FYI

Diferentes idiomas – diferentes formas de pensar

 

milenio stadium - Idiomas

No filme “A Chegada” (2016), uma linguista tem a missão de decifrar o que dizem os alienígenas que vieram à Terra. O objetivo seria saber se eles representam ou não uma ameaça. Com o tempo, conforme ela passa a compreender a linguagem dos extraterrestres, também passa a compreender o tempo de uma maneira diferente, sendo capaz de “ler o futuro”.

Claro que essa parte de leituras futurísticas deixamos para os filmes e para quem tem esses dons. Mas será que, na vida real, a linguagem é capaz de influenciar na maneira como nós pensamos? A ciência diz que sim. E hoje explicamos como.

Línguas diferentes expressam ideias bastante distintas, mesmo quando se estão a referir a um mesmo evento. Por exemplo: quando dizemos “tenho que ir ao meu médico”, indicamos, logo aí, o género da pessoa que nos vai atender: se é um homem ou uma mulher. Porém, para falantes de idiomas em que os substantivos não estão tão ligados ao género, isso não acontece. Em inglês diríamos “I have to go to my doctor” – e isso não nos permite saber se é um médico ou uma médica.

Para algumas comunidades que não estão familiarizadas com a ideia de posse, não é possível expressar uma quantidade específica. Por exemplo: na Amazónia, existem algumas tribos que falam o idioma pirarrã. Nesta língua é possível dizer se existem muitos ou poucos peixes, porém eles não têm palavras para expressar quantidade (não é possível dizer, “existem 27 peixes aqui”, apenas “existem muitos peixes aqui”).
Em outras línguas, como o mian por exemplo, falado em Papua-Nova Guiné, um verbo indica o tempo que a ação aconteceu (assim como no português). Porém, na Indonésia, a indicação do tempo não está ligada ao verbo nas frases. Apenas essa variação linguística é capaz de afetar a perceção e interpretação do tempo para os falantes.

Passado, presente e futuro

Ainda não é possível prever o futuro apenas porque aprendemos uma nova língua. No entanto, para falantes de determinados idiomas, a maneira como se pensa em futuro e passado pode variar. Um exemplo bastante conhecido pela ciência é o de falantes que leem da esquerda para a direita (como é o nosso caso) e daqueles que leem da direita para a esquerda, que interpretam o futuro nestes sentidos, respetivamente.

Porém, estas não são as únicas formas de se ler o tempo. Um exemplo particularmente interessante é o dos falantes de kuuk thaayorre, língua do povo Thaayorr. Vivem num assentamento na Austrália, e a sua linguagem está muito ligada às coordenadas geográficas. Ao invés de falar que algo está à sua direita, falam que aquilo está a sul ou sudeste.

Num estudo realizado por investigadores da universidade da Califórnia, foi feita uma experiência com os três grupos de pessoas (falantes de inglês, hebraico e kuuk thaayorre). O objetivo era que eles organizassem fotos que mostravam progressões temporais (como o envelhecimento de um homem, por exemplo). Nos dois primeiros casos, as fotos eram colocadas da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, respetivamente. Mas quando era um falante de kuuk thaayorre que deveria organizar as imagens, eles colocavam-nas sempre de leste para oeste. Quando estavam de frente para o sul, as cartas eram colocadas da esquerda para a direita. Quando estavam de frente para o leste, as cartas vinham na direção do corpo. Isso acontecia em todas as direções, embora eles nunca fossem avisados para qual lado estavam virados durante o teste.

Interessante, não acham?

Na verdade, saber várias línguas é sempre uma ferramenta útil para a nossa vida – enquanto profissionais, mas sobretudo enquanto pessoas. É uma grande mais-valia que, bem aproveitada, pode então fazer-nos ter perspetivas de momentos e situações de forma diferente, dependendo o idioma que reproduzimos.

Kika/MS

Redes Sociais - Comentários

Artigos relacionados

Back to top button

 

O Facebook/Instagram bloqueou os orgão de comunicação social no Canadá.

Quer receber a edição semanal e as newsletters editoriais no seu e-mail?

 

Mais próximo. Mais dinâmico. Mais atual.
www.mileniostadium.com
O mesmo de sempre, mas melhor!

 

SUBSCREVER