África

Poluição atmosférica em África é “assassino silencioso”

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Cairo entre as cidades do continente africano em rápido crescimento. Foto: KHALED ELFIQI/EPA

A poluição atmosférica nas cidades africanas está em rápida expansão e é mais mortal do que se temia, mas as soluções verdes poderiam salvar dezenas de milhares de vidas, refere um estudo.

“A poluição atmosférica [nas cidades africanas] é elevada e está a aumentar, está a aumentar muito rapidamente”, disse Desmond Appiah, diretor ganês do Fundo Ar Limpo, organização não-governamental (ONG) britânica que publicou o estudo. “É um assassino silencioso”, alerta. A poluição urbana tem sido largamente negligenciada em África, de acordo com o estudo. A população africana é predominantemente rural e só recentemente sofreu um êxodo para os centros urbanos.

Pesquisas anteriores na publicação de referência “Lancet Planetary Health” concluíram que o ar tóxico – particularmente partículas e gases provenientes da indústria e dos transportes, mas também de fogões a lenha – causou a morte prematura de 1,1 milhões de pessoas em 2019. Em comparação, 650 mil pessoas morreram de doenças relacionadas com o VIH/sida em todo o mundo no mesmo ano, de acordo com dados das Nações Unidas.

O estudo analisou a situação em quatro cidades do continente africano em rápido crescimento – Acra (Gana), Cairo (Egito), Joanesburgo (África do Sul) e Lagos (Nigéria) – para avaliar os custos de saúde, ambientais e económicos da poluição.

Compara os resultados entre uma trajetória “business-as-usual” (sem promover alterações) até 2040 e um cenário verde em que as cidades tomam medidas para melhorar a qualidade do ar, tais como a melhoria dos transportes públicos e a introdução de fogões mais limpos. A adoção de uma abordagem verde poderia salvar 125 mil vidas e 20 mil milhões de dólares (sensivelmente o mesmo em euros) em custos e também reduzir as emissões nestas cidades em cerca de 20% até 2040, de acordo com o estudo. Se nada mudar, a fatura financeira irá aumentar seis vezes.

“O crescimento económico de África será impulsionado por cidades em rápida expansão”, refere o Fundo Ar Limpo – estima-se que mais de 65% da população do continente viva em áreas urbanas até 2060. “No final do século, a África terá cinco das 10 maiores megacidades do mundo. A grande questão agora é quão rápido, quão justo e quão sustentável este crescimento será“, disse a ONG.

Entretanto, um grupo de investigação baseado em Boston, o Instituto para os Efeitos na Saúde (HEI, na sigla em inglês), advertiu esta quinta-feira que o custo humano da poluição atmosférica em África está entre os mais elevados do planeta. Na África subsaariana, a taxa de mortalidade por poluição atmosférica é de 155 mortes por 100 mil pessoas, quase o dobro da média global de 85,6 mortes por 100 mil pessoas, disse o organismo, num relatório.

JN/MS

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