Vítor M. Silva

Pensar na pena de morte é voltar à Idade Média

pena de morte - milenio stadium
Rope noose with hangman’s knot hanging in front of black background.

 

Uma sondagem, realizada aqui no Canadá, chamou-me a atenção esta semana. Esta pesquisa foi realizada pela Research Co. e qual não foi a minha surpresa ao constatar que a maioria dos canadianos, deseja a pena capital de volta.
Uma maioria de 54% dos canadianos, deseja que se aplique a pena radical de morte em caso de uma condenação por homicídio. E não temos aqui uma novidade pois já nesta mesma altura do ano, em 2022, se tinha feito uma sondagem com a mesma pergunta e a percentagem foi de 51%, como vemos subiu 3 % num ano.
Fico sem palavras ao ver a nossa sociedade virar à extrema-direita, buscando leis da Idade Média. A pena de morte já foi abolida no Canadá em 1976, mas antes disso as sentenças de morte eram transformadas em prisão perpétua. Temos que retroceder até ao ano de 1962 para encontrarmos o último assassinato por deliberação judicial. Nesta sondagem ainda podemos analisar que em Alberta chega aos 62% quem concorda com a pena de morte, assim como Saskatchewan, Manitoba e British Columbia, que ficam perto, rondando os 60%. Destaque para os 71% de quem vota Partido Conservador que mostram, querer retroceder civilizacionalmente, e matar em vez de julgar. Mas ainda mais desiludido fico com os 48% de quem vota Liberal, é no mínimo inexplicável. Mas não será preferível corrigir, recuperar e educar um ser humano ao invés de lhe cortar a cabeça?
Quantas e quantas vezes, ao final de anos, se percebe que determinada pessoa foi injustamente condenada e executada. O aumento da violência e de assassinatos não se resolve com mais assassinatos. O Governo não muda nada a vestir o papel de assassino. Engraçado como a extrema-direita recrimina quem aborta e depois é favorável à pena capital, um dos muitos contrassensos do populismo que só quer imitar Hitler, Mussolini, Franco ou Salazar. Estes não tinham problemas em fazer execuções públicas. É isto a que queremos voltar? Dizem que se é de esquerda se favorável ao aborto e contra a pena de morte, mas os de extrema-direita defendem o direito do feto á vida porque é sagrada e o direito de matá-lo depois de nascer se ele der errado. Uma pessoa que é contra o aborto, mas é favor da pena de morte é como uma pessoa que se considera vegetariano e come peixe. A China é o país onde mais se aplica a pena de morte. É esse o exemplo que queremos seguir?
Na Europa, só a Bielorrússia tem esta aberração instituída na lei. Em Portugal, digo com orgulho, a pena de morte foi abolida em 1867. Aliás, Portugal foi mesmo o primeiro estado soberano moderno a abolir a pena de morte.
Temos um partido em Portugal que defende a pena de morte, o CHEGA de André Ventura. Claro que ninguém fica admirado, o que a mim me espanta é que este líder partidário tenha seguidores depois de tudo o que se passou com o fascismo em Portugal. Terão as pessoas memória curta? Esta semana começou a primavera e foi precisamente no dia 25 de Abril, que está próximo, que a Poesia saiu a rua e que a primavera era Poesia. Mais do que palavras, precisamos de líderes fortes que nem sequer deixem que estas pessoas adeptas de políticas da Idade Media pensem em governar.

“O governo não é uma razão, também não é eloquência, é força. Opera como o fogo; é um servente perigoso e um amo temível; em nenhum momento se deve permitir que mãos irresponsáveis o controlem.”

George Washington

Vítor M. Silva/MS

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