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Tony Gouveia no Portugal The Festa: Uma honra e um orgulho

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Tony Gouveia tem na forma como se apresenta ao público uma verdadeira imagem de marca. Vestido de negro, com um penteado, que marca pela diferença, este artista multifacetado tem desenvolvido um trabalho sustentado na área da música que, desde cedo, o fascinou. O gosto pela música portuguesa mais tradicional veio-lhe da proximidade com os mais velhos e o fado surge depois, mas o rock nunca saiu do topo das preferências deste homem que é, afinal, um músico e interprete polifacetado.

No próximo domingo, dia 14, Tony Gouveia vai ter oportunidade de participar no Portugal The Festa, na Nathan Philips Square e partilhar com todos, num dia cheio de significado, a sua grande paixão – a música. Tony Gouveia confessa sentir um grande orgulho por poder celebrar, com a sua arte, os que chegaram primeiro, abrindo caminhos para os que chegaram depois.

Milénio Stadium: Gostava de começar por, consigo, olhar um bocadinho para trás e olhar para a sua carreira não é aquilo que tem sido a sua caminhada na música. Quando e como é que começou nesta vida de artista, digamos.
Tony Gouveia: Já estava aqui no liceu e um dos meus amigos já tocava guitarra e então comecei a ganhar interesse pelo instrumento, mas até voltando atrás, quando eu e os meus pais chegámos ao Canadá, em 74, começámos logo a frequentar o Clube Português de Kitchener. Todos os fins de semana íamos ao clube e havia sempre um conjunto a tocar. Claro que havia alguns que eram os meus preferidos e acho que me influenciaram muito no diz respeito ao tipo de música de que comecei a gostar e a tocar mais tarde.
Entretanto, surgiu a oportunidade de criar o que se chamava, naquele tempo, um conjunto e nasceu a banda que se chamava Europa e estivemos juntos durante seis anos. Mais tarde tive que pôr um ponto final nesta banda porque fui estudar um ano para França. Em 86, quando voltei, aquele bichinho da música ainda por cá estava. E então, como a malta aqui da cidade de Cambridge, eu sempre morei em Kitchener, mas foi com a malta de Cambridge, que também já tinha uma outra banda e o vocalista ia sair, que surgiu o Tabu, que ainda hoje existe (já gravámos seis álbuns).

MS: E a carreira a solo, como se desenvolveu?
TG: O meu primeiro trabalho a solo surgiu já em 88. Nesse primeiro álbum havia rock, pop e até um bocadinho de blues. E depois começou a surgir na minha carreira o fado. Em 2005 gravei o meu primeiro álbum de fado e o segundo saiu em 2008. Este último foi um álbum que gravei em Portugal, com o Jorge Fernando, a Custódio Castelo na guitarra portuguesa e o Philip Larsson no baixo.

MS: Só neste pedacinho de conversa, acabamos por perceber como Tony Gouveia tem várias formas de se expressar musicalmente. O rock, uma coisa mais pop, e também o fado. Entre todas estas áreas, qual é, digamos, a sua “praia”? O que é que, realmente, o faz sentir mais pleno como artista?
TG: Eu tenho que dizer que é difícil definir, mas o rock estará sempre em mim. Embora nesta idade em que já estou, talvez seja o fado realmente é uma das minhas “praias” preferidas. No entanto, não deixo o rock de lado e é o que o que eu oiço também em casa, não é? E acho que tudo isto teve a ver com as bandas, os conjuntos que sempre ouvi nos clubes portugueses, que tinham também uma música sempre muito variada, então estamos sempre a ouvir muitos tipos de música, mas sem dúvida que o bichinho do fado entrou em mim e está cada vez mais presente.

MS: A comunidade portuguesa acolheu sempre bem o seu trabalho? Sempre teve uma grande proximidade à comunidade portuguesa, ao longo destes anos, não é?
TG: Sim, sem dúvida. Acho que os programas de rádio em língua portuguesa foram muito importantes e continuam a ser para divulgar a nossa música. Também os programas de televisão. Eu lembro-me que quando foi o lançamento do primeiro álbum que eu fiz a solo, eu fiz um espetáculo ao vivo de apresentação que foi gravado e filmado. Depois alguns meios de comunicação (por exemplo a OMNI TV) passaram muitas partes daquele concerto. As pessoas ficaram a conhecer-me como o Tony Tabu. Além disso, houve também a divulgação também dos jornais e revistas que me ajudou muito, sem dúvida. E é claro em termos de promoção houve também o passar de informação de “boca em boca”, ou seja, as pessoas viam e ouviam e depois passavam a informação para outras pessoas. Não foi uma coisa que eu tivesse feito muita publicidade. Tive sempre muita sorte de realmente as pessoas gostarem e telefonarem de novo e com novas propostas de contratos.

MS: Antes ainda de falarmos de domingo e da sua participação na Festa das celebrações dos 70 anos, gostava de saber o que é que lhe falta fazer, Tony Gouveia, nestas andanças da música? O que é que gostaria de alcançar que ainda não conseguiu?
TG: Ainda ter mais dimensão aqui mesmo no mercado canadiano? Já tive, já tive alguns sucessos, mas gostaria de ir ainda mais longe e levar a música ainda mais longe. Já participei em festivais de música aqui no Canadá que não são portugueses. No entanto, ainda há muito para fazer e ainda há muitos países para visitar. Já cantei em oito países, mas gostaria de ultrapassar ainda mais fronteiras.

MS: Tony, domingo vai estar presente numa festa que vai honrar os pioneiros, os primeiros portugueses a chegarem ao Canadá. Que significado tem para si a participação na tarde do próximo domingo (14), na Nathan Philips Square?
TG: Tenho muito orgulho e sinto-me bastante honrado em poder participar e ajudar a celebrar este grande evento. Fiquei muito feliz por ter sido convidado. Reconheço que os pioneiros sofreram bastante e tiveram uma transição muito mais difícil do que a minha. Eu vim com os meus pais e embora tenhamos tido algumas dificuldades, mas nada se compara com o que muitos dos nossos pioneiros tiveram que passar. E então foram realmente eles que abriram as portas e tornaram as coisas mais fáceis para os que vieram depois. Então é com imenso prazer e orgulho que vou participar.

MS: E o que é que nós podemos esperar da sua participação? O que é que vai cantar naquela tarde?
TG: Pois… eu pensei: já que estamos a celebrar os nossos pioneiros, os nossos primeiros, os que trouxeram a música portuguesa para cá (muitos trouxeram, quando puderam, instrumentos, outros construíram aqui guitarras portuguesas). Então eu vou interpretar a nossa música, a nossa canção nacional – o fado, e também vou apresentar músicas tradicionais portuguesas e outros sons de Portugal. Foi realmente a coisa que eu tive em mente de fazer – uma apresentação especial, não é? Não é só fado e não é Tabu. Sou eu e uns amigos que vamos então, desta maneira, relembrar alguns daqueles temas que os pioneiros e outras gerações de emigrantes portugueses trouxeram para cá. E devo dizer que alguns dos temas que eu vou cantar eu aprendi com pessoas que já estavam cá (a malta dos ranchos folclóricos), porque eu não tinha grande conhecimento da música tradicional portuguesa quando vim para o Canadá. E então foi cá que eu aprendi essas músicas também. Por isso é uma maneira também de retribuir e de dizer obrigado.

Madalena Balça/MS

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