Évora e Açores afastam padres que estão na lista da Comissão Independente

A Arquidiocese de Évora e a Diocese de Angra do Heroísmo afastaram três padres que estão na lista de alegados abusadores que foi compilada pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa. O afastamento é preventivo até que seja concluída a investigação sobre as denúncias relativas a estes padres.

A informação foi revelada em dois comunicados emitidos pela Arquidiocese de Évora e pela Diocese de Angra do Heroísmo, nos Açores, esta quarta-feira. Em causa estão três padres, dois dos Açores e um de Évora. “Enquanto decorrem as investigações, o prelado eborense decidiu pelo afastamento cautelar do sacerdote do ofício de pároco e de todas as atividades pastorais que incluam contacto com menores, sem prejuízo da sua presunção de inocência”, informou a Arquidiocese de Évora.

O afastamento surge na sequência do relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, apresentado publicamente no dia 13 de fevereiro. A Comissão fez chegar ao Arcebispo de Évora, no passado dia 3 de março, os nomes de dois alegados abusadores, referidos nos testemunhos recolhidos.

O primeiro “morreu há alguns anos”, pelo que o processo “considera-se extinto”, refere o comunicado. O segundo nome “não trazia nenhuma informação complementar e a investigação efetuada nos arquivos diocesanos não encontrou nenhuma denúncia ou inquirição prévias”, explicam.

A informação complementar foi pedida à Comissão Independente que respondeu terça-feira, dia 7 de março, dando conta de alegados abusos “ocorridos contra rapazes na década de 1980, no Seminário Menor”, adianta a Arquidiocese.

Perante estes dados, o Arcebispo de Évora “pediu à Comissão Diocesana de Proteção e Segurança de Menores e Pessoas Vulneráveis para dar início à investigação prévia que seguirá depois para o Dicastério da Doutrina da Fé, em Roma”. A informação foi igualmente enviada para o Ministério Público e, enquanto decorrem ambas as investigações, o padre fica suspenso preventivamente.

Oitos casos denunciados nos Açores

Nos Açores, foram denunciados oito casos de alegados abusadores. Três padres e um leigo que foram denunciados já morreram. Dos restantes quatro, a Comissão Independente considerou relevantes as denúncias relativas a dois sacerdotes: um de São Miguel e outro da ilha Terceira.

“O bispo diocesano já falou com ambos e, em conjunto acordaram, que os sacerdotes em causa ficarão impedidos do exercício público do ministério até ao final do processo de investigação prévia, que já foi iniciado na Diocese e de acordo com as normas canónicas”, informou a cúpula da Igreja em Angra do Heroísmo. Igualmente seguirá a participação ao Ministério Público.

Ao contrário de outras Dioceses, a de Angra do Heroísmo é taxativa na forma como vai tratar estes casos: “A diocese de Angra tudo fará para que os abusos não tenham mais lugar. A Igreja não pode sequer tentar esconder a tragédia dos abusos. Agiremos com tolerância zero para com os abusadores e disponibilizamo-nos para acolher, escutar e reparar a vida de todos os que foram abusados, sejam os que já denunciaram, sejam os que no seu silêncio e vergonha continuam a sofrer sozinhos”.