Vítor M. Silva

A boa re(v)solução espanhola

 

Muitos analistas políticos reprovam as negociações entre Charles Puigdemont e Pedro Sanchez. No entanto, esta resolução não só é boa para a unidade do reino de Espanha, pois a Catalunha é muito importante e não se pode perder, como para a governação do país que precisa muito mais das políticas de Sanchez do que aquelas que Alberto Nunez Feijóo poderia pôr em prática. Este acordo, agora conhecido, entre o PSOE e a esquerda republicana da Catalunha, foi um sucesso.

A aprovação de uma lei de amnistia e a realização de um referendo foram as exigências do JxCat (Juntos pela Catalunha) para apoiar Sánchez na sua tomada de posse. Charles Puigdemont convocou os líderes do JxCat para uma reunião no sul de França e informou estes do sucesso das negociações para a investidura de Pedro Sánchez. Relembro que Puigdemont, foragido da justiça espanhola desde 2017, convocou a reunião com a máxima confidencialidade calculando a repercussão que esta teria nos media.

Para quem está mais distraído lembro que, embora Charles não ocupe nenhum cargo no JxCat, é quem tudo decide e planeia, sendo que é pessoalmente o responsável pela estratégia do Partido. Desde as eleições, as semanas que passaram, deram tempo ao PSOE e aos seus aliados para explorarem as suas diferenças e tentarem ultrapassá-las, também permitiram a Sánchez avaliar a reação da opinião pública à hipótese de uma maioria governamental apoiada por Puigdemont. E o que se conclui é que esta solução é estável e muito mais viável do que muitos prognosticaram em julho, a expectativa de um entendimento entre a esquerda e os independentistas quase não perturba o apoio eleitoral.

Feijóo prefere eleições a um governo Sánchez: “Naturalmente!”.

O presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, deixa claro, sempre que tem os holofotes, que tem a clara intenção de provocar eleições, em vez de um governo presidido por Pedro Sánchez. Quer mesmo perguntar aos cidadãos se concordam com a amnistia e o referendo. Mas, mesmo assim, Pedro Sánchez para ser reconduzido no cargo de primeiro-ministro precisa do voto dos deputados de mais três partidos nacionalistas e independentistas da Galiza e do País Basco (Bloco Nacionalista Galego, Partido Nacionalista Basco e EH Bildu). Faltam 25 dias, pois se até dia 27 de novembro não existir uma investidura de um primeiro-ministro em Espanha as eleições terão que ser repetidas.

Reafirmo que para o fortalecimento da própria Espanha com a Catalunha e da boa coexistência entre espanhóis a solução apresentada pelo PSOE é aquela que me parece mais credível.

Sánchez deixa uma mensagem clara ao afirmar que devemos fazer da necessidade uma virtude. É a única forma possível de haver um governo em Espanha e de não haver repetição eleitoral. Por vezes na política são necessários pactos que à primeira vista não parecem ter sentido, mas no futuro os espanhóis perceberão que este foi o percurso que os levou a prosperar e que os levou pelos corretos caminhos da estabilidade que um país com tantas regiões autónomas reivindica.

“Só é vencido, quem desiste de lutar” – Salgado Zenha

Vítor M. Silva/MS

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