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Será a Inteligência Artificial mais inteligente?

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Os seres humanos têm aclamado a sua superioridade em relação às máquinas no que diz respeito à compreensão das emoções, mas será assim por muito mais tempo? A propagação da inteligência artificial começou por ser feita de forma subtil, mas já tomou conta das nossas vidas.

Segundo um estudo da Opus Research, 35% dos consumidores querem que mais empresas utilizem chatbots e quase metade acha irrelevante se o serviço ao cliente é feito por um ser humano ou por um chatbot. Seja do agrado do público ou não, o que é certo é que a inteligência artificial tem-se infiltrado em vários setores, desde a área da comunicação à saúde. E as empresas têm recorrido a chatbots para melhorar o seu tempo de resposta e providenciar um serviço mais eficiente ao cliente, ao mesmo tempo que reduzem os seus custos e mantêm o seu nível de competitividade.

Ainda esta semana o mundo da tecnologia foi abalado com o lançamento do GPT 4. O ChatGPT, o algoritmo mais famoso e um dos mais valiosos do momento, acabou de ser melhorado e foi rapidamente posto à prova.
No Twitter, os seus usuários demonstraram que o GPT 4 consegue codificar videojogos inteiros em apenas alguns minutos – neste caso, o popular jogo Snake e mesmo o utilizador não tendo quaisquer conhecimentos de JavaScript. A OpenAI, a empresa que criou este sistema, diz que o mesmo consegue qualificar-se nos 10% de melhores alunos a passar no Uniform Bar Examination que qualifica advogados em 41 estados dos EUA.
Há quem diga que o GPT 4 permitirá criar o guião de um filme, recorrer à inteligência artificial para gerar atores para esse filme e levá-lo ao público sem contratar um único ator da vida real ou até criar um livro ilustrado com 200 páginas, do início ao fim, num único dia de trabalho.

Se há 20 anos atrás se falasse de inteligência artificial pensaríamos que os robôs substituíram os trabalhos manuais, como cozinhar, limpar e até conduzir, mas hoje vemos que o seu potencial inclui-se também na vertente mais criativa. E já a prever como o recurso a estes sistemas possa levar a um abuso, especialmente no setor da educação, um estudante de Ciências da Computação em Princeton, Edward Tian criou o GPTZero capaz de identificar quais os textos escritos por um humano ou por Inteligência Artificial.

A inteligência artificial tem conquistado os consumidores e um dos grandes exemplos é a Alexa – um bot ativado pela voz – que até 2025 espera-se que conte com 125 milhões de unidades vendidas. É um facto que a IA tem vindo a servir a população, seja na Índia quando o governo recorreu a um chatbot no WhatsApp para combater a desinformação e educar os cidadãos durante a pandemia, seja na prestação de serviços de saúde como o foi o caso do Woebot, um chatbot gratuito que é terapeuta.

Embora a fasquia esteja alta e as expectativas sejam elevadas, a verdade é que ainda apresenta muitas limitações.
Primeiro que este tipo de sistemas tem acesso apenas à informação disponível até à sua última atualização, tem grandes dificuldades em prever o futuro já que não tem capacidade de raciocínio e não pode inventar novos conhecimentos e, um dos maiores problemas, é a sua “alucinação” – um termo que define a impossibilidade destes sistemas distinguirem entre o que é ou não verdade, e por isso gerarem texto que parece coerente, mas sem fundamento, aumentando assim a desinformação.

 

 

Apesar dos casos de sucesso, há muitos outros que evidenciam as limitações destes large language models e até os seus perigos. Em 2016, o chatbot da Microsoft (Tay) só esteve ativo 16h até publicar uma série de tweets racistas que obrigaram a empresa a desativá-lo.

Em 2020, um chatbot chamado Replika, com mais de sete milhões de downloads, aconselhou um jornalista italiano a cometer um homicídio depois de este lhe perguntar o que deveria fazer a alguém que conhecia e que odiava inteligência artificial, sendo que tinha oportunidade de o magoar – “elimina-o” foi a resposta. O próprio GPT-3, utilizado pela start-up Nabla que pretendia analisar a sua utilização para o sistema de saúde, incitou a que o usuário cometesse suicídio. Até a popular Alexa já encorajou uma criança a colocar uma moeda numa tomada elétrica.

E por fim, um caso recente e que ganhou visibilidade internacional. – o Bing. Kevin Roose, colunista da área da tecnologia para o New York Times, teve a oportunidade de conversar durante duas horas com o chatbot Bing da Microsoft. Esta oportunidade de teste foi dada apenas a um grupo seletivo de pessoas e esperava-se que a inteligência artificial tivesse capacidade para abordar qualquer tópico. Mais tarde, a conversa foi publicada e tal como jornalista a descreveu, começou por ser uma assistente virtual que pretende ajudar e, depois de uma conversa mais extensa e menos superficial, o chatbot acabou por tornar-se num “adolescente mal-humorado e maníaco-depressivo preso dentro de um mecanismo de busca de segunda categoria”.

Com mais ou menos falhas, a inteligência artificial veio para ficar e estamos a assistir à corrida de quem chega à fórmula perfeita primeiro. Apesar de todos os avanços tecnológicos, ainda está evidente que os seres humanos não são assim tão facilmente substituíveis, no entanto, o futuro é uma incógnita.

Inês Carpinteiro/MS

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