Morreu o poeta Nuno Júdice
No último domingo, o mundo das letras portuguesas foi abalado com a morte do poeta Nuno Júdice, aos 74 anos de idade. Nascido em Portimão, Júdice destacou-se como um dos mais importantes e influentes nomes da poesia contemporânea em Portugal, deixando um legado literário que ultrapassa fronteiras e atravessa gerações.
Com uma carreira cheia de livros e de qualidade ímpar, Nuno Júdice conquistou não apenas o reconhecimento nacional, mas também internacional. A sua poesia, caracterizada pela sensibilidade e pela profundidade dos seus temas, encantou leitores em todo o mundo e juntou muitos prêmios e distinções ao longo dos anos. Um dos prêmios mais notáveis do seu currículo, destaca-se o Prêmio Ibero-Americano Rainha Sofia, concedido em 2013, em reconhecimento à sua grande poesia.Em 2018, foi agraciado com o prestigioso prêmio PEN do Clube Galego, e em 2021, recebeu o Grande Prêmio de Poesia Maria Amália Vaz de Carvalho da Associação Portuguesa de Escritores (APE), pela publicação do livro “Regresso a um cenário campestre”, editado em 2020. Júdice foi também finalista do Prêmio Europeu de Literatura, destacando-se com a obra “Meditação sobre ruínas”.
No ano de 2022, foi um ano importante no caminho literária de Júdice com a publicação do volume “50 anos de poesia (1972-2022)”. Essa obra, reúne cinco décadas do seu trabalho poético, celebra a extensa carreira do autor e oferece aos leitores uma oportunidade ímpar de entrar na evolução da sua escrita ao longo do tempo. Sente se a sua genialidade e versatilidade de escrever. A morte de Nuno Júdice deixa um vazio no cenário literário português e internacional. É uma perda irreparável para todos aqueles que admiravam sua obra e sua contribuição para a cultura. A sua poesia, marcada pela introspecção, pela reflexão e pela capacidade de capturar a essência humana, vai continuar a inspirar e a influenciar gerações futuras de poetas e leitores, mantendo viva a sua obra e a sua memória. Nuno Júdice não foi apenas um poeta de renome, mas também um mestre da palavra, um observador atento da vida e um artista que soube transformar em versos as mais profundas inquietações da pessoa. A sua ausência física será sentida, mas a obra ficará para aqueles que procuram na poesia um refúgio, uma inspiração e um consolo.
Portugal e o mundo sentem tristeza, mas também de profunda gratidão, ao despedirem-se de Nuno Júdice, um dos mais notáveis poetas contemporâneos. A beleza da sua poesia marcaram não apenas a literatura portuguesa, mas também tocaram corações ao redor do mundo.
Os versos, carregados de emoção e profundidade, ecoarão além do tempo, permanecendo como testemunhos vivos do poder transformador da linguagem. Que cada palavra escrita por Nuno Júdice seja uma luz a guiar futuras gerações de poetas e leitores, lembrando-os da importância da arte e do poder das palavras. Nuno Júdice não apenas escreveu a poesia, ele a viveu…uma poesia de reflexo, de sensibilidade, da capacidade de observação do mundo ao seu redor e da sua habilidade de transformar essas observações em obras de arte que tocam a alma e inspiram o pensar.
Que a memória de Nuno Júdice seja honrada não apenas através das homenagens prestadas, mas também através da contínua apreciação e estudo de sua obra. Que seus poemas continuem a tocar no coração daqueles que os lêem.
Princípios
Podíamos saber um pouco mais
da morte. Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.
Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.
Podíamos saber um pouco mais
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada sabemos do amor.
Paulo Perdiz
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