Vítor M. Silva

Começa Agora

 

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No passado domingo (10), Portugal foi a votos. O país tem sempre aquilo que merece. Podemos ficar mais ou menos tristes com a decisão, mas o direito ao voto foi uma das conquistas de Abril. Temos que saber refletir e aceitar a vontade popular. Num primeiro impulso importa dizer que não acredito que o meu país tenha um milhão de racistas, xenófobos e neo-nazis. Não tem. Quem toma decisões tem que saber ler os resultados.

A direita ganhou as eleições, embora o Partido Socialista, à hora que escrevo este artigo, seja o grupo parlamentar com maior número de deputados. Para quem não está dentro do assunto, com o final do ato eleitoral as coligações desfazem-se sendo os grupos parlamentares constituídos só por partidos. Assim temos o regresso do CDS-PP ao parlamento nacional. É clara também a derrota do Sr. Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que lançou o país numa aparente confusão (vamos ver). Mas “a bola está claramente do lado da direita. O PSD, o CDS-PP, o Chega e a Iniciativa Liberal vão ter que tentar entre si formar governo, seja este de âmbito parlamentar ou governamental. Não ponho de lado a hipótese de uma figura, não eleita ser o rosto pretendido pelo Chega como imposição, aqui entra na corrida a primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Seria, na minha opinião, nefasto para o país, mas como disse atrás será um problema que a direita terá de resolver.
Independentemente dos resultados, a melhor intervenção da noite eleitoral coube a Pedro Nuno Santos. Com a consciência clara de que muito tem a mudar, até dentro do próprio Partido Socialista, o PS tem que ser o abrigo para quem se sente abandonado, tem que ser o porto seguro dos portugueses. Para os mais jovens o 25 de abril é algo distante quase como as conquistas de Afonso Henriques. O Partido Socialista deve mostrar aos jovens que é solução ou melhor que é a solução, clarificando aos que estão mais à esquerda, que faz parte do próprio partido a luta contra as alterações climáticas, a neutralidade carbónica cumprindo agenda de Paris (isto só para dar um exemplo).

O PS não ganhou as eleições, mas ganhou um líder com grande cultura democrática, muito inteligente, agregador e mobilizador. Um líder que o país precisa, e que vai ter, no momento certo, não me restam dúvidas. O Partido Socialista sai forte também para as eleições ao Parlamento Europeu onde António Costa será certamente o cabeça de lista, não me parece que restem dúvidas. Estas eleições também mostraram que a Justiça tem que ser um denominador comum de todos os partidos e que a melhoria e credibilização desta tem que ser feita, imediatamente, com o envolvimento positivo de todos os grupos parlamentares. O Partido Socialista viabilizará um governo PSD sem Chega. O Partido socialista é a oposição que o país precisa neste momento. Começa agora.

“O PS não ganhou as eleições, O PS vai liderar a oposição e nunca deixará a liderança da oposição para o Chega ou para André Ventura.” – Pedro Nuno Santos

Vítor M. Silva/MS

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