Luís Barreira

A atualidade dos “reinos”!

 

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Dois ou três acontecimentos atraíram a atenção dos portugueses durante a passada semana.

Um deles e talvez o mais importante, foi um pacote de medidas de ajuda às famílias que o Governo português decretou com efeitos a partir de outubro próximo.

Assoberbados pelo aumento de preços que, devido à inflação, já ronda os 9%, os portugueses (e nomeadamente a oposição) reclamavam por medidas que invertessem a situação e permitissem manter o poder de compra das populações.

O governo, cujas medidas de apoio à população já antes aplicadas tinham atingido 1.600 milhões de euros, viu-se forçado a alargar esses apoios com mais 2.400 milhões de euros, assumindo um total de 4.000 milhões de euros de ajuda às famílias portuguesas, que serão acrescidos dos auxílios a prestar às empresas, a anunciar em data próxima.

Se bem que estes valores se aproximem dos valores ganhos pelo Estado nos impostos ganhos extraordinariamente, em consequência dos preços inflacionados pela guerra na Ucrânia, surgindo como uma devolução dos ganhos extraordinários do Estado, o governo fez questão em salientar que, face à precariedade das previsões económicas para o futuro e, nomeadamente, sobre as taxas de juro aplicadas ao país e os efeitos negativos no nosso endividamento económico (situado atualmente em 782,5 mil milhões de euros), não se deveria fazer perigar a nossa situação económica e financeira pelo que, segundo o governo, estas medidas mantêm “inalterados os objetivos do défice orçamental e da dívida pública”.

Em síntese, o pacote de apoio às famílias portuguesas, com os valores enviados diretamente para a sua conta bancária, a partir do próximo outubro, é o seguinte:

  • Os trabalhadores em geral, os independentes e os desempregados que recebam até 2.700 euros por mês vão ter direito a um ‘cheque’ de 125 euros;
  • Todas as famílias, com descendentes a seu cargo, terão direito ao pagamento extraordinário de 50 euros por cada descendente até aos 24 anos;
  • Os reformados vão receber um bónus equivalente a meio mês de pensão, pago de uma só vez já em outubro e, em 2023, um aumento de 4,43% para pensões até 886 euros, de 4,07% para pensões entre 886 e 2.659 euros e de 3,53% para as outras pensões sujeitas a atualização;
  • É feita uma redução do IVA no fornecimento de eletricidade dos atuais 13% para os 6%;
  • Serão congelados os preços dos passes dos transportes públicos e dos bilhetes na CP;
  • Limitação a 2% da atualização máxima do preço das rendas de casa, com os senhorios a terem um benefício fiscal para compensar as perdas sofridas.

A tudo isto a oposição na Assembleia da República respondeu com um “sabe-me a pouco”, evidenciando que o governo, no caso dos reformados, pregou-lhes uma partida baixando os valores da lei atual (que seria aplicada em janeiro de 2023) e que vai ter como consequência, a partir de 2024, uma diminuição dos rendimentos desta faixa da população. No entanto, o governo afirma que, em 2024, os reformados não serão prejudicados. Veremos daqui a um ano!…

Um outro assunto interno que mereceu algum destaque foi a nomeação do médico Manuel Pizarro para substituir Marta Temido no Ministério de Saúde.

Perante os inúmeros problemas que sofre o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS), o novo ministro, dirigente do Partido Socialista e atualmente eurodeputado, para além de ser um conhecedor da atual situação que se vive no SNS, já exerceu diferentes funções como Secretário de Estado e vereador no Porto.

Espera-se que Pizarro, a quem já apelidaram de “canivete suíço”, pela diversidade de serviços que exerceu, venha a ter a capacidade de desobstruir o emperrado sistema do nosso SNS.

Situação extremamente difícil, face à posição do primeiro-ministro em manter a anterior estratégia política para o setor!…Fora de “casa”, seria impensável não deixar um comentário à morte de Isabel II e à sua substituição pelo seu filho Carlos III.

Num reinado cuja longevidade atravessou dois séculos de enormes transformações económicas, sociais e políticas, cujas consequências se fizeram sentir: no desmembramento do seu império, com a independência de vastos territórios; com inúmeras guerras em que o seu exército participou e nem sempre pelos melhores motivos; com a separação económica e política do Reino Unido da UE; as convulsões separatistas de alguns países da Commonwealth e com as vicissitudes e tropelias da própria família real, o legado de Isabel II tem, indisfarçavelmente, um impacto de natureza universal de uma monarca que, durante 70 anos, foi chefe de Estado de 15 nações e líder de 56 países, cuja maioria são ex-colónias britânicas e que constituem a Commonwealth.

Pese embora a simbologia do momento, convém salientar que a sua morte deixa um Reino Unido ferido de vários problemas sociais e económicos: com uma enorme inflação; o pior crescimento dos países do G7; graves problemas no seu SNS, para além de problemas políticos, com a perda de credibilidade popular pelo Partido Conservador, agora dirigido pela nova primeira-ministra Liz Truss; com a relação complicada da monarquia britânica com os países das Caraíbas; as várias tentativas da Escócia de abandonar a monarquia da Grã-Bretanha e, consequentemente, o Reino Unido e a vitória eleitoral do Partido Sinn Féin, da Irlanda do Norte, que promete uma “nova era” unindo as duas Irlandas.

Será o novo rei Carlos III capaz de manter o equilíbrio de sua mãe na gestão das influências que lhe competem ou “o rei vai nu”?

Pelas nuvens que ameaçam o seu reinado… God save the king!…

Luis Barreira/MS

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