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Oceanos salvá-los ou explorá-los?

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Na sequência da 2ª Conferência dos Oceanos promovida pelas Nações Unidas, com o apoio dos Governos de Portugal e do Quénia, que decorreu em Lisboa, de 27 de junho a 1 de julho de 2022, assalta-me uma questão: Afinal quantos querem salvar os oceanos e quantos querem explorá-los?

“Urgência nos Oceanos”, subtítulo emblemático, referido logo no primeiro parágrafo da intervenção de abertura dos trabalhos da conferência, pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, tentando colocar o foco no sítio correto, porém, em muitas das mais de 500 reuniões paralelas à conferência, o que se discutiu foram formas de obter lucros a partir dos recursos que os mares poderão gerar.

Alguns números:

70% do planeta é coberto pelos oceanos, 50% do oxigénio necessário à atual vida na Terra tem origem nos mares, a retenção de carbono no meio marinho é colossal (ainda sem valores conhecidos precisos). Pescamos anualmente mais de 80 milhões de toneladas de peixe, produzimos em aquacultura, em meio marinho, mais de 30 milhões de toneladas de peixe, em final de 2020 existiam mais de 5 milhões de embarcações de pesca e mais de 62 mil grandes navios de transporte de mercadorias.

O manancial de recursos em ambiente marinho ainda por explorar é incalculável, passando por minérios nos fundos, animais e plantas passíveis de serem alimentos, substâncias com potencial de exploração farmacêutica, cosmética, alimentar, ou outros, o filão económico ainda mal começou a ser explorado…

Enquanto alguns humanos tentam despertar consciências para a destruição que está a acontecer, outros espreitam à esquina, aguçando dentes e unhas, salivando já com a ideia de riqueza. Até mesmo os investimentos para proteção dos oceanos, avançados na conferência, ainda em negociações, parte dos quais serão anunciados na próxima COP, deixam os oportunistas na ânsia de negócios lucrativos, que para esses indivíduos não terão nada a ver com salvar os oceanos, terão apenas a ver com lucros.

As boas intensões e preocupações sobre a saúde dos oceanos e da Terra são ameaçadas constantemente por oportunistas, ainda para mais nesta fase histórica de escassez de recursos energéticos e alimentares, muitos vislumbram tábuas de salvação nos recursos que os oceanos poderão fornecer.

Pareceu-me de mau tom a questão de posse e controlo territorial posta em cima da mesa pelo próprio anfitrião. A ideia de que Portugal poderá ser grande ou maior por ter mais território marítimo é uma quimera, além de apenas continuar a contribuir para a manutenção deste estágio evolutivo e tão ainda primitivo, em que a noção de partilha parece cada vez mais longe. Apesar do enquadramento histórico, geográfico, económico e de atualidade relativamente a questões geoestratégicas e cenário político-financeiro mundial, o caminho a seguir pela humanidade não deverá ser o de reclamar a posse, por alguns, de determinados territórios ou zonas geográficas. A grande regressão civilizacional está exatamente a acontecer nesta área. As guerras e conflitos que temos presentemente por todo o planeta só têm a ver com um único assunto: A POSSE.

Como incansavelmente eu e muitos afirmamos e relembramos, as fronteiras só existem nas mentes dos Homens. A poluição, as alterações climáticas, a degradação dos ecossistemas marinhos e terrestres, não têm fronteiras.
Para salvar os oceanos será necessário primeiro acabar com as ganâncias e salvar a sapiência.

Paulo Gil Cardoso/MS

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