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Sonho de infância, decisão, novo país

 

Sonho de infância, decisão, novo país-mundo-mileniostadium
Credit: Fallon Michael

Lembro-me que desde a infância eu tinha o sonho de sair do país. Acredito que o fato da cultura norte-americana ter sempre invadido as casas brasileiras (aliás da América do Sul inteira), me fez querer viver nas mesmas condições, respirar o mesmo ar um tanto quanto glamuroso da civilização norte-americana. Aquela coisa de tomar um copo cheio de café aguado, com aquele protetor envolta para não queimar os dedos, andando pelas ruas, apressada, em Nova Iorque, com aquelas faixas de pedestres gigantescas, me fazia sonhar que um dia poderia viver assim. Ao contrário de muitos, nunca tive o sonho de ir para Disney, meu negócio era viver num contexto cultural mesmo, de estar inserida no sonho americano. 

Enfim, anos passando, cheguei aos meus 18 anos, idade essa que tinha determinado que iria sair do País de qualquer jeito, eis que começo a namorar. Ah, que momento mais impróprio para isso, meu pai bem que me avisou que era o pior momento para engatar um relacionamento, afinal, esse tipo de sonho, como o de morar de fora, acaba ficando pra trás por conta das paixonites desregradas. Bom, você já deve imaginar que anos se passaram, até eu chegar aos meus 34 anos e finalmente realizar o sonho de infância né? Não convém dizer que todos esses anos foram dedicados a outras coisas. Mas voltemos ao cerne da questão: a decisão! 

O Brasil está numa era de expurgo de muitos erros cometidos desde o início de seu nascimento. Sabemos que sua história está repleta de escravidão, corrupção, desigualdade social, ignorância, um povo cheio de marcas que vêm sendo passadas de geração em geração. Não posso negar que sim, é um povo alegre, criativo, que tem nas veias a arte latente, latina, quente e cheia vida! Seria negação da minha parte não assumir que o brasileiro é um povo que sempre dá o famoso jeitinho, que improvisa, que se vira, mas sinto como se estivéssemos vivendo um período de limbo. E que acho super necessário! É das crises que nasce a evolução (quero acreditar nisso). É muito triste ver um povo totalmente dividido e torcendo para políticos como num jogo de futebol, é triste de ver as pessoas se digladiando por um sistema que falhou com elas. 

Diante de todo esse cenário apresentado e do meu sonho de infância, compartilhando sempre a mesma sensação com meu companheiro de vida, a decisão de sair do meu País de origem, num momento em que minha carreira como locutora estava em ascensão como nunca tinha vivido, veio como um martelo de um Juiz no tribunal. Não é nada fácil esse período, envolve um monte de burocracia, de medos, de estratégia, venda de bens, é tanta coisa pra pensar que meu olho esquerdo ficou tremendo sem parar. A realidade arde. 

Decisão tomada, malas feitas, passaporte na mão, expectativas e medos no peito, cara e coragem nos ombros, dinheiro contado, marido de apoio: aí vamos nós!!! Não, não foi Nova Iorque, mas é também na América do Norte, e também é multicultural.  “Será que dou conta?” Acho que essa é a pergunta que todo imigrante se faz, independente do contexto que vem. 

Adriana Marques/MS

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