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Teresinha Landeiro: Uma Vida Liagada ao Fado

 

 

Com três discos lançados até o momento – “Namoro” (2018), “Agora” (2021) e o mais recente “Para Dançar e para Chorar”, Teresinha Landeiro cativa o público com a sua voz cativante e cheia de emoção. A sua ligação com o fado começou de forma casual aos 12 anos, quando foi ouvir Ana Moura numa casa de fados. Teresinha nunca mais abandonou essa paixão.

Além do fado, Teresinha também nutria uma paixão pela escrita desde tenra idade. Escrever em verso e a rima eram atividades que a cativaram, e essa paixão acabou por se fundir com sua carreira musical quando começou a compor as suas próprias letras.

Teresinha é bom estar aqui a falar contigo. Começo por perguntar, como foi a tua primeira experiência com o fado?
Tinha 11 anos quando experimentei o fado pela primeira vez. Os discos de fado que me ofereceram em casa, despertaram o meu interesse, e comecei a ouvir. Sempre cantei em português e, quando fiz 12 anos, a minha mãe levou-me a uma casa de fados pela primeira vez. Podemos dizer que a influência da família foi muito importante.

Curiosamente, na tua casa nem todos gostavam de fado.
A minha mãe não gostava, o meu pai gostava, mas não ouvia.

Como descreves a tua evolução até aos dias de hoje como fadista?
Tem sido um caminho muito bonito. Tive muita sorte de conhecer fadistas mais antigos que me ensinaram muito e com quem pude partilhar muitas histórias e conselhos valiosos.

E a nível dos teus discos?
Considero o meu primeiro disco muito ingénuo, uma espécie de resumo dos meus primeiros dez anos de fado. O segundo disco já foi uma afirmação minha enquanto cantautora, com algumas experiências musicais diferentes. Este último disco é uma tentativa de trazer outros compositores comigo, mantendo sempre o fado presente.
Contrariando tudo e todos de que um fadista precisa acumular uma vasta experiência de vida, Teresinha é um exemplo de que a verdadeira essência do fado não está ligada à idade, mas sim à habilidade de expressar as mais profundas emoções humanas. O novo álbum é uma prova desse princípio. Nele, além das tradicionais narrativas de amor e saudade, Teresinha explora temas delicados e contemporâneos, como o Alzheimer e o medo, que quase refletem as suas próprias preocupações e inquietações pessoais. Ao partilhar essas experiências nas suas canções, Teresinha não apenas desafia as regras do fado mais tradicional, mas também revela a versatilidade do fado como uma forma de arte que passa barreiras temporais e geracionais.

Misturar elementos eletrônicos e pop com o fado. É preciso coragem e é arriscado? Qual é a tua opinião?
Acredito que tudo é possível desde que respeitemos a essência do fado. Devemos ter cuidado para não descaracterizar essa tradição oral. Fusões com outros estilos musicais são bem-vindas, desde que mantenhamos claro o que é o fado.

Como é a tua relação com as palavras nas tuas músicas?
As palavras são fundamentais para mim. Muitas vezes, priorizo as letras em detrimento das melodias. Estou sempre à procura de novos temas e a tentar diversificar a minha música.

E as colaborações neste último trabalho?
Trabalhar com outros compositores trouxe uma nova dinâmica ao processo criativo. Dei liberdade aos compositores para escreverem como quisessem, apenas acrescentando a sua identidade também é algo que sentissem que faltava.

Qual é a sensação é a diferença de te apresentares para o público, seja em grandes teatros ou em casas de fado?
É completamente diferente. Tenho uma ligação muito forte com as casas de fado, onde cresci e comecei a cantar. Gosto da proximidade com o público. No entanto, apresentar-me em palcos mais distantes é um desafio, pois sinto falta da reação imediata das pessoas.

E a diferença entre apresentações em Portugal e no estrangeiro?
São experiências diferentes. No estrangeiro, tento sempre explicar as histórias em inglês, mas nunca é igual à naturalidade e graça de cantar em português. Adaptar-me ao público estrangeiro é um desafio, mas é gratificante ver como a música portuguesa pode acalmar a saudade de quem está fora.

Quais são os conselhos para os jovens artistas que querem entrar no mundo do fado?
Visitem as casas de fado, conversem com os músicos e fadistas mais experientes. Há coisas que só se aprendem com a prática e com os conselhos de quem já está na estrada há muito tempo.

Uma última mensagem para a comunidade.
Fico feliz em ver que os portugueses fora de Portugal continuam próximos da nossa música. Se a nossa música conseguir diminuir um pouco a distância e ajudar a acalmar a saudade, é uma alegria para nós.

À medida que sua carreira cresce, Teresinha continua a atrair a atenção de produtores e músicos , que reconhecem o seu talento e o seu potencial. Com a sua voz envolvente e a capacidade de transmitir emoções , ela continua a conquistar o coração de audiências ao redor do mundo, sendo já por muitos aclamada como uma das grandes vozes do jovem fado contemporâneo. No entanto, mesmo com todo o sucesso e reconhecimento, Teresinha permanece a mulher humilde e dedicada à sua arte, sempre sempre com o objetivo de expandir os limites do fado. Com uma carreira brilhante à sua frente, Teresinha Landeiro continua a encantar e a inspirar o mundo com sua voz apaixonada e com a sua música que tanto ama.

Paulo Perdiz

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