Temas de Capa

A evolução dos Agentes Desportivos

Esta semana, o conselho editorial do Milénio decidiu investigar o mundo fascinante dos atletas – será que o que os move é o amor à camisola ou simplesmente a ganância financeira?

Quando éramos crianças, todos nós tínhamos a tendência para “sonhar” sermos a réplica dos nossos ícones e queríamos ser grandes estrelas de futebol, cantores ou estrelas de cinema. A realidade é que são poucos os afortunados que tornam esse “sonho” em realidade. Os poucos que o conseguem, especialmente atletas, fazem-no com dedicação, determinação, trabalho árduo e sim, por vezes, um pouco de “sorte”… Quero partilhar a minha experiência no campo dos atletas e do papel fundamental que os agentes que os representam têm na “assistência ao sonho” e na “fixação do acréscimo financeiro”.

Houve um tempo em que a comunidade portuguesa de Toronto tinha uma ‘liga de futebol luso-canadiana’ muito competitiva, que nos anos 70 jogava no Niagara Park, a sul da Queen, nos anos 80 no Brockton Stadium, atrás do Dufferin Mall e eventualmente no Lamport Stadium e depois na área da Liberty Village, antes de desaparecer nos anos 90. Luso, como era abreviada, era o catalisador de muitos sonhos que se tornaram realidade. Uma dessas histórias incríveis pertence ao jovem Latapy, jogador do Trinidad, que um dia apareceu nos treinos do Peniche, no campo Central Commerce, na Saw Street, e perguntou se podia fazer as provas para entrar na equipa. Naquilo que pareceu uma enxurrada de tempo, já estava ele no estádio das Antes, numa semifinal crucial da UEFA CUP, a marcar um penálti para o Porto que os levaria à final. A sorte não estava do seu lado naquele dia: ele falhou e com isso perdeu a fortuna substancial que estava à sua espera. Eram vários os “Grandes Clubes” na Europa que queriam assinar com ele por uma quantia significativa de dinheiro. Como é que um jovem jogador do Trinidad chega a um lugar destes por simplesmente perguntar ao treinador do Peniche, uma equipa local de Toronto, se poderia treinar com eles? Nessa altura, existia um jovem ansioso e agressivo, Tozé Francisco que era fascinado pelo mundo do futebol e por se tornar agente desportivo. Assim que o Tozé deitou o olho ao Latapy ambas as suas vidas mudaram para sempre. Ele era persistente, focado e determinado. O Tozé, com Lapaty e eventualmente com Dwight Yorke que hoje é uma figura icónica da história do Manchester United, foi durante um curto período de tempo uma presença dominante como agente desportivo em Portugal. Latapy teve uma boa carreira, jogou em várias equipas por toda a Europa, incluindo na Escócia, e tinha uma posição de elevado perfil com as equipas nacionais, Trinidad e Tobago. Graças ao Tozé, Latapy viu o seu sonho tornar-se realidade…

No início dos anos 90, na Labatt, trabalhei juntamente com um dinamarquês, Jens Beck, que tinha vindo para o Canadá para representar a Carlsberg. O Jens e a sua família eram seguidores leais do jogo de golf. No final dos anos 90, com persistência e determinação, Jens lançou o Pro Sports Management Group na área de Scottsdale Arizona. A Pro Sports já representou jogadores como Bubba Watson, que venceu o The Masters e representou os Estados Unidos na Ryder Cup. A abordagem da Pro Sports a este negócio foi refrescante. Eles não retiram os ganhos dos atletas – ao invés, retiram uma percentagem do rendimento de marketing. A Pro Sports apostou nesta abordagem refrescante e tornou-se uma das agências líderes não apenas no Pro Golf mas também nas Ligas Nacionais de Futebol, Nascar Auto Racing e, recentemente, na Liga de Futebol Principal. Jens Beck, através de um foco coordenado de networking, do estabelecimento de relações fortes e de estratégias de marketing, protegeu das quedas financeiras não apenas os clientes, os jogadores, como também lhes alterou o estilo de vida e, consequentemente, as suas famílias…

Estes dois exemplos, muito diferentes, identificam o “jogo dos agentes desportivos e dos seus atletas”. Sim à distância pode parecer um “estilo de vida privilegiado”, mas na realidade vem com sacrifício, compromisso, determinação e sim, sorte…

José M. Eustáquio

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