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“Para uma cidade do nosso tamanho, estamos bastante seguros”

P.C. Peter De Quintal

Para uma cidade do nosso tamanho-toronto-mileniostadium
Créditos: Molly McTater

A noite que muitos poetas – portugueses e não só – transformaram em musa inspiradora, encontrando-lhe encantos e fascínios quase inesgotáveis. A noite que transforma as cidades e as pessoas, dando-lhes mais brilho ou, ao contrário, evidenciando o lado mais escuro da vida. A noite que esconde a diversão, os encontros, mais ou menos amigáveis, agressivos ou amorosos. A noite que sublinha a degradação humana enrolada em cobertores velhos e sujos. A noite que cobre com o seu manto o bom, o mau e o muito mau.

Há de tudo na noite de uma cidade como Toronto – grande, bonita, acolhedora para uns e para outros nem tanto. É à noite que se associa a ideia de insegurança – o medo do escuro, que incutiram a muitos de nós ainda crianças, perdura nas notícias que invariavelmente nos trazem os sons de tiroteio, os cheiros das drogas, a incerteza sobre o que é certo ou errado. 

P.C. Peter De Quintal é um dos que tem por missão defender a segurança de cada torontoniano, de dia e de noite. Tem uma visão privilegiada das várias faces da cidade e da missão que dia a dia, ou noite a noite, a força policial cumpre.  Para nos proteger e iluminar mesmo na noite mais escura. Ainda que Mário Quintana, poeta brasileiro nos tenha feito crer que “a noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão”. 

Milénio Stadium: Na perspetiva de alguém que cuida da segurança em Toronto, o que é que nos pode dizer sobre a noite na cidade?

Para uma cidade do nosso tamanho-toronto-mileniostadium
Peter De Quintal. Crédito: thestarwarscop

Peter De Quintal: Pode ser muito animado em certas alturas, especialmente quando se trata de fins-de-semana, sexta-feira e sábado à noite, quando as pessoas tendem a reunir-se mais. Penso que com as coisas a reabrirem e a voltarem lentamente a ser como eram, as pessoas querem realmente estar juntas. Algumas noites podem ser mais tranquilas e não lidamos com grandes incidentes e outras podem ser muito dinâmicas, com muita coisa a acontecer e nós somos muito reativos, indo de um lugar para o outro.

MS: Quais são as principais preocupações que a polícia tem neste momento relativamente ao controlo da segurança pública, numa altura em que tanto se fala de violência?

PDQ: Penso que todos precisamos de desempenhar o nosso papel para manter a nossa comunidade, a nossa cidade, segura. Precisamos de olhar uns pelos outros e nos certificarmos de que nos ajudamos uns aos outros. Para uma cidade do nosso tamanho, estamos bastante seguros em comparação com outras cidades da América do Norte. As estatísticas existem e mostram-nos isso mesmo. Encorajo os vossos leitores a verificarem o website do Serviço de Polícia de Toronto, olharem para a secção de Estatísticas de Crime e verem os números que contextualizam a criminalidade na cidade e não se focarem sempre e apenas no que os meios de comunicação social transmitem nas notícias.  Isto para dizer que todos nós temos um papel a desempenhar: se vir alguma coisa ou for vítima de um crime, por favor informe, mesmo que não pareça ser uma emergência, queremos ter a certeza de que todos estão seguros.

MS: Podemos afirmar que há zonas da cidade realmente perigosas à noite?

PDQ: Eu nunca iria querer destacar áreas da cidade, mas todos nós conhecemos a nossa comunidade e onde nos sentimos seguros. Acho que, por vezes, o que alguns acreditam ser inseguro, outros residentes podem não ver as coisas dessa forma. Sei que na comunidade onde cresci, no centro da cidade, as pessoas costumavam dizer-me que não era seguro, no entanto, na maior parte das vezes nunca senti isso. Todos nós temos as nossas próprias experiências e precisamos de nos lembrar que nem todos podem partilhar essas mesmas experiências. Se sentir que pode não ser seguro ir a algum lugar, então não vá. Ou se se sentir inseguro num lugar, por norma essa é uma boa altura para ir embora.

MS: Que conselhos pode dar aos leitores do Milénio Stadium sobre os cuidados a ter numa cidade como Toronto à noite?

PDQ: Diria que a mesma mensagem que nos ensinaram quando éramos crianças ainda se aplica quando crescemos e nos tornamos adultos: saia com amigos, há sempre segurança quando há mais pessoas juntas; assegure-se de que os outros sabem para onde vai e quando é suposto que regresse. Esteja atento ao que o rodeia e com quem escolhe envolver-se. Eu, por exemplo, que vou correr muito à noite uso mais equipamento refletor para garantir que estou visível para os veículos. Infelizmente, há alguns que nem sempre prestam mais atenção quando conduzem e outros que se aproveitam das pessoas, e temos de nos certificar de que fazemos o nosso melhor para não nos tornarmos uma vítima, nem nós nem os que nos rodeiam.

MS: Enquanto polícia, na sua visão, quais são as grandes diferenças na cidade entre o dia e a noite?

PDQ: Penso que durante o dia muitas pessoas andam por aí e por isso tendemos a receber chamadas diferentes, tais como furtos de retalhistas, pessoas que denunciam fraudes, disputas de vizinhos e delitos desse género. O turno do dia para mim foi sempre repleto de muitas chamadas, que por vezes eram coisas que tinham acontecido quando a pessoa se levantou, ou que estava a relatar do dia anterior, mas que dependiam do dia, outras vezes ao longo do dia as coisas podiam tornar-se mais graves. Os fins-de-semana são uma situação diferente, uma vez que estão mais pessoas fora e a divertir-se. É mais comum dizer-se que à noite se prende alguém por condução deficiente do que durante o dia. Há festas barulhentas e pessoas a entrar em brigas ou coisas mais violentas durante a noite, mas isso está longe de ser regra geral.

Para terminar gostaria de pedir que sejamos bons uns para os outros e que tratemos os outros da forma que queremos ou desejamos ser tratados. Estabeleça o padrão para si próprio, pois muitas vezes acredito que aquilo que se dá é aquilo que se recebe e que falar uns com os outros é uma boa forma de lidar com as circunstâncias.

Catarina Balça/MS

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