Em contrapartida, gastos com alimentação diminuíram. Agregados com crianças gastam, em média, mais 738 euros mensais.
Os custos com a habitação já pesam 39,1% na despesa média das famílias, praticamente duplicando face a 2000, altura em que respondiam por 19,8%. De acordo com os dados na manhã desta quarta-feira divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os agregados gastam, agora, uma média anual de 9452 euros com habitação, onde se inclui também os custos com água, luz e gás. Em sentido inverso, as despesas com alimentação viram o seu peso cair de 18,7%, em 2000, para os 12,9%, num valor médio anual de 3119 euros. Em sentido descendente, também os gastos com transportes (de 15% para 12,4%) e com vestuário e calçado (de 6,6% para 1,6%).
Analisando por tipo de agregados, aqueles que têm crianças dependentes a cargo gastaram, em média, mais 738 euros por mês, num total apurado pelo INE de 30.700 euros, que compara com a média nacional de 24.190 euros. Para esta diferença, refere o instituto, “contribuíram sobretudo os encargos com transportes e habitação, cuja diferença, entre os dois tipos de agregados familiares [com e sem crianças], superou, em ambos os casos, 100 euros mensais”. Olhando a estrutura da despesa, nos agregados sem menores a cargo a habitação respondeu por 41,7%, contra 33,8% no caso das famílias com crianças.
No Norte, a despesa superou a média nacional, fixando-se nos 25.057 euros, enquanto nos Açores ficou pouco acima dos 20 mil euros. Na Área Metropolitana de Lisboa a despesa anual média dos agregados apurada pelo INE foi de 24.491 euros, com a habitação a pesar 42,2%.
Crescimento superior à inflação
Apesar de alterações metodológicas neste inquérito aos orçamentos familiares, o INE procedeu a um exercício simplificado de apuramento dos resultados que permitiu confirmar o “ganho de importância na estrutura média da despesa média das famílias portuguesas dos encargos com a habitação”. Cruzando agora com o último inquérito, de 2015/2016, conclui-se que a despesa naquele indicador aumentou em quase três mil euros. Num “crescimento nominal de 45,4%”, que foi “superior ao que teria ocorrido se a despesa média das famílias com a habitação tivesse aumentado à taxa de crescimento do índice de preços no consumidor”.
No período em análise, “as rendas subjetivas reforçam-se como o grupo de despesa com mais contributo, de 20,1% para 27,4%”, refere o INE. Passando de um valor médio de 520 euros, em 2015/2016, para 786 euros, em 2022/2023. Seguindo-se os gastos com eletricidade e gás, “mas com perda de importância absoluta”: menos cem euros em média para a despesa total em habitação.
No capítulo da alimentação, apesar da perda de peso para os 12,9% anuais, o seu valor absoluto aumentou em 205 euros. Do lado dos cortes nos gastos, destaque para os cereais (-26 euros/ano) e para o peixe (-13 euros). Em sentido contrário, a despesa média anual aumentou com produtos pré-preparados (+64 euros), produtos hortícolas (+53 euros), carne (+50 euros), açúcar e confeitaria (+26 euros) e fruta (+22 euros).
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