Luís Barreira

A fatura a pagar não justifica tudo!

inflaçao - milenio stadium

 

Os portugueses tinham consciência de que o conflito na Ucrânia e o seu inegável apoio ao povo ucraniano, teriam consequências na situação económica do país e, naturalmente, no aumento do seu custo de vida, face à nossa dependência energética. Afinal, seria o preço a pagar para que esse povo resista à aventura imperialista russa que, a não ser travada, acabaria em males muito superiores para todos nós.

Se bem que a inflação que se tem verificado no preço de vários produtos, nomeadamente combustíveis, fosse justificada pelos acontecimentos externos, outro tipo de inflação e outros agravamentos nas já difíceis condições de vida de muitos portugueses, não parece terem justificação nesses motivos.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) tem vindo a publicar a desaceleração da inflação que, em fevereiro deste ano, se situou em 8,2%, no entanto, o índice inflacionário dos produtos alimentares já subiu a 20,1% em fevereiro, quando em janeiro era de 18,5%. Conclusão: a inflação está a abrandar, mas os preços da alimentação não param de subir!

Um cabaz alimentar, com os bens considerados essenciais aos cidadãos, aumentou na última semana para 230,38 euros, ou seja, mais 46,75 euros do que custava antes da guerra na Ucrânia começar. Os preços relativos à carne, peixe, frutas, legumes, laticínios, etc, não param de aumentar, ocasionando protestos sucessivos dos consumidores, sem que se encontrem motivos justificativos para tal subida e tendo, como consequência negativa imediata, um acentuado decréscimo nas habituais compras alimentares dos consumidores.

Assim, o preço do cabaz de produtos alimentares aumentou mais do dobro da inflação no último ano e a análise dos aumentos verificados em cada um dos produtos que o compõem, levaram um membro do governo a afirmar que há produtos com aumentos de 40%, 50% e até 70%. Afinal, a que se deve esta súbita “inflação”?
Alertado pela opinião pública, o governo colocou na rua e por todo o país, várias brigadas da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) para que investigassem o motivo destes aumentos nos produtos alimentares e os primeiros resultados dessas investigações começaram a tornar-se públicos, desencadeando um coro de protestos contra todos os especuladores.

Na verdade, muitos supermercados foram apanhados a cobrar mais pelos produtos nas caixas de pagamento, do que o preço afixado nas prateleiras, outros em que a pesagem dos produtos era feita por balanças não calibradas e outros em que o peso era inferior àquele que se encontrava afixado no produto. Estas são apenas algumas “surpresas” encontradas em supermercados de alguma dimensão e tendo em conta a quantidade de estabelecimentos de venda de produtos alimentares existentes e a promessa do governo em manter esta fiscalização autuante e que já levou ao encerramento de alguns, esperamos que os especuladores, em todas as suas dimensões, possam recear as multas e outras penalizações e vendam os seus produtos aos preços corretos.
De facto, e embora esta inflação não atinja de igual maneira as economias familiares de todos os portugueses, uns com maior poder de compra do que outros, ela repercute-se de forma mais violenta na imensa maioria daqueles que recebem um salário de mil euros, mas acabam com o seu poder de compra reduzido a 918 euros, perdendo 82 euros por efeito desta inflação.

Mas se a inflação retira poder de compra aos contribuintes e consumidores portugueses, a subida das taxas diretoras aplicadas pelo BCE, com efeitos diretos nas taxas dos créditos à habitação e que segundo o BCE, tendem a diminuir essa mesma inflação, acabam por penalizar a enorme percentagem de cidadãos que compraram casa, recorrendo ao crédito bancário.

Por isso, o contrato de crédito à habitação com taxa variável e revisão em março, vai ter as suas prestações mais caras.

Por exemplo: segundo uma organização de defesa do consumidor (DECO), um empréstimo no valor de 150 mil euros, a 30 anos, indexado à Euribor a seis meses (a maioria dos contratos de crédito à habitação no país) e com uma margem de lucro bancário de 1%, passam a ter uma prestação de 727,85 euros a partir de março, ou seja, mais 185,57 euros face à última revisão em setembro. No caso de um empréstimo nas mesmas condições (valor e prazo de amortização), mas indexado à Euribor a três meses, o cliente passa a pagar 685,34 euros, mais 67 euros do que em dezembro.

Para evitar o enorme impacto que estes aumentos produzirão nos orçamentos das famílias o Estado propõe-se intervir junto dos bancos para que estes renegociem os créditos para evitar situações de incumprimento. Situação que, segundo os bancos, já se encontram a processar.

Finalmente e em conclusão, queremos evitar a inflação que causa grandes prejuízos aos cidadãos e para o concretizar, aumentamos as taxas de juro dos empréstimos à habitação, o que não deixa de causar grandes problemas às famílias.

Como dizemos em português: “preso por ter cão, preso por não o ter”!

Luis Barreira/MS

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