Vítor M. Silva

A vergonhosa marcha neonazi nos 50 anos de Abril

 

Foi pedida autorização para a realização de uma marcha neonazi em Lisboa. Sabemos que a autorização para que esta se realize recai sobre a Câmara de Lisboa não podendo o Governo, mais concretamente, o ministério da Administração Interna interferir nesta decisão, segundo parecer já dado por parte da Procuradoria-Geral da República. Num Estado de Direito qualquer manifestação tem o direito a sua realização. Estamos ainda num Estado de Direito, mas será legal esta manifestação ter como princípio discursos de ódio e violência, racismo e xenofobia?

O tema desta manifestação é “Contra a Islamização da Europa“ e está agendada para o dia 3 de fevereiro. Não sei se a entrada massiva na Europa de muçulmanos está a ser realizada da maneira mais prudente. Esta situação deve motivar as diferentes forças políticas e o Governo a concretizar, urgentemente, reformas progressistas que ponham tampão a algumas situações menos aceitáveis e garantam um acolhimento digno e inclusivo, respeitando quanto possível a diversidade daqueles que escolhem Portugal para trabalhar e viver com as suas famílias, tendo aspiração legítima de construir melhores condições de vida. O discurso de ódio está espalhado pelas conversas de café e pelas redes sociais, sendo mesmo preocupante e podendo desencadear violência nas ruas e estados de guerra civil nas ruas de Portugal.

Não sou contra a liberdade de expressão, mas incentivar o ódio não é liberdade de expressão, parece claro para mim que é crime, sendo este muito nefasto para a sociedade que o 25 de Abril nos ofereceu, celebrando este ano 50 anos desde a Revolução dos Cravos. Vai por isso uma grande diferença entre o discurso de ódio e a liberdade de expressão. Temos todos como agentes de bem da sociedade a obrigação de não sermos fios condutores de ideologias de extrema-direita, que nunca saíram da cabeça de alguns que gostariam de ter perpetuado o professor Salazar na cadeira do poder.

O filósofo Santo Agostinho dizia que par a par com a liberdade anda a responsabilidade, eu diria deveria andar a responsabilidade, se o santo me permite. Esta manifestação querem fazê-la contra uma minoria. Começou com os ciganos e agora atacam os muçulmanos. Mas onde CHEGOU Portugal? Se não temos condições para receber quem quer que seja que não se receba, mas depois de estarem em Portugal devem ser tratados de igual forma a qualquer português.

Respeite-se o ser humano por igual. Vamos parar com tentativas de políticas da Idade Média. Sejamos os descendentes orgulhosos dos portugueses que descobriram o mundo, dos portugueses que imigram e são bem recebidos por esse mundo fora. O preconceito deve ficar de lado. Estes 50 anos de democracia não merecem tentativas de assassinato de um estado de direito.

“Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista.”
Angela Davis

Vítor M. Silva/MS

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