Quando se perde um carro por roubo… Muito mais vai de arrasto

O aumento exponencial de registos de roubo de carros para além de todos os transtornos para os proprietários e até algum risco, de vida, no caso de carjackings, tem implicações significativas para as companhias de seguros e em consequência para os segurados. A cada incidente, que implica indeminizações elevadas e outras despesas, como por exemplo com a necessária investigação do sucedido, os custos já por si elevados dos seguros automóveis passam a pesar ainda mais no bolso do detentor da apólice e todos os restantes segurados. A perceção de risco aumenta, quando há uma zona ou uma cidade que acumula incidentes de roubo de viaturas o que leva a aumentos nos prémios de seguro para todos os proprietários de viaturas.

O roubo de automóveis é, neste momento, uma crise nacional que custa aos canadianos mais de 1,2 mil milhões de dólares por ano e põe seriamente em perigo a segurança pública. Estes veículos roubados estão a ser vendidos e grande parte das receitas financiam o crime organizado, que inclui o tráfico de armas, drogas e outros crimes relacionados.

O roubo de automóveis custa a cada condutor no Ontário uma média de $130 por ano. Mas isso é apenas uma parte da história. Os cidadãos do Ontário estão a pagar mais de $1,6 mil milhões para cobrir os custos associados ao furto de automóveis – desde a aplicação da lei e recursos judiciais, à angústia mental de ser vitimado, até aos custos económicos gerais. O furto de automóveis prejudica toda a gente. Quando os ladrões roubam, todos nós pagamos.

A crise do furto de automóveis está também a criar comunidades inseguras em todo o país. Qual é a gravidade da situação? Um em cada quatro canadianos afirma que o seu carro ou o de alguém que conhece foi roubado nos últimos cinco anos.

Como já tivemos oportunidade de sublinhar na nossa página 3, a maioria dos canadianos (84%) afirma que o aumento do furto de automóveis os deixa preocupados com o potencial aumento global da criminalidade na sua comunidade. Quase 70% dos canadianos estão preocupados com a sua segurança pessoal ou com a segurança da sua família devido ao aumento do furto de automóveis. E muitos de nós estão preocupados com o facto de poderem ser vítimas de roubo de automóveis.

Precisamos de uma abordagem de toda a sociedade para inverter este estado de coisas: nenhuma organização ou indústria pode resolver o problema do furto de automóveis por si só. A solução começa com a coordenação pelo governo federal de uma estratégia nacional de combate ao furto de automóveis, centrada no combate à exportação ilegal de veículos roubados, depois ao nível provincial será também necessário garantir mais policiamento e segurança pública, mas também pode passar por cada um de nós que, conscientes do perigo, tudo fazemos para o evitar. No entanto, como reconhece Peter Almeida, Senior Account Executive da RDA, Insurance Bonds and Financial Services, é difícil protegermo-nos completamente contra o roubo de veículos, mas podemos sempre tentar.

Milénio Stadium: O roubo de carros no Canadá tem aumentado. Que impacto este facto tem tido nas companhias de seguros e até nos segurados?
Peter Almeida: O impacto tem sido severo, tanto para as companhias de seguros como para os tomadores de seguros, do ponto de vista financeiro. As companhias de seguros têm pagado milhões em indemnizações, o que afeta as perdas globais da companhia de seguros e, consequentemente, afeta o titular da apólice com o aumento dos prémios.

MS: Que tipo de proteção têm os segurados numa situação de perda total da viatura, por roubo?
PA: Se os segurados tiverem uma Cobertura Abrangente na sua apólice, então o valor atual do veículo está coberto em caso de roubo ou vandalismo. Os clientes que compram/alugam um veículo novo têm a opção de adquirir um endosso opcional de “Renúncia à Depreciação”, que reembolsará o titular da apólice pelo valor total do veículo sem dedução da depreciação. Esta cobertura tem um limite de tempo determinado – normalmente, um período de 24 meses a partir da data de compra do veículo; algumas seguradoras podem oferecer a cobertura até um período de 60 meses.

MS: Quais são os passos que devem ser tomados pelo segurado logo que o roubo aconteça?
PA: O segurado deve comunicar imediatamente o furto do veículo à polícia e, logo que possível, à companhia de seguros.

MS: Quanto tempo demora até o segurado ser ressarcido pela companhia de seguros?
PA: Em geral, o processo deve demorar 30 dias, a partir do momento em que o sinistro é comunicado à companhia de seguros, até ao momento da regularização. Podem existir outras circunstâncias que provoquem um atraso. No entanto, 30 dias é um período de tempo razoável.

MS: Pode acontecer o segurado não ser ressarcido? Em que circunstâncias?
PA: Pode haver problemas com o reembolso se a propriedade do veículo não for a mesma do titular da apólice. Também pode haver uma disputa, se a companhia de seguros estiver a investigar o assunto – ou seja, pode haver circunstâncias suspeitas envolvidas no roubo do veículo. O tomador do seguro pode não ter a cobertura necessária para o veículo roubado.

MS: Que tipo de seguro deve ser contratado para garantir que vamos ter apoio da companhia de seguros numa circunstância destas?
PA: Se o titular da apólice e o registo do veículo estiverem no mesmo nome e a apólice tiver uma cobertura abrangente, a companhia de seguros não deverá ter problemas em suportar o sinistro.

MS: Que conselhos pode dar a quem lê este jornal, para se protegerem do roubo de viaturas automóveis?
PA: É difícil proteger-se completamente contra o roubo de veículos. No entanto, existem disponíveis no mercado muitas tecnologias de recuperação de veículos. A instalação de um ou mais dispositivos antirroubo, como um alarme auto-armado ou uma unidade de desativação da ignição, pode servir de dissuasor e também proporcionar alguns descontos nos prémios. Alguns sistemas de localização por satélite podem ajudar a polícia a desmantelar redes de roubo de automóveis e a recuperar veículos roubados em toda a América do Norte. Outros dispositivos, como o dispositivo de bloqueio do volante, também são dissuasores. Estacionar o veículo numa garagem e não numa entrada ou na rua também dificulta a tarefa dos ladrões.

Madalena Balça/MS