Luís Barreira

Estamos tristes!

À hora a que vos escrevo, após a derrota da selecção portuguesa de futebol, face à sua congénere alemã no Euro 2021 e antes do desafio com a França, possuo a empatia suficiente para considerar que, neste momento, todos os portugueses se sentem profundamente desanimados pelo resultado deste jogo. E digo todos porque, mesmo aqueles que não nutrem grande simpatia pelo futebol, mas que sentem nesta competição o orgulho de serem portugueses, viram defraudadas algumas expetativas sobre a repetição de 2016 no resultado final desta prova desportiva.

Estamos tristes-portugal-mileniostadium
Crédito: DR.

Não se tratou de nenhuma injustiça ou consequência de qualquer azar, porque a seleção alemã jogou bem e jogou melhor! A nossa defesa esteve mal e o nosso treinador pior, pese embora a simpatia que nutrimos por ele e o agradecimento que todos lhe devemos pelo notável resultado que obteve na competição anterior, mas desta vez e face ao grupo de excelentes seleções onde estamos inseridos, a sua estratégia e nomeadamente a sua tática neste jogo, não foi a mais indicada. Assistimos a uma repetição de golos alemães que não deixavam margem para dúvidas sobre os nossos pontos fracos, quer na defesa ou no nosso meio-campo e aguardámos até ao fim que a “sorte” nos bafejasse e ela, considerando uma atitude final mais ativa dos nossos jogadores, não veio ou chegou muito tarde!

Bem sei que sou apenas mais um “treinador de bancada”, como milhares de outros portugueses que assistiram ao jogo, mas os defeitos da nossa equipa foram notórios logo de princípio, face à desenvoltura do ataque adversário. Jogámos para o contra-ataque sem ter em conta a excelência e o ânimo dos atacantes alemães em vencer esta prova, dando-lhes enorme abertura no nosso “castelo” defensivo.

Marcámos mais golos do que a seleção alemã, pena é que alguns tivessem sido na nossa própria baliza! No entanto penso que, se não fossemos nós, eles teriam marcado na mesma!

Embora se mantenha a utilizada frase dos comentadores desportivos: “prognósticos só no fim do jogo”, resta-nos aguardar pelo que vai acontecer contra a favorita seleção francesa (que os leitores já saberão, em virtude da necessária antecedência do envio deste texto para publicação) mas, pelo “andar da carruagem”, parece-me que, apesar de haver ainda contas a fazer, Portugal não vai repetir o êxito de 2016.

E, se tal acontecer, ninguém morre por isso, nem tal acontecimento desprestigia o futebol português, os seus executores e o povo deste país!

A nossa auto-estima é muito mais forte do que deixá-la à mercê de um simples resultado de futebol ou de um festival de cançonetas! Somos um povo de resistentes, capazes de transformar as nossas fraquezas em forças e demos ao mundo provas dessa nossa tenacidade, mas também devemos reconhecer que não somos insuperáveis.

Se não morremos por ter perdido uma competição desportiva, podemos morrer na luta contra um outro adversário conhecido por Covid-19, que está a martirizar a nossa população com infeções que superam mais de mil casos diários, nomeadamente em Lisboa e Vale do Tejo, onde a variante “Delta” (conhecida como tendo origem na Índia) é responsável por mais de 60% dos casos que, na sua generalidade atual, está a atingir a população jovem adulta, entre os 20 e os 40 anos.

Tal, como antes me referi à competição desportiva, a nossa auto-estima pode esvair-se com as derrotas, sempre que partimos com a convicção de que somos sempre invencíveis. Também neste caso da pandemia, a imprudência das faixas etárias mais jovens que, pela sua irreverência, tendem a assumir uma certa “invencibilidade” a esta doença, que mata ou deixa sequelas muitas delas irreversíveis. Além de que estes maus comportamentos estão a afetar a saúde dos portugueses, a colocar em alerta os hospitais e a promover o renovar de medidas restritivas de circulação, como já acontece no perímetro da Grande Lisboa de onde, durante o último fim-de-semana, ninguém podia entrar ou sair.

Esta falta de prudência de uma parte da população portuguesa (a que já me referi em anteriores crónicas) coloca em causa, igualmente, qualquer recuperação económica do país e tende a transformar-se, ao contrário do que antes aconteceu, numa matéria política polémica entre os nossos decisores, quanto às medidas a tomar para travar a expansão da pandemia.

O facto de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter recusado a possibilidade de um novo confinamento e o primeiro-ministro, António Costa, ter argumentado de que ninguém pode garantir que tal não possa vir a acontecer, deixa antever uma fratura num entendimento entre eles, que sempre existiu sobre esta questão e que tanto contribuiu para o bem-estar dos portugueses.

Esta situação, pelas suas variadas implicações na opinião pública, projetadas pela luta eleitoral autárquica em que se encontram as nossas organizações político-partidárias, colocando a defesa da nossa saúde em parâmetros controversos, é uma verdadeira razão de peso pela qual os portugueses se devem sentir verdadeiramente tristes!

Luis Barreira/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER