Temas de Capa

Ou se dorme, ou se come

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Créditos: DR

Mesmo a classe remediada, que em Portugal hoje não existe, tem dificuldades em gerir as suas contas… como vive a classe mais baixa? 

O bom gestor vem do berço. Quem não souber gerir as contas próprias nunca será grande gestor e nunca chegará a lado nenhum, mas a questão é que nos últimos anos acabaram com a classe média e os ricos ficaram mais ricos e os pobres aumentaram. Não ficaram mais pobres porque pior do que estavam acho que não existe, ou então vivem no passeio. Não vamos ter pena dos tais que se gostam de fazer e não fazem contas à vida, esses são péssimos a gerir seja o que for.

Quando ouvi o tema escolhido para esta semana, engraçado seja, que já tinha pensado em opinar sobre este assunto. Muitas vezes, agora em tempo de campanha para as legislativas, fala-se tanto, mas diz-se muito pouco. Alguns andam mais preocupados em mostrar os dotes de dançarinos, outros a insultar os adversários, do que pensarem nos problemas do país, outros andam muito preocupados com a perda do tacho, isto é o nosso Portugal, anda tudo atrás do mesmo e são mil a enganar um. Por isso em Portugal os problemas mais graves ninguém os vê, mesmo os que são afetados diretamente, por uma razão muito simples, estão na mira do partido que vai anunciar mais um subsídio. Atenção que eu adoro o meu país, isto não é uma critica, mas sim uma realidade sobre a qual eu tenho que opinar. Em todo o mundo há dificuldades, nuns países mais que noutros, dificuldades em países mais desenvolvidos é mesmo para quem é alérgico ao trabalho, e querem tirar vinho de onde outros nem água conseguem. Já em Portugal as coisas são outra música e tocadas com outros instrumentos, é muito difícil decidir se vão dormir descansados e agasalhados ou se vão comer e dormir ao relento. Um país com uma percentagem elevadíssima a viver acima dos seus rendimentos, isto é, as despesas são superiores à receita. Hoje os trabalhadores a receberem o salário mínimo devem andar acima de um milhão, é uma média de 22% dos trabalhadores, mas mesmo os que ganham acima de mil euros e tem dois filhos passam a ter as mesmas dificuldades ou piores que um cidadão solteiro, então reparem em contas redondas, um apartamento com um quarto fora do centro, anda entre os 500 e 800 euros, isto nas cidades onde se procura ter um emprego digno e mais bem pago, se for na província as coisas rondam entre os 300 e 400 euros, mas depois vamos ao supermercado e aí o bico fica sem cheiro, ou se poupa para pagar a renda ou se come uma alimentação equilibrada. Então como vai ser? Pobres das crianças que são as mais prejudicadas. 

Para um casal sem filhos, para uma semana vai ser preciso leite, pão, arroz, batatas, ovos, frango, bife, peixe, alguma fruta, alguns legumes, água, vinho ou cerveja etc., e não podem encher o carrinho das compras com coisas de marca, tudo sem nome, mesmo assim precisam no mínimo de 80 a 100 euros, a multiplicar por quatro semanas anda nos 320 a 400 euros por mês para se ter uma alimentação mais ou menos. Juntando a renda com a alimentação chegou-se aos 1,200 euros em despesas essenciais, mas falta a despesa com transporte para se deslocarem para o local de trabalho, seguro de carro se tiverem, já para não falar em lazer etc., a ganhar o ordenado mínimo, ou mesmo acima dos mil euros mensais vão ter de cortar em muita coisa. Ou se come ou se dorme ao relento, ou sem condições mínimas, e é o que acontece atualmente. Tudo isto porque ainda há uma taxa de analfabetismo muito grande, há que fazer mais pela alfabetização para que as pessoas tenham mais capacidade de compreender um texto e o que ouvem, assim passam a saber definir o bom do mau e até onde podem esticar. Mas também… num país que tem um desequilíbrio tão grande nos ordenados… é mesmo um país socialista e ninguém fala nisso, mas as pessoas adoram, e ninguém mostra as misérias porque as telhas cobrem muita coisa. Se muitas pessoas soubessem a miséria que existe em certas casas, tenho a certeza de que muitas vezes pensavam duas vezes antes de exagerar em certos gastos, mas mais uma vez eu digo, o povo é que gosta. 

Portugal precisa de um governo com sabedoria de governação equilibrada e não criador de desigualdades, favorecimentos que só leva o país a desgraças e bancarrota. Hoje para viver num país como Portugal tem que se saber gerir muito bem. O custo de vida dos bens essenciais está no mesmo patamar do Canadá e os ordenados têm uma grande diferença. A única coisa que se sente uma grande diferença é no lazer, tipo, ida ao restaurante, museus, bares, beber um bom vinho em casa ou até no restaurante, porque de resto, meus amigos, safe-se quem puder. Não é preciso ser muito inteligente, é preciso é ser esperto.

Bom fim de semana.

Augusto Bandeira/MS

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