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Sonhar não custa

O Europeu não se joga apenas dentro das quatro linhas: também os adeptos vibram do lado de cá, quer seja nos estádios, em casa, ou em bares e esplanadas. As opiniões são, como sempre, muitas e não raras vezes discordantes: uns, movidos mais pela razão do que pelo coração, apostam mais em determinada seleção com maior qualidade individual e/ou coletiva, outros recusam-se sequer a pôr em hipótese que não será o seu país a erguer o troféu.

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Créditos: DR.

Nesta edição do jornal Milénio Stadium, dedicada ao Europeu2020 que hoje se inicia, tivemos a oportunidade de escutar a opinião de Carlos Daniel, jornalista da RTP, acerca do que podemos esperar desta edição da competição.

Milénio Stadium: A seleção portuguesa vai defender o título conquistado em 2016 – tendo em conta que estamos num grupo composto por “gigantes” como a França, Alemanha e Hungria, o que podemos esperar desta primeira fase?

Carlos Daniel: Ora, em relação à primeira fase o que me parece é que vamos ter Portugal com duas versões diferentes: uma versão mais ousada no primeiro jogo contra a Hungria e depois uma seleção mais cautelosa nos dois jogos seguintes. O grande objetivo não pode deixar de ser ganhar – isso é impreterível no primeiro jogo para depois conseguir pontuar mais vezes e garantir no mínimo um terceiro lugar que dê apuramento neste grupo.

MS: Entre os convocados pelo selecionador Fernando Santos, Pedro Gonçalves foi, talvez, o nome que mais tinta fez correr, com muitos a dizerem que, porventura, o atleta pudesse ajudar a seleção sub-21 a conquistar o título que, infelizmente perdeu para a Alemanha recentemente, e até sobressair mais nesse grupo. Concorda?

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Carlos Daniel. Credito: DR.

CD: Não concordo muito porque o futebol é um jogo coletivo… Um jogador, por muita qualidade que tenha – e o Pedro Gonçalves tem-na – não iria fazer com que toda uma equipa pudesse eventualmente ter feito mais em termos coletivos do que fez no Campeonato da Europa de Sub-21. E está por saber nesta altura o que é que ele pode dar à equipa principal. Portanto as seleções jovens existem como as equipas de formação essencialmente para desenvolver jogadores, desenvolver talento que venha a servir as equipas principais e não como primeiro objetivo ganhar títulos.

MS: Existe algum jogador que, na sua opinião, possa vir a surpreender nesta competição ou sobre o qual deposite uma maior “esperança”, por assim dizer?

CD: Surpreender propriamente acho que não. Jogadores sobre os quais deposito mais esperança… eu deposito sempre mais esperança no talento e portanto os jogadores que eu acredito que podem fazer mais a diferença em Portugal são o Bernardo Silva – que acho um jogador indispensável -, o Fernandes idem e gostava que o João Félix pudesse jogar mais vezes porque acredito que são os três jogadores que, sobretudo na zona da criação, podem acrescentar mais.

MS: Podemos estar prestes a assistir ao último Europeu de Cristiano Ronaldo?

CD: Provavelmente sim… a idade chega para todos! Acredito que ele tentará ainda fazer pelo menos o Mundial que se joga já no próximo ano, daqui a um ano e meio sensivelmente. Mas também acho que não é humanamente possível esperar muito mais que isso, ainda que eu acredite que ele possa pensar em jogar mais tempo! Agora acho que é muito importante Ronaldo enquanto ele conseguir ser minimamente Ronaldo – já não será o jogador que foi mas ainda é um extraordinário jogador. É muito difícil que a partir dos 35, 36 anos – e ele já fez 36 – o jogador mantenha o nível – mesmo sendo um atleta extraordinário como ele -, que teve até agora.

MS: Existem certas condicionantes na organização deste Euro2020 – como por exemplo a limitação de público nos estádios – e também já há alguma polémica relacionada com a vacinação. É que se por um lado seleções como a portuguesa, italiana e polaca já estão imunizadas, a imprensa belga avançou que a seleção deste país só receberá a segunda dose  após o final do Europeu. Que consequências é que uma decisão como esta poderá ter?

CD: Em relação à vacinação é evidente que é relevante mas eu não considero que seja um tema tão significativo quanto isso só por esta razão: toda a época futebolística se jogou sem ter jogadores vacinados. Portanto os jogadores foram, essencialmente, testados, cumpriram os seus campeonatos, houve dias mais difíceis e outros menos, e a tendência é de que a doença esteja mais controlada, designadamente nos países europeus onde joga a maior parte destes atletas e onde se vai jogar este campeonato, portanto eu quero acreditar que a situação esteja razoavelmente controlada a esse nível e que o risco seja, no máximo, idêntico ao que foi até agora ainda que, com algumas seleções imunizadas, seja ainda porventura menor do que foi ao longo do último ano.

MS: Com certeza que não existe um único português que não deseje que a história se repita nesta edição do Europeu. Se tivesse que apostar, diria que somos um sério candidato à vitória? Que outra/s seleção/ões podem, no seu ponto de vista, vir a erguer este troféu? Quem são os favoritos?

CD: Portugal está naturalmente entre as equipas que podem ganhar este Campeonato da Europa, agora não é um dos maiores favoritos. Tem qualidade suficiente para poder acreditar que é possível, mas à frente, em termos de favoritismo, estão desde logo duas equipas que estão no nosso grupo inicial – a França e a Alemanha -, e eu acho que são porventura as duas equipas mais fortes. Seguem-se uma muito renovada Espanha mas com uma grande qualidade de jogo, e uma Itália que para mim pode ser a surpresa – isto é sempre difícil vaticinar surpresas, mas esta Itália também é mais jovem mas também tem mais qualidade do ponto de vista do talento individual do que o que costuma ter. A Inglaterra é sempre outra possibilidade, embora normalmente tenha soçobrado quando chega a hora decisiva. Portanto diria à frente de todas França, Alemanha e Espanha e depois um grupo em que está Itália, Inglaterra, Portugal também e a Bélgica – são seleções que eu acho que podem sonhar com a vitória.

Inês Barbosa/MS

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