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Paula Medeiros (AD) ou Vítor Silva (PS) A escolha é sua!

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São duas figuras bem conhecidas da comunidade portuguesa residente em Toronto. Ambos consideram que reúnem as condições necessárias para construir a ponte necessária entre as necessidades e anseios da comunidade portuguesa residente no Canadá e o Estado português.

Paula Medeiros, não reside atualmente no Canadá, mas viveu em Toronto durante 10 anos, onde trabalhou no Consulado-Geral de Portugal. Conheceu bem, na altura, a comunidade e hoje afirma que continua com uma ligação muito próxima com os portugueses aqui residentes. Como candidata integrante da lista da Aliança Democrática, AD, às eleições legislativas de Portugal, pelo círculo de Fora da Europa, considera que a realidade associativa e social da comunidade serão as áreas onde será mais necessária intervenção política e apoio.

Vítor Silva, é empresário e vive no Ontário. Tem desenvolvido laços de muita proximidade com as organizações associativas da comunidade aqui residente. Faz parte da direção do Magellan Community Foundation. Considera estar perfeitamente habilitado e preparado para exercer as suas funções como parte integrante da lista do Partido Socialista, candidata às eleições legislativas de Portugal, pelo círculo de Fora da Europa. Acredita no projeto do Partido Socialista que, segundo Vítor Silva, “aposta na continuidade e melhoria do trabalho feito nos últimos anos”.

As eleições acontecem em Portugal no próximo dia 10 de março, o voto por correspondência dos eleitores residentes no Canadá terá que ser colocado nos correios até ao dia 9 de março. Escolha o que entende ser melhor para o representar, vote!

Madalena Balça/MS

Paula Medeiros

Milénio Stadium: Resolveu integrar a lista da AD, pelo círculo Fora da Europa, nestas eleições legislativas que se realizarão no próximo dia 10 de março. Quais foram as razões que a levaram, a aceitar este desafio?
Paula Medeiros: Por se tratar de uma equipa de candidatos com experiência e conhecimento ímpar na matéria das migrações, nomeadamente da Diáspora Portuguesa.
Tenho vontade de continuar a trabalhar com a nossa comunidade, de defender e promover os direitos da diáspora e principalmente aprender com a pessoa que mais e melhor sabe trabalhar com as comunidades portuguesas, Dr. José Cesário, que pela sua personalidade e gosto genuíno pelas comunidades tem vindo a realizar um trabalho de proximidade que visa colmatar as necessidades expressas por cada comunidade.

MS: O facto de ter vivido e trabalhado em Toronto durante 10 anos, deu-lhe um conhecimento suficientemente profundo do que é hoje a comunidade portuguesa radicada no Canadá, para sentir que, de certo modo, a pode representar?
PM: Durante o período em que residi no Canadá tive a oportunidade de fazer trabalho voluntário, junto da nossa comunidade em diversas áreas como na integração de portugueses recém-chegados ao Canadá (Working Women Community Center), acolhimento e integração de crianças no sistema educativo e recreativo canadiano (St Christopher House), entre 2023 e 2015 estive como coordenadora do núcleo de leitura da Casa do Alentejo, bem como membro do board of Directors do Centro Abrigo. Realizei, ainda, trabalho de apoio a pessoas sem-abrigo e pertenci a grupos de apoio a pessoas em situação irregular.
Para além disso, exerci funções no Consulado-Geral de Portugal em Toronto.
Como responsável pelo gabinete social conheci de perto as dificuldades sentidas pela comunidade portuguesa do Ontário e até mesmo de Montreal.
Obviamente que existem sempre alterações em termos sociais, durante estes últimos anos tenho mantido contato com alguns líderes da comunidade, do movimento associativo e por vezes recebo pedido de apoio social por parte de algumas colegas de profissão, funcionárias de instituições de solidariedade social o que me garante, por um lado, uma visão global da nossa comunidade e por outro continuar a apoiar dentro das minhas possibilidades.

MS: Na conferência de imprensa de lançamento da candidatura da AD em Toronto, considerou que a comunidade está “abandonada” e falou muito em particular da população mais envelhecida. Quais são os fundamentos desta sua perceção?
PM: A comunidade portuguesa mais idosa residente no Canadá tem sofrido desalentos relacionados com a atribuição de pensões portuguesas e agendamentos nos serviços consulares.
Aguardam mais de dois anos por uma resposta a um pedido de pensão à segurança social portuguesa, não se consegue estabelecer contato telefónico com estes e outros serviços administrativos como os consulados, chegam a entrar em desespero. A atribuição de uma pensão é um direito cujo deferimento em pleno período da Troika não ultrapassava os 6 meses.
Os nossos seniores têm de se deslocar de outras cidades para renovação de documentação no Consulado-Geral de Toronto, fazem horas de viagem e na maioria das vezes não são atendidos, visto existir a obrigatoriedade de agendamento prévio e realizado via eletrónica, regressam a casa sem qualquer tipo de apoio por parte do único serviço administrativo português prestado em Toronto. Lamentável.
Impossível não nos preocuparmos com quem trabalhou em e por Portugal, por quem cuidou e lutou pelo nosso futuro. Garantir o mínimo de dignidade aos pensionistas, ex-combatentes e quem muito se orgulha em ser português significa devolver o serviço de presenças consulares, sendo este um serviço criado pelo PSD e muito apreciado pela nossa diáspora, que para desânimo da nossa comunidade encontra-se suspenso.

MS: Seguindo a sua linha de raciocínio, de que modo a AD pode garantir que a comunidade voltará a sentir-se protegida e devidamente acompanhada pelo Estado português? Ou seja, quais são as vossas propostas que são concretamente dirigidas aos portugueses que residem fora de Portugal e também fora da Europa?
PM: As nossas propostas são as seguintes:
Pretendemos que haja um sistema de atendimentos de caráter misto no consulado geral de Portugal em Toronto;
Um serviço de Helpline/ Call center consular com um horário mais extensível com possibilidade de agendamento telefónico;
Retorno das presenças consulares, permitindo um serviço de proximidade e menor fluxo ao Consulado;
Mais formação e interação entre o movimento associativo canadiano e o português, facilitando os intercâmbios entre os dois países, promovendo a formação e proporcionando um maior interesse e conhecimento pela cultura portuguesa;
Estreitar a relação entre os membros do Conselho das Comunidades, os luso-eleitos, estabelecendo uma rede de contatos e apoio interinstitucional;
Passaporte português válido por 10 anos;
Estabelecer o direito do voto eletrónico;
Investir num sistema ensino de língua portuguesa mais acessível e adequado às necessidades dos portugueses no estrangeiro;
Proporcionar um serviço especializado do Gabinete de Apoio ao Emigrante municipal, serviços estes ainda desconhecidos e, por vezes, inacessível aos nossos emigrantes;
Investir num programa Regressar a Portugal mais aliciante e ajustado a quem pretende voltar a trabalhar ou investir em Portugal;
Maior e melhor acompanhamento e monitorização da rede consular.

MS: Durante os dias em que esteve em Toronto a fazer campanha pela AD, contactou diretamente as Associações e Clubes e teve, aliás, a oportunidade de participar em alguns eventos comunitários e falar com as pessoas que lá estavam. Com que ideia ficou do estado atual da vida associativa comunitária e do que, se a AD ganhar as eleições, poderá fazer nesta área?
PM: A continuidade dos nossos clubes é uma preocupação dos atuais dirigentes, tive conhecimento de um clube histórico fora da cidade de Toronto que até ao momento, não conseguiu eleger uma nova direção colocando em risco a sua existência. O apoio consultivo, formativo, entre outros tipos de apoio, poderá ajudar na reestruturação de algumas das nossas associações.Os nossos Clubes e Associações são de uma grandeza e riqueza sociocultural que não podem ser esquecidos ou descuidados pelo governo português.
Visitas regulares por parte de quem nos governa ajudam a criar laços, compreender e apoiar em determinadas problemáticas e assumir compromissos. Situação não verificada nos últimos anos, verifica-se um afastamento de quem nos governa e, inevitavelmente, um abandono e incompreensão da realidade vivida pela comunidade luso-canadiana. As visitas institucionais de acompanhamento às altas instâncias do Estado Português não são sinónimo de trabalho de terreno, não permite observar os problemas sentidos a nível local nem assumir compromissos que visam a mudança e melhoria da vida dos portugueses residentes no estrangeiro. É crucial que a comunidade seja representada por quem desenvolveu e pretende continuar a realizar um trabalho de proximidade.

MS: Sabemos que são muitos os emigrantes que consideram que não vale a pena votar nas eleições portuguesas, alegando que não vivem em Portugal. O que tem a dizer a essas pessoas?
PM: A qualidade dos nossos serviços consulares depende da nossa participação cívica, é fundamental expressar o nosso direito de voto. O direito aos serviços de segurança social, às pensões, cidadania são questões de caráter político, temos de votar, de modo a zelar pelos nossos direitos.

MS: Mais especificamente, porque é que um eleitor português que reside no Canadá, na sua opinião, deve votar AD?
PM: Comprometemo-nos com uma governança de proximidade que vai ao encontro das reais necessidades da nossa comunidade, este é um dos compromissos cumpridos pelo PSD no passado ao qual pretendemos dar continuidade através da Aliança Democrática.
Facilitar a comunicação entre a nossa diáspora, os serviços administrativos e o governo português têm um caráter prioritário na nossa agenda.
Vote em que acredita num país com uma melhor gestão económica, melhores serviços de saúde e educação, por quem trabalhará por um país com sentido de justiça e coesão social.
Apelo ao voto na mudança. Vote na Aliança Democrática.

 

Vítor Silva

Milénio Stadium: Resolveu integrar a lista do PS, pelo círculo Fora da Europa, nestas eleições legislativas que se realizarão no próximo dia 10 de março. Quais foram as razões que o levaram, a aceitar este desafio?
Vítor Silva: Fui convidado pelo Secretário-Geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, e pela estrutura nacional do Partido Socialista e aceitei. Estou aqui e acho que, eu melhor do que ninguém, posso falar com “Lisboa” e dizer realmente o que se passa no Canadá.
Tenho aqui a minha vida. Sei os anseios e sei aquilo que os portugueses precisam para ficarem mais satisfeitos. Não podia dizer que não e aceitei com prontidão este desafio, conjuntamente com o professor Augusto Santos Silva que é o cabeça de lista; a Ana Contreiras que está no Brasil; e a Francisca Beja que está em Macau. Somos uma lista espalhada pelo mundo. Quero acreditar que o PS vai eleger os dois deputados. São dois os deputados eleitos pelo círculo de fora da Europa.

MS: Considera que tem um conhecimento suficientemente profundo do que é hoje a comunidade portuguesa radicada no Canadá, para sentir que, de certo modo, a pode representar?
VS: Não só tenho um conhecimento profundo, como estou preparado para a representar.

MS: A candidatura da AD, na sua conferência de imprensa, considerou que a comunidade portuguesa, residente no Canadá, está “abandonada” pelo Estado português e ainda que esse “abandono” se sente muito em particular junto da população mais envelhecida. Quais são os comentários que faz relativamente a esta perceção da candidatura adversária?
VS: Não vou falar da candidatura adversária, se me permite, pois não tem sido, até agora, o meu foco. O meu foco são os portugueses e, concretamente, a comunidade portuguesa residente fora do território nacional. E esta foi valorizada aqui em Toronto com a visita, só no ano de 2023, de: ministra da Justiça; Ministro dos Negócios Estrangeiros; do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e do nosso cabeça de lista do Partido Socialista pelo círculo fora da Europa, Augusto Santos Silva. Respondi à sua questão sem ter que me alongar mais.

MS: Quais são as propostas que estão incluídas no programa eleitoral do PS e são concretamente dirigidas aos portugueses que residem fora de Portugal e também fora da Europa?
VS: Tudo tem que ser feito com uma boa relação entre os deputados, além de um maior desenvolvimento do conselho das comunidades como parceiros ideais dos trabalhos dos deputados e das associações. Por exemplo, Toronto é muito rico em associações, clubes, jornais, televisão e rádios. É muito rico nisso tudo e se os deputados conseguirem ter uma rede com todas essas associações, naturalmente que vão conseguir fazer um melhor trabalho.
A comunicação entre os deputados e os portugueses que estão fora de Portugal tem de ser feita através desses clubes, associações.
Penso que só assim conseguiremos melhorar a comunicação. São inúmeros os laços que unem Portugal e as suas comunidades – laços familiares, afetivos, de costumes e tradições, de língua e cultura, de associativismo e participação política.
O compromisso dos candidatos do PS aos círculos da Europa e de Fora da Europa é o de desenvolver esses laços, reforçando as políticas dirigidas à diáspora, para os portugueses residentes no estrangeiro, com o recenseamento automático e a facilitação do voto por correspondência, a modernização dos serviços consulares, o apoio social, o apoio ao associativismo, o programa Regressar, o apoio ao investimento da diáspora, entre outras medidas. Queremos agora prosseguir e ir mais longe, com base num conjunto de medidas agrupadas, a saber:

  • Elaborar o Plano Estratégico para a Diáspora;
  • Aumentar a capacidade de atendimento consular;
  • Abolir a propina de acesso ao Ensino de Português no estrangeiro e alargar a sua rede;
  • Melhorar a comunicação entre os Deputados que representam as comunidades na Assembleia da República e os seus eleitores;
  • Reforçar o apoio ao associativismo na diáspora;
  • Melhorar a comunicação entre os serviços do Estado português e os portugueses residentes no estrangeiro;
  • Desenvolver e reforçar o Programa Regressar;
  • Reforçar a ligação económica às comunidades;
  • Apoiar o património cultural ligado às comunidades;
  • Valorizar do papel das mulheres da diáspora.

MS: Qual é a sua visão sobre o estado atual da vida associativa comunitária e, se o PS ganhar as eleições, o que se poderá fazer nesta área?
VS: A língua portuguesa é o grande motor. Vejo isto com esperança nos clubes e associações, pois estou muito envolvido. Vou todas as semanas às associações e clubes portugueses e faço parte do conselho de administração da Magellan [Community Foundation] que é um grande projeto para a terceira idade, um dos projetos mais importantes desde que os portugueses chegaram ao Canadá, há 70 anos.
Eu olho para a Associação Cultural do Minho que é um clube português que tem uma média de idades na direção de 23 anos. Deixa-me com esperança para o futuro. Há associações muito antigas. Estive numa festa promovida pela Associação Migrante de Barcelos, que tinha muita juventude. Estive na Casa dos Açores com muita juventude. A presidente é uma jovem. Portanto, as coisas não estão assim tão más. O que é necessário fazer é garantir que a língua portuguesa não se perde e falar português é meio caminho andado para os jovens poderem ir a estas manifestações culturais.

MS: Sabemos que são muitos os emigrantes que consideram que não vale a pena votar nas eleições portuguesas, alegando que não vivem em Portugal. O que tem a dizer a essas pessoas?
VS: Convido-os para que, antes do dia 7 [de março], votem. Votem no Partido Socialista, mas se não quiserem votar no PS, votem na mesma. É a única maneira de darem a vossa opinião e o voto é a única maneira de manter viva a democracia.

MS: Mais especificamente, porque é que um eleitor português que reside no Canadá, na sua opinião, deve votar PS?
VS: É porque queremos defender as comunidades portuguesas e não desistimos do nosso país que precisamos de arregaçar as mangas, pôr mãos à obra e olhar o futuro nos olhos. Para continuar a avançar, precisamos de mais ação. Só um governo do PS, com um novo impulso, possui a experiência, a preparação e a capacidade para melhorar a vida dos portugueses – com segurança e sem aventuras.
Precisamos do voto de todos para construirmos um Portugal Inteiro e que a comunidade portuguesa residente no estrangeiro faça parte desse todo.

 

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