Vítor M. Silva

“Operação Influencer” ou “Operação Blindness”?

 

O grande “assunto” do momento, e como todos estávamos à espera, é o não envolvimento no que quer que fosse do ex-primeiro-ministro António Costa, ditando a sua já anunciada inocência total (“Operação Influencer”). Mas quem influenciou quem? Como é possível a sede de derrubar um governo com maioria absoluta ser liderado pela Procuradoria-Geral da República, acolitada com solene traje branco pelo Senhor Presidente da República?

Mas o que é um influenciador? Um influenciador é alguém que tem o poder de afetar as decisões de compra de outras pessoas devido à sua autoridade, conhecimento, posição ou relacionamento com seu público. Mas o que é uma cegueira? A cegueira é um comprometimento que vai desde a total ausência de resíduo visual à perceção de vultos e luminosidade. Sim, algumas pessoas cegas não conseguem realmente captar nenhum estímulo visual, mas há outras (as que apresentam alguma perceção) que são capazes de enxergar algumas coisas.
Toda esta artimanha caiu por terra no mês de abril, não podia a justiça que é representada de olhos fechados escolher melhor mês para os abrir. Mas já vem tarde pois deixa para trás a suspeita sobre a dignidade de um primeiro-ministro que não merecia todas estas calúnias. E afinal agora percebemos que começou e acabou sem que António Costa tenha sido, pelo menos, ouvido nessa suposta investigação. A senhora Procuradora demitiu um governo que tinha maioria absoluta e, agora, quando se conclui o que já era óbvio, como é possível esta não se demitir, mais que não fosse por vergonha? Mas agora o mal está feito, o objetivo conquistado. Como pode o Presidente da República não reconhecer que foi incompetente em ter aceitado a demissão de António Costa tão prontamente?

As explicações da PGR sobre o envolvimento de Costa na “Operação Influencer” foram insuficientes. É agora ainda mais necessário que esclareça o quadro da investigação, o seu âmbito e duração. O tal célebre “parágrafo” foi inaceitável. Quem beneficiou com isto tudo? Muita coisa tem de mudar, ou há indícios de crime e se acusa ou não há e arquiva-se. Não se pode, nem se deve, continuar a permitir que se inscreva o nome de um primeiro-ministro como “suspeito”, sem mais, porque “alguém disse que”.

Preocupante é o número de governantes agora nomeados com problemas judiciais, preocupante é a bancada do Chega que mais parece um banco de réus, tais são os casos de justiça que abundam naquela ala mais à direita do parlamento de Portugal. O que relato são factos e não me conformo que Marcelo Rebelo de Sousa tenha aceitado a demissão de António Costa depois de se reunir com a PGR, e depois dissolveu a Assembleia da República porque meteu na cabeça que sem António Costa uma maioria absoluta não tinha legitimidade para continuar e a extrema-direita cavalgou um “caso” que alimenta a falsa ideia de que somos todos criminosos.
Hilariante foi Quim Barreiros, que participou no comício do partido liderado por André Ventura, referir que a atuação não significava uma tomada de posição política. “Eu sou um profissional, preciso é que me paguem, tendo este dinheiro que recebi sido doado automaticamente para a Associação dos Invisuais de Braga”. O cantor mostrou-se ainda sensibilizado com a causa: “Eles precisam, os ceguinhos mexem comigo”. Muito bem Quim Barreiros estamos mesmo a falar de ceguinhos – não é Dra. Lucília Gago? Não é Prof. Marcelo Rebelo de Sousa?

“A pior cegueira é a mental, que faz que com que não reconheçamos o que temos pela frente.” José Saramago

Vítor M. Silva/MS

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