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O futebol português? É uma mina de ouro de material cómico – The Portugal Corner

 

O que acontece quando dois pares de irmãos (que se sentem como primos), descendentes de portugueses, todos amantes de futebol e de boas gargalhadas, se juntam? Pois… poderá acontecer muita coisa, na realidade, mas no caso de Evan Pandeirada, Kris Pandeirada, Justin Pinto e Patrick Pinto o que aconteceu foi o nascimento de um projeto em comum – o The Portugal Corner. E o que é isso? Imagino que seja essa a vossa pergunta. Pois bem, é um formato de podcast criado para conviverem e se divertirem a falar de futebol.

A verdade é que o que começou quase por brincadeira está a ganhar escala e as perspetivas de futuro podem ser bem animadoras, caso os quatro mantenham, juntos, a vontade e determinação de dar continuidade ao projeto. O desafio hoje é: conheça o The Portugal Corner, lendo esta conversa que tivemos com os seus autores e intervenientes. E e se gosta de se rir enquanto ouve falar de futebol, procure numa das inúmeras plataformas de streaming de áudio onde este podcast se encontra alojado e comece a seguir esta aventura dos manos/primos. Prometo que não se vai arrepender.

Milénio Stadium: O que vos levou a criar o The Portugal Corner?
The Portugal Corner: O nosso percurso começou com uma simples vontade de conviver e reencontrarmo-nos. Somos dois pares de irmãos, praticamente família, uma vez que as nossas mães são de S. Miguel, por isso sempre nos considerámos primos.
À medida que a vida foi ficando mais ocupada, demos por nós a afastarmo-nos, mas sempre que nos juntávamos, o futebol era a cola que nos mantinha unidos. Quer estivéssemos a debater a seleção portuguesa ou a liga local, era a nossa paixão comum.
Depois veio o Covid, e o tédio atingiu-nos em cheio. Por isso, decidimos lançar o “The Portugal Corner”. Com a experiência musical do meu irmão Kris e um estúdio improvisado, pensámos: porque não tentar? Não se tratava de habilidades extravagantes; tratava-se de arregaçar as mangas e pôr mãos à obra.
Vimos uma lacuna no mundo dos podcasts – ninguém estava a falar de futebol português em inglês com um ambiente descontraído. Quisemos manter a realidade, gozando connosco próprios e com o jogo. Claro, temos as nossas equipas favoritas, mas queremos dar a todos uma oportunidade justa.
Por isso, aqui estamos nós, apenas um grupo de rapazes, a divertirmo-nos a falar sobre crescer em Toronto e sobre o futebol português.

MS: Quando pesquisamos o nome do vosso podcast no Google, a descrição que aparece na lista de podcasts canadianos é “Uma abordagem cómica dos principais acontecimentos no mundo do futebol português (soccer), é o bom, o mau e o engraçado!”. Mais do que falar de futebol, a ideia é divertirem-se e entreter os ouvintes?
TPC: Desde o início que fomos claros quanto à nossa abordagem. Em primeiro lugar, sabíamos que não podíamos ser aqueles tipos que veem todos os jogos religiosamente e dissecam cada jogada como se fosse a vida ou a morte. E, sejamos sinceros, nenhum de nós estava a tentar ser um analista desportivo sério.
Por isso, optámos por um ângulo cómico. Quisemos manter as coisas leves e divertidas, com algum conhecimento genuíno pelo caminho, claro. O nosso podcast não se destina a afogar as pessoas em estatísticas ou a analisar todos os pormenores do jogo. Trata-se de passar um bom bocado enquanto se mantém razoavelmente informado.
O futebol português? É uma mina de ouro de material cómico. Desde as personagens peculiares aos resultados imprevisíveis, nunca faltam motivos para rir. E como fazemos parte da diáspora portuguesa em Toronto, temos uma perspetiva única para oferecer. Vivendo na cidade, deparamo-nos diariamente com todo o tipo de peculiaridades e estereótipos portugueses, e quisemos partilhar essas experiências também. Isso dá um toque pessoal ao podcast e torna-o mais acessível aos nossos ouvintes.

MS: Algum de vocês já trabalhou nos media?
TPC: Não, não particularmente. Eu próprio fui para a escola para fazer marketing desportivo (provavelmente outra razão pela qual estava motivado para dar início ao projeto), o Justin tinha ido para a escola para fazer relações-públicas, mas ainda não o tinha feito, e o Kris na música através de uma banda pop punk que teve a sorte de fazer uma digressão pelos EUA e pela Europa.

MS: O que precisaram de investir para arrancar com o projeto?
TPC: Montar o nosso estúdio não foi muito complicado, uma vez que já tínhamos uma boa estrutura. No entanto, tivemos de investir em algum equipamento extra, como microfones, hardware de som e melhores auscultadores para garantir uma qualidade de áudio de topo. Valeu a pena cada cêntimo.
Quanto a acompanhar os jogos, bem, digamos que se tornou um investimento semanal de tempo. Fazemos o nosso melhor para ver o máximo de ação futebolística possível, mas a vida acontece e, por vezes, temos de encontrar um equilíbrio. É tudo uma questão de encontrar o ponto ideal.
E se já sintonizaram o nosso programa, sabem que algumas garrafas de vinho português fazem praticamente parte do nosso ritual de gravação. A longo prazo, é provavelmente um grande investimento, mas não estamos a contar, e é uma boa maneira de apoiar as empresas portuguesas, suponho.

MS: Como está a correr o vosso projeto? Conseguem ganhar dinheiro suficiente para viver dele?
TPC: Apesar dos inevitáveis altos e baixos que a vida nos dá, o nosso projeto continua a prosperar. Talvez seja o sentido de camaradagem ou as expectativas mútuas que temos uns pelos outros que nos mantêm fortes.
Um dos aspetos mais gratificantes tem sido a descoberta de uma comunidade vibrante de fãs anglófonos do futebol português, predominantemente no X, mas também noutras plataformas de redes sociais. Estamos ansiosos por solidificar a nossa presença nesta comunidade e contribuir para a conversa em curso.
Embora o lucro financeiro nunca tenha sido a nossa força motriz, após 2,5 anos de dedicação, decidimos testar as águas lançando uma página no Patreon. Tem sido um começo modesto, com um punhado de seguidores fiéis que generosamente contribuem para financiar as nossas compras ocasionais de vinho. O seu apoio significa muito para nós e estamos imensamente gratos.
Não temos ilusões quanto a ganhar a vida com este projeto, mas quem sabe o que o futuro nos reserva? Com perseverança e dedicação, tudo é possível. Continuaremos a dedicar-nos de corpo e alma a este projeto de paixão, esperando que continue a crescer e a evoluir com o tempo. Afinal, como se costuma dizer, as coisas boas vêm para aqueles que esperam.

MS: Qual tem sido a recetividade dos ouvintes do vosso podcast?
TPC: Apesar dos números modestos, conseguimos cultivar uma comunidade muito unida que nos dá imensa alegria. É incrível ver as ligações que se formam através do nosso podcast, quer se trate de criar laços com outros entusiastas de todo o mundo ou de colaborar com criadores que pensam da mesma forma.
Uma dessas ligações levou-nos ao The Longball Futbol Podcast, em Inglaterra, onde estabelecemos uma parceria de apoio, encorajando os nossos ouvintes a explorar os conteúdos uns dos outros. Para além disso, convidamos regularmente um dos anfitriões do Sporting CP Podcast “All things Alvalade”, que vive em Toronto. Um novo amigo que não teríamos conhecido de outra forma.
Não foram apenas os colegas podcasters que nos contactaram; também recebemos mensagens calorosas de fontes inesperadas, como o dono de uma Churrasqueira, que dedicou algum tempo a expressar o seu apreço pelo nosso programa. Estas interacções fazem-nos sentir verdadeiramente ligados e parte de algo especial.
O feedback dos ouvintes tem sido impressionante, indo do Canadá aos EUA, de Portugal a Inglaterra, e até mesmo à Austrália. É incrivelmente gratificante interagir com fãs do futebol português de todos os cantos do mundo, sabendo que a nossa paixão partilhada transcende as fronteiras geográficas.
Também enviamos o nosso programa para a PAMA Media, que gere um meio de comunicação social de cultura portuguesa e uma rádio online. Embora tenhamos começado como um recurso durante os intervalos de música, eles desenvolveram um canal inteiro em torno de podcasts de cultura portuguesa de língua inglesa, do qual temos o prazer de fazer parte (PAMA Talk).

MS: Têm alguma ideia sobre o futuro deste projeto?
TPC: À medida que nos aproximamos da marca dos três anos, é evidente que este projeto se tornou uma pedra angular das nossas vidas. Apesar dos desafios – desde invernos gelados a noitadas e fins-de-semana cheios de futebol – mantivemo-nos firmes no nosso compromisso.
As nossas circunstâncias têm sido favoráveis, permitindo-nos reunir semanalmente e produzir o espetáculo sem falhas. Encontramos alegria no processo, saboreando cada oportunidade de nos reunirmos e partilharmos a nossa paixão com o mundo.
Embora gostássemos da ideia de o nosso podcast evoluir para algo mais substancial, estamos satisfeitos com o papel que desempenha como passatempo. Talvez a nossa incapacidade de dedicar mais tempo à promoção, ou a natureza de nicho do nosso conteúdo, tenha impedido o seu crescimento. Seja como for, estamos gratos pela plataforma que nos proporciona para nos ligarmos às comunidades portuguesas de língua inglesa em todo o mundo.
Seja como for, quer o nosso podcast atinja novos patamares, quer continue a ser um passatempo querido, uma coisa é certa: continuaremos a desfrutar da camaradagem e das experiências partilhadas que advêm do facto de sermos dois pares de irmãos que também são primos. Desde que nos estejamos a divertir todas as semanas, é só isso que importa.

MB/MS

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