A nossa casa vista do espaço
A tecnologia espacial, especialmente alguns satélites, estão a dar-nos uma perspetiva do nosso planeta que antes não era possível, permitindo uma visão global e integrada da vida na Terra.
Existe uma enorme diversidade e quantidade de satélites que permitem o estudo e monitorização de diversas vertentes da vida do nosso planeta. Mais de 150 países têm satélites em órbita, sendo que a maior parte são militares ou de comunicações. No entanto, dos mais de 5.500 satélites atualmente em órbita, cerca de 500 são relacionados com a exploração científica da Terra e do espaço, sendo que cerca de 70 são quase exclusivamente dedicados à observação de condições climatéricas e meteorológicas.
A conquista do espaço revela-se como fundamental no estudo do planeta, permitindo a investigação, observação e monitorização do estado de saúde da Terra e a sua evolução. Os satélites revelam-se como preciosas ferramentas para o estudo do clima, da atmosfera, dos oceanos e do próprio interior do planeta.
A partir do espaço conseguimos estudar áreas inacessíveis e remotas da Antártida, do Ártico e doutros locais inexplorados ou onde dificilmente podemos colocar humanos ou instalar equipamentos científicos para o estudo e conhecimento desses ambientes e locais.
Com os nossos equipamentos em órbita conseguimos monitorizar extensões e espessuras de gelos das calotas polares, conhecer a evolução das florestas, desflorestação e incêndios, verificar a subida do nível médio dos oceanos e das suas correntes, monitorizar a temperatura das águas, erosão costeira, poluição marinha, movimentos de massas de ar, furacões, temperaturas, humidade do ar, poluição atmosférica, migrações de animais, ocupação do solo por exploração agrícola, evolução da desertificação, etc., etc., etc…
Muitos instrumentos de medição são utilizados nos satélites, mas bastam as imagens captadas por estes para estudar diversos fenómenos na superfície da Terra. Partindo da análise de imagens é possível criar uma diversidade imensa de mapas e verificar a evolução de inúmeros fenómenos e verificar as transformações que vão ocorrendo em toda a dinâmica do planeta, desde a geologia, clima, ocupação humana passando por fenómenos como o El Niño, ou mapear a progressão de manchas de poluição nos oceanos. Comparando fotos tiradas do espaço tiradas em diferentes momentos e aos longo de anos, conseguimos avaliar as alterações que vão ocorrendo no nosso planeta.
A nível internacional existem muitos programas específicos para o estudo e conhecimento do ambiente da Terra a partir do espaço: apresento, a título de exemplo, o Copernicus, programa da ESA (European Space Agency), que tem em curso um conjunto de missões de batizadas de Sentinelas, em que cada missão é baseada numa constelação de dois satélites, atualmente já com sete unidades em funcionamento, equipados com instrumentos como radares ou de captação de imagens multi-espectro para monitorização oceânica, terrestre e atmosférica, tendo o primeiro lançamento sido efetuado em abril de 2014.
No site da ESA na página dedicada ao programa pode ler-se: “Os dados do programa Copernicus são usados em todo o mundo e são gratuitos. Sobre os oceanos, mede a temperatura, a cor e a altura da superfície do mar, bem como a espessura do gelo marinho. Estas medições são utilizadas, por exemplo, para monitorizar mudanças no clima da Terra e para aplicações mais práticas, como a poluição marinha. Sobre os solos, esta inovadora missão monitoriza os incêndios florestais, mapeia a forma como os solos são usados, verifica a saúde da vegetação e mede a altura dos rios e lagos.”
Enveredar pelo caminho do conhecimento só trará vantagens, e olhando de fora para a Terra permitirá aumentar a admiração e o respeito por este único e fantástico mundo… a nossa casa.
Paulo Gil Cardoso/MS
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