio. As minhas irmãs tomavam conta o balcão. Tenho saudades desse ambiente familiar. Todos os domingos, depois da missa, lembro-me de ver gente atrás de gente a querer entrar na padaria para fazer a sua encomenda. Muita gente se encontrava ali também para conversar. A rua Augusta nessa altura era praticamente dos portugueses – ouvia-se português em todos os cantos. Eu ficava muito surpreendido quando alguém entrava na padaria e falava inglês, porque era realmente muito raro isso acontecer.

O meu pai naquela altura já fazia entregas, muito antes destas modas dos “delivery”. Eu ia com o meu pai distribuir as encomendas, ele parava o carro e eu ia às portas deixar o saco, enquanto ele apontava no caderno tudo direitinho. O meu pai aceitava crédito antes de existirem cartões de crédito (risos). Os meus pais conheciam os clientes pelo nome, sabiam o que eles gostavam e o que queriam…

Que saudades deixam esses tempos?

Era uma época diferente, bem mais simples. Havia uma sensação de comunidade única, uma paixão e orgulho pelo que se fazia. Tenho saudades dessa sensação de comunidade tão unida.

Em 1977 eles venderam a padaria. Foram para os Estados Unidos poucos anos e depois resolveram voltar e abrir um negócio pequeno. Hoje em dia tenho pena de não ter continuado com a padaria deles. Acho que era algo que eles queriam: que eu desse continuidade…

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Mas eu quando era novo via o meu pai sair de casa para trabalhar às 9pm até às 9am, e não era algo que me deixasse entusiasmado (risos). No entanto, eu sinto que agora, aos 57 anos, me tornei no meu pai. Tudo o que ele fazia que me deixava doido, eu agora sou igual. Vou a uma padaria e analiso tudo: o pão, as natas, etc. Sou exatamente como ele.

Catarina Balça/MS

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