Como tudo na vida, há um fim
Morreu Dr. Francisco Sampaio, uma das maiores figuras do Minho.
Uma das pessoas ímpares da região do Minho, a pessoa que do meu ponto de vista, mais lutou para promover o turismo no Norte e, mais concretamente, o distrito de Viana do Castelo. Tive o grato prazer de o ter como amigo e ser seu amigo, era uma pessoa afável, de bom trato e sempre disponível nas mais diversas solicitações. Foram congressos, viagens pelo continente, ilhas e cidades da Europa, como Paris, Madrid, Vigo, entre outras na divulgação da gastronomia do Minho. Foram presenças em todos os casinos do país com a gastronomia e artesanato do Minho, palestras em que no final ninguém ficava sentado. Era de uma sabedoria que se podia estar horas a fio a ouvir este senhor a falar do bom que o Minho tem. Foram feiras de gastronomia pela europa fora, continente e ilhas, a boa gastronomia, vinhos e doces sempre em primeiro lugar.
Com este senhor aprendi a saber ouvir e aprendi muito sobre os usos e costumes da nossa bonita região do Minho. Que saudades dos velhos tempos da RTAM, o Minho deve-lhe muito, era um lutador, investigador, dos usos da região. Era um historiador regional onde deixou marcas, professor e etnógrafo, lançou centenas de textos publicados na revista “A Falar de Viana”, é o autor de dezenas de títulos, sobre temas de caráter histórico, arqueológico, turístico, etnográfico e gastronómico. Foi também colaborador de várias publicações do Alto Minho, redigiu o estudo que serviu de base à “Declaração de Interesse para o Turismo” da Romaria d’Agonia, que acabou por ser aprovada em 2013, um dos lutadores na criação do Museu do Traje em Viana do Castelo, um dos maiores conhecedores das tradições em torno da Romaria de Nossa Senhora da Agonia”. Durante 40 anos organizou o cortejo histórico etnográfico das Festas de Nossa Senhora d’Agonia, foi fundador da Confraria dos Gastrónomos do Minho, foi professor no ensino secundário, no Instituto Superior de Turismo e Empresas, foi membro da Comissão Instaladora da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, onde foi professor e coordenador do curso superior de Turismo, e ainda presidente do conselho pedagógico.
Homem com H grande, foi um membro ativo no processo de constituição da RTAM, organismo a que presidiu entre 1980 e 2009. Foi um lutador da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, sempre defendendo a instalação da sede no Castelo Santiago da Barra, onde ainda se mantém. Foi presidente da Assembleia Municipal da Câmara Municipal de Caminha. Como professor no Instituto Politécnico de Viana do Castelo, usando a sua mestria e sabedoria, ensinou grandes talentos hoje a trabalhar no turismo que passaram pelas mãos deste Senhor. Sempre bem-disposto e só dizia não, se mesmo não pudesse.
Dedicou sua vida na investigação dos usos e costumes da região e a trabalhar em prol da mesma, tinha um respeito e admiração pelos emigrantes que se dedicavam voluntariamente na divulgação dos usos e costumes das suas regiões, sempre apoiou projetos qualitativos e de interesse para a região. Todos sabemos que o Minho cresceu em termos turísticos fruto do empenho de muitas individualidades de grande prestígio local, a figura do Dr. Francisco Sampaio está entre os nomes maiores que contribuíram para o engrandecimento e para o prestígio da Região.
Falar sobre este amigo não é fácil, havia amizade. Quando soube que eu ia regressar a este país veio ter comigo para me dar dicas, julgando que ia continuar com a atividade que nos aproximou, palavras difíceis de esquecer e o último abraço. Tinha uma sabedoria de cultura regional como ninguém, esteve em todos os países de língua portuguesa, passou pelas maiores faculdades, e nunca passou de um simples senhor pobre, sábio e mestre no que dizia.
Descanse em paz amigo Dr. Sampaio, até um dia.
Bom fim de semana.
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