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Créditos: DR

Estes últimos dois anos têm sido desafiadores a vários níveis. No entanto, monetariamente falando, há uma luta muito pessoal e familiar, que acontece em muitas casas, desde que a pandemia começou: haverá dinheiro suficiente para cobrir todas as despesas?

A falta de trabalho, o aumento dos preços, a incerteza carimbada no futuro – tudo isso se reflete no dia a dia atual de muitas famílias. Nesta edição do jornal Milénio Stadium fomos tentar perceber de que forma têm as pessoas gerido este balanço desconcertante entre o dinheiro, a comida e as contas a pagar.

  • Ana Paula – 41 anos

Sente que a pandemia teve um impacto forte no orçamento dedicado à alimentação da sua família?

Não posso dizer que estamos a passar fome, ou que nos privamos de algo. Mas já não vou às compras e trago tudo e mais alguma coisa. A certa altura começámos a perceber que o dinheiro que entrava era o mesmo, mas saía muito mais. E entrava o mesmo porque tivemos a sorte, eu e o meu marido, de ter sempre trabalho…

Há agora uma maior preocupação na seleção dos produtos que compram? Deixaram de comprar alguns alimentos?

Faço uma seleção bem mais pensada. Está tudo muito mais caro, principalmente os produtos de Portugal, senti muita diferença. Dou prioridade ao que é essencial e se calhar já não compro coisas que são apenas extra, pelo menos não com tanta frequência.

 O que tem feito a sua família para tentar combater as dificuldades acrescidas pelos contratempos que a pandemia trouxe?

Temos evitado gastos desnecessários, nunca se sabe o dia de amanhã. Agora estamos com uma luz ao fundo do túnel, penso eu… Mas a certa altura era tudo muito incerto, mais do que agora e, do dia para a noite, podíamos perder os empregos e ficávamos mal. 

Há contas que ficam por pagar?

Lá está, nós por acaso temos gerido bem, mas porque poupamos muito… Decidimos desde que isto começou viver como se algo fosse correr mal para o nosso lado, mesmo que não fosse o caso.. mas agíamos assim caso essa possibilidade fosse mesmo acontecer, só por prevenção. Temos mortgage para pagar e isso é que não pode mesmo falhar! 

Sente que todo este processo de adaptação a um estilo de vida de cinto mais apertado tem afetado de alguma forma a sua (vossa) saúde mental?

Ah sem dúvida. Se antes já era um stress, agora é constante. Não apenas por ter essas preocupações, mas porque a incerteza do amanhã traz muita ansiedade e angústia. E depois os miúdos… acho que eles sentiram mais até que nós, não por terem tido falta de alguma coisa, mas não irem à escola e não conviverem com os amigos lhes fez mal. Mas agora acho que estamos num caminho mais positivo e esperançoso.


  • Fátima Oliveira – 52 anos

Sente que a pandemia teve um impacto forte no orçamento dedicado à alimentação da sua família?

Teve. Não deixámos de comer, nem procurámos ajudas, nada disso. Mas aqui em casa as coisas mudaram.

Há agora uma maior preocupação na seleção dos produtos que compram? Deixaram de comprar alguns alimentos?

Sim. Antes não fazia lista antes de ir ao supermercado, por exemplo, e agora não saio de casa sem isso. Vou direita aos sítios e acabou, vou buscar o básico. Pelo menos por agora tem de ser assim.

O que tem feito a sua família para tentar combater as dificuldades acrescidas pelos contratempos que a pandemia trouxe?

Acho que posso dizer que nos unimos mais. Há situações tão difíceis nas nossas vidas que depois acabam por até ser “boas” porque nos faz ver que a família é o nosso bem mais precioso… 

Há contas que ficam por pagar?

Há meses mais difíceis que outros, não posso negar.

Sente que todo este processo de adaptação a um estilo de vida de cinto mais apertado tem afetado de alguma forma a sua (vossa) saúde mental?

Eu perdi o emprego passado uns meses da pandemia ter começado e tivemos uma fase muito complicada. Entretanto, graças a Deus, já consegui outro, mas tem sido difícil gerir isto tudo. 


  • Luís Carlos – 69 anos

Sente que a pandemia teve um impacto forte no orçamento dedicado à alimentação da sua família?

Nem tanto no nosso orçamento, mas eu diria que teve impacto e grande nos preços dos produtos nas lojas. Está demais. Já viu os preços da comida? Eu fico parvo a olhar para coisas porque realmente tem havido grandes aumentos.

Há agora uma maior preocupação na seleção dos produtos que compram? Deixaram de comprar alguns alimentos?

Já não compro à grande e à francesa, isso pode ter a certeza. Eu e a minha esposa decidimos cortar no que não é imprescindível… Claro que quando queremos mesmo compramos, mas por norma evitamos gastos extra.

O que tem feito a sua família para tentar combater as dificuldades acrescidas pelos contratempos que a pandemia trouxe?

Olhe no fundo não saímos muito de casa e por isso também não gastamos muito. Nem é mau de todo.

Há contas que ficam por pagar?

Até agora não, mas sabemos que muitos com rendas ou mortgages para pagar andam com dificuldades, muitos da nossa família até.

Sente que todo este processo de adaptação a um estilo de vida de cinto mais apertado tem afetado de alguma forma a sua (vossa) saúde mental?

Nós estamos reformados, com casa paga, para nós as dores de cabeça são menores. Mas ajudamos os filhos e sabemos que há meses em que a cabeça deles anda numa corrida sem fim, porque sao muitas contas para pagar. Nós ajudamos, a minha esposa às vezes leva-lhes algumas mercearias.


  • Vitória Fonseca – 44 anos

Sente que a pandemia teve um impacto forte no orçamento dedicado à alimentação da sua família?

O que eu sei é que desde que este vírus chegou às nossas vidas não se pode ir a um supermercado. Está tudo muito mais caro. Às vezes fico a olhar para o que trago para casa e pergunto: como é que já gastei 100/200 dólares?  É mesmo muito mais dinheiro. E o pior é que os ordenados não aumentaram. 

No caso da minha família até passámos a levar para casa menos dinheiro ao fim do mês porque o meu marido tem sido mandado para casa em lay off. Ou é porque há gente contaminada ou porque não há trabalho… são mais as semanas que ele está em casa do que a trabalhar. O que vale é que eu tenho conseguido trabalhar quase sempre. E também tínhamos um dinheirinho de lado. Mas não sei como vai ser se isto continuar.

Há agora uma maior preocupação na seleção dos produtos que compram? Deixaram de comprar alguns alimentos?

Ah pois que remédio. Nunca faltou comida na mesa, graças a Deus, mas não há cá luxos. Tenho que fugir das carnes mais caras, por exemplo.

O que tem feito a sua família para tentar combater as dificuldades acrescidas pelos contratempos que a pandemia trouxe?

Olhe temos tido muito juízo com os gastos. Sabemos que não pode faltar dinheiro para as despesas da casa, principalmente para a renda, e não deixamos que falte o essencial aos nossos filhos.

Há contas que ficam por pagar?

Felizmente não. 

Sente que todo este processo de adaptação a um estilo de vida de cinto mais apertado tem afetado de alguma forma a sua (vossa) saúde mental?

Não diria isso, mas que isto da pandemia está a mexer connosco, lá isso está. Por exemplo, isto de o meu marido estar muitas vezes em casa, para além do dinheiro  está a dar-lhe cabo da cabeça. Mas é o que eu lhe tenho dito – temos que ter paciência e esperar que isto passe. Também já chega.

Catarina Balça/MS

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