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“Mandatos de vacinas também ajudam a proteger a nossa cadeia de abastecimento” – Ministério dos Transportes

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Credito: DR

Em declarações ao nosso jornal o gabinete do Ministro federal dos Transportes, Omar Alghabra, confirmou esta semana que o governo vai manter o mandato de vacinação para os camionistas transfronteiriços e exclui a hipótese de vir a financiar testes em vez de vacinas para os camionistas que não concordam com a política. O gabinete de Alghabra assegurou também que o mandato na fronteira não está a afetar a cadeia de abastecimento nacional, uma preocupação que tem sido levantada pelo Partido Conservador, a oposição oficial.  

Sobre a questão do abastecimento o ministro federal dos Transportes, Omar Alghabra, disse na segunda-feira (31) que não existe qualquer sinal de que o número de camiões que atravessam a fronteira entre o Canadá e os EUA tenha diminuído desde que as vacinas foram tornadas obrigatórias neste sector. 

Segundo Alghabra, mesmo com uma tempestade de neve e com um feriado nos EUA quase 100.000 camionistas atravessaram a fronteira na primeira semana que as vacinas foram tornadas obrigatórias para os camionistas. Uma tendência que, garante o ministro, continuou na segunda semana. 

O ministro dos transportes confirmou esta semana que se reuniu com líderes empresariais e industriais e associações para discutir os problemas da cadeia de abastecimento do Canadá e encontrar potenciais soluções. O próximo passo é reunir com grupos regionais e industriais para analisar a forma como as suas cadeias de abastecimento foram afetadas pela pandemia.

A nova task force da cadeia de abastecimento vai falar com os especialistas da indústria sobre soluções a longo e curto prazo e Otava disponibilizou $50 milhões de dólares para aliviar o congestionamento nos portos canadianos.

O Ministério da Segurança Pública divulgou que 105.100 camiões atravessaram a fronteira entre 20 e 26 de janeiro, uma ligeira descida em relação aos 111.287 camiões que passaram a fronteira no mesmo período em 2021. 

O líder do Bloc Quebecois disse na terça-feira (1) no Parlamento que o governo tinha de se reunir com os organizadores da manifestação em Otava para que a manifestação não se transformasse numa “ocupação”. Yves-François Blanchet concorda que as vacinas são a melhor proteção para sair da pandemia, mas lamenta que o primeiro-ministro não consiga chegar ao diálogo com este grupo.

Por outro lado, o primeiro-ministro Justin Trudeau foi claro e disse que não tinha intenções de fazê-lo. Na segunda-feira (31) Trudeau condenou os atos de violência da manifestação do fim-de-semana em Otava que incluíram urinar do Túmulo do Soldado Desconhecido, vandalizar a estátua de Terry Fox, roubar comida de sem-abrigos, instigar ao ódio e insultar empresários locais e habitantes. A investigação está em curso e Otava sublinha que no Canadá não existe lugar para este tipo de comportamento. Para citar Trudeau, “não vamos ceder àqueles que hasteiam bandeiras racistas e não cederemos àqueles que se dedicam ao vandalismo ou desonram a memória dos nossos veteranos”. 

Os receios de que a manifestação fosse violenta obrigaram a polícia de Otava a retirar a família de Trudeau da sua residência oficial e o autarca de Otava e os MP’s já pediram ajuda financeira para limpar os estragos da manifestação. Vários políticos de diferentes níveis de governo pediram aos manifestantes para voltarem para casa e para permitirem que a vida regresse à normalidade em Otava.

O autarca lamentou o vandalismo e disse que não ajudava os canadianos a entenderem as causas dos manifestantes e estarem solidários com eles. Segundo a polícia local o policiamento da manifestação está a custar cerca de $800.000 por dia aos contribuintes. 

Até agora a manifestação já custou mais de $3,000,000 em policiamento para gerir a manifestação e responder a emergências, mais de o dobro do dinheiro que as celebrações dos 150 anos do Canadá em Otava custaram em 2017. A Canadian Trucking Alliance (CTA), uma federação de associações canadianas de camionistas, avisou que grande parte dos manifestantes em Otava não têm nenhuma ligação com a indústria de camionagem e condenou os protestos. A CTA defendeu desde o início a vacinação e diz que quase 90% dos camionistas estão vacinados contra a COVID-19.  

Desde 15 de janeiro que o Canadá obriga estes trabalhadores transfronteiriços a estarem vacinados contra a COVID-19 e a mesma medida foi colocada em vigor pelo governo dos EUA a 22 de janeiro. 

No sábado, a partir do meio-dia, os manifestantes vão reunir-se em frente ao Queen’s Park. A polícia de Toronto está preparada para a manifestação e o autarca John Tory pediu aos manifestantes para não bloquearem o acesso aos hospitais. Abaixo publicamos a entrevista cujas respostas são atribuídas ao gabinete do Ministro dos Transportes. O Milénio Stadium tentou chegar à fala com os organizadores da manifestação, mas até ao fecho desta edição não obtivemos nenhuma resposta. 

MS: Porque é que o governo canadiano decidiu impor mandatos de vacinas aos camionistas transfronteiriços? 

Gabinete do Ministro dos Transportes (OMT): As vacinas são a nossa melhor ferramenta para sairmos desta pandemia. Proteger a saúde e a segurança dos canadianos e dos trabalhadores é a prioridade máxima para o nosso Governo. 

Os mandatos de vacinação também ajudam a proteger a nossa cadeia de abastecimento. Se os camionistas adoecerem e não puderem trabalhar, a mercadoria não vai ser entregue e as prateleiras vão ficar vazias. No interesse de ajudar a nossa economia e os nossos trabalhadores através da pandemia, as vacinas são uma ferramenta chave.

MS: Face à recente manifestação em Otava que se acabou por arrastar ao longo da semana, considera a possibilidade de reverter a política?

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Omar Alghabra, Ministro Federal dos Transportes.
Créditos DR.

OMT: O nosso governo comprometeu-se extensivamente com parceiros do sector dos camiões e da indústria e vamos continuar este importante trabalho. Em novembro de 2021, anunciámos a nossa intenção de avançar com este mandato a 15 de janeiro. A indústria dos camionistas fez um trabalho importante para encorajar a sua força de trabalho a ser vacinada e pelo que vemos agora quase 90% dos camionistas canadianos foram vacinados. Vamos prosseguir o nosso envolvimento com os nossos parceiros à medida que este mandato entrar em vigor.

MS: O governo canadiano considera pagar testes rápidos em vez das vacinas Covid-19 aos camionistas?

OMT: Este mandato baseia-se no aconselhamento e consulta com peritos em saúde pública. O nosso governo vai continuar a utilizar a ciência e os dados mais recentes para apoiar as nossas medidas. De facto, as vacinas são a nossa melhor ferramenta para ultrapassar esta pandemia e vamos continuar o nosso envolvimento com a indústria dos camionistas. 

MS: Um dos argumentos da oposição é que o mandato de vacinas aos camionistas vai criar problemas na cadeia nacional de abastecimento. Temos razões para estramos preocupados?

OMT: Não existiu nenhuma mudança significativa no tráfego transfronteiriço de camiões desde que o mandato entrou em vigor. As questões da cadeia de abastecimento são de facto um fenómeno global que tem sido exacerbado pela pandemia. O nosso governo está a trabalhar na abordagem destas questões da cadeia de abastecimento. Por exemplo, a 31 de Janeiro de 2022, o Ministro Alghabra acolheu uma Cimeira Nacional da Cadeia de Abastecimento que reuniu parceiros industriais, incluindo representantes da indústria de camionistas, para discutir desafios e soluções para as preocupações da cadeia de abastecimento. Continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos parceiros para assegurar a continuidade do fluxo de mercadorias através da fronteira, tal como tem acontecido desde que o mandato entrou em vigor.

MS: O ódio, racismo e violência não devem fazer parte de qualquer manifestação no Canadá. Que tipo de consequências é que estas pessoas vão enfrentar?

OMT: O nosso governo apoia o direito a uma manifestação pacífica e respeitosa. Contudo, é evidente que têm existido imagens de ódio e racismo durante estas manifestações, e nós condenamos isto nos termos mais fortes. Não há lugar para este tipo de ação no Canadá.

Joana Leal/MS

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