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“Vamos ver este Governo a não deixar ninguém para trás”

Elizabeth Mendes

Vamos ver este Governo a não deixar ninguém-canada-mileniostadium
Commons of House in Ottawa, Canada. Créditos: DR.

O primeiro-ministro Justin Trudeau decidiu convocar eleições antecipadas e, por isso, o Canadá vai a votos no próximo dia 20 de setembro.

À procura de um segundo mandato e, de preferência, com maioria absoluta, o Partido Liberal acredita que o país precisa renascer com ainda mais força depois do último ano e meio de uma crise inesperada, criada pela pandemia que ainda nos assombra. Com uma das mais altas taxas de vacinação do mundo, Justin Trudeau espera reconquistar a maioria parlamentar. O seu governo defende que agora é tempo de os canadianos escolherem de que forma querem concluir a luta contra a Covid-19 e a forma como o país se vai reconstruir, desde o processo da vacinação, ao apoio às famílias e negócios.

As últimas sondagens indicam que o Partido Liberal de Trudeau se prepara para vencer novamente as eleições, embora alguns peritos alertem que a evolução imprevisível da quarta vaga da pandemia pode causar uma reviravolta eleitoral.

Nesta edição do jornal Milénio Stadium tivemos a oportunidade de conversar com Elisabeth Mendes, candidata do Partido Liberal das eleições do próximo ano para o parlamento provincial.

Milénio Stadium: Estamos já em plena campanha eleitoral – as eleições marcadas para 20 de setembro vão acontecer em plena pandemia, com a ameaça de uma quarta vaga a pairar. Na sua opinião justifica-se esta antecipação?

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Elisabeth Mendes, candidata a MPP ONtario – Partido Liberal Créditos: DR.

Elizabeth Mendes: Eu acho que sim, que se justifica. Nós ainda estamos numa pandemia, uma crise que, esperamos nós, só nos aconteça uma vez na vida… E por isso mesmo, no mundo inteiro, os partidos não sabiam nem sabem ainda bem como lidar com tudo isto, como governar durante uma pandemia. Quando surgiu este problema, o governo teve que responder de forma imediata e agora, nesta fase em que estamos, vamos perguntar aos canadianos de que forma querem sair disto, como vamos lidar com o pós-pandemia, quais são as ideias, quais as propostas. E eu acho que é muito difícil para um governo que não tenha a maioria continuar a governar, sem um maior apoio do povo. De que forma vamos sair desta fase, de que forma vamos fazer crescer a nossa economia, como vamos dar oportunidades de trabalho às pessoas, como vamos ajudar os negócios que foram tão afetados durante a pandemia…? Eu acho que não é justo que se continue a governar sem maioria absoluta, ia dizer-se que não tinham a legitimidade conferida pelo voto popular. Eu acho que as pessoas têm que escolher como é que querem o seu governo termine esta luta contra a Covid-19.

MS: A pandemia será para o mal e para o bem um dos principais temas da campanha. De que modo poderá influenciar os resultados eleitorais do Partido Liberal?

EM: Eu acho que muitos canadianos vão ver que o Governo canadiano, liberal, esteve lá com eles durante esta pandemia toda, nós vimos noutras partes do mundo vários governos que não ajudaram as pessoas que precisavam, enquanto que aqui o nosso governo chegou-se à frente, criou o CERB, deu 2 mil dólares a cada canadiano que não podia trabalhar, ajudaram vários negócios com subsídios e programas… Eu acho que muitos daqueles programas foram um grande apoio a pessoas que iam sofrer ainda mais. Há muita gente que ficou sem nada e essas ajudas foram essenciais. Acho que as pessoas se vão lembrar disso e vão também ver que o Canadá é agora um dos países com mais pessoas vacinadas do mundo. No início foi um pouco preocupante, mas recuperámos bem e temos agora quase 80% da população de Ontário com a primeira dose, por exemplo, e tudo isso se deve ao facto do Governo canadiano ter comprado as vacinas, já antecipando a necessidade que íamos ter em todo o país. Sei que os casos agora estão a aumentar um bocadinho, mas a maioria desses casos são de pessoas que não estão vacinadas ainda. Acho que quando estivermos a acabar este ciclo de pandemia, os canadianos têm que saber que têm o seu governo focado a retomar o que ficou para trás. E algo que eu estou de facto orgulhosa deste governo federal tem que ver com a promessa do Child Care, os 10 dólares por dia de Child Care – enquanto mãe, eu sei muito bem que esta pandemia foi horrível. Eu fiquei em casa com a minha filha quando ela tinha dois anos e meio, o infantário dela fechou e eu tive que ficar em casa. Sei muito bem que a maioria das mulheres não podem trabalhar porque não têm infantários disponíveis e acessíveis. Acho que estas são coisas que vão pesar na decisão dos canadianos nesta eleição.

MS: A gestão da crise desencadeada pela pandemia e depois do plano de vacinação no Canadá por parte do Governo Federal poderá ajudar Trudeau a obter a desejada maioria absoluta?

EM: Eu acho que sim. Sei que todos os governos querem a maioria, claro que é mais fácil para se governar, mas eu acho que a maioria absoluta não é a única coisa aqui em causa, também passa pelo governo ser eleito novamente. Acho que isso tem importância e acho que é uma honra que ele quer ter, com o Partido Liberal a governar. E penso que tudo o que eles têm feito neste último ano faz com que mereçam que os canadianos lhes deem a oportunidade de trabalhar para sairmos e recuperarmos desta pandemia.

MS: A implementação do passaporte Covid-19 tem sido um tema discutido a nível nacional. Algumas províncias já anunciaram que o vão adotar, mas outras como é o caso do Ontário, começaram por anunciar a sua recusa a esta ideia e agora veio a informação de que há algum recuo na posição inicialmente defendida por Doug Ford. O que pensa sobre este assunto e concretamente sobre a posição assumida pelo Premier de Ontário?

EM: Eu tenho muito orgulho no nosso Partido Liberal da província de Ontário, porque foi o primeiro e único a afirmar que, se estivéssemos no governo, todos os trabalhadores da área da saúde e profissionais da educação teriam que, obrigatoriamente, tomar a vacina contra a Covid-19. Estamos a pressionar o Doug Ford para que também faça isso. Porque esses trabalhadores estão a lidar com pessoas vulneráveis e as crianças com menos de 12 anos não podem ser vacinadas. Vamos reabrir as escolas sem quaisquer alterações no que diz respeito à ventilação, por exemplo, ou não vão ser feitas mais salas de aulas para que as turmas sejam mais pequenas. Já que nada disso vai ser feito, então têm que garantir que todos os professores e as pessoas que trabalham nas escolas estejam devidamente vacinadas. E, portanto, eu tenho, de facto, muito orgulho que nós estejamos a insistir nisso e que tenhamos proposto isso. Quanto ao passaporte Covid-19, nós temos-lhe chamado um certificado de vacinação e temos pedido ao Premier de Ontário que faça com que isso aconteça, para que os negócios que queiram saber se a pessoa está ou não vacinada, tenha um documento fidedigno. Eu acho que o Doug Ford não está no caminho certo, ele está completamente errado.

No que diz respeito àquilo que ele agora pede aos trabalhadores da área da saúde e profissionais da educação é só para se ter registado se a pessoa está ou não vacinada, não está a tornar a vacina obrigatória para esses profissionais. Eu acho que isso não vai ajudar em nada. Eu compreendo que as pessoas têm os seus direitos, sou completamente a favor disso, mas nós vivemos em sociedade e estamos numa sociedade com muita gente e temos que pensar no outro. Ninguém sabe se a pessoa a quem, eventualmente, transmitimos o vírus tem capacidade de o combater – pode não ter.

MS: Que mudanças significativas poderão acontecer na vida dos canadianos com uma eventual vitória dos Liberais?

EM: Eu acho que se o Partido Liberal ganhar, vamos ver um governo que vai ajudar muitas mulheres a voltar à sua vida profissional. Eu penso que já cinco províncias – Ontário não, mas estamos a insistir para que também faça – têm uma parceria e acordo com o governo federal para que haja um National Child Care Program.

Penso que vamos ver muitas ajudas dedicadas aos negócios que ficaram afetados com a pandemia. Também já estamos a ouvir falar de ajudas e subsídios para o turismo. Eu acho que vamos ver este governo a não deixar ninguém para trás. Se alguma coisa acontecer, Deus queira que não, mas se a pandemia voltar novamente com mais força, e os negócios tiverem de fechar tudo outra vez, o governo não vai deixar os canadianos sem nada, eles vão ter apoios. O que me conforta é ter a certeza que eles vão lá estar para ajudar os canadianos, não vão deixar-nos a não poder viver.

MS: O que é que na sua opinião mais se destaca do programa eleitoral apresentado pelo Partido Liberal?

EM: Como mencionei anteriormente, o National Child Care Program é algo que me deixa feliz. Eu trabalhei num programa que dava subsídios aos pais para ajudar com as despesas dos infantários e creches. Ficámos muito contentes porque pusemos um subsídio de 12 dólares por dia, o que dava cerca de 250/300 dólares por mês e ajudou muito! Eu como mãe também estava a beneficiar disso e depois o Doug Ford veio e retirou esse programa. Há muitas mulheres que deixam de trabalhar porque não compensa! É preferível ficar em casa a cuidar das crianças do que pagar os valores dos Day Care. Portanto, para mim, apesar de ser um bocadinho suspeita, acho que é esse o destaque principal do programa eleitoral do Partido Liberal.

Catarina Balça/MS

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