Luís Barreira

Notas soltas de uma orquestra desafinada!

luis politica portuesa - milenio stadium

 

Não havendo alterações significativas no panorama político português e internacional, para além do adensar dos problemas existentes, tornando a realidade atual e o seu futuro cada vez mais difícil de imaginar, hoje deixo-vos apenas alguns apontamentos diversos.

Em Portugal, o governo maioritário do PS apresentou na Assembleia da República e antes de dar conhecimento do seu Orçamento Geral do Estado para este ano, o seu inventário de medidas imediatas a realizar, onde se destacam: a diminuição dos impostos sobre os combustíveis para particulares e empresas (até que a União Europeia decida se aprove a proposta de descida do IVA de 23% para 13% para estes produtos); um conjunto de medidas de apoio às famílias mais carenciadas e outras destinadas a combater na origem a inflação (evitando de imediato aumentar salários, que provocaria um aumento da inflação) que, embora inferior à que se verifica nos restantes países europeus, já ultrapassou os 5%.

Naturalmente que a oposição, de acordo com o ideário político particular de cada partido, contestam a razão de algumas dessas medidas e não aplicação de outras embora, no seu conjunto, critiquem o governo de não ter acautelado no seu projeto as disposições necessárias para enfrentar a particular situação de guerra que está a condicionar todas as economias europeias, entre as quais a nossa.

Não sei (porque também não o disseram…) se estas últimas críticas da oposição ao Governo português se destinavam a que este apresentasse um conjunto de iniciativas dentro de um quadro de uma “economia de guerra” o que, para além da enorme incerteza geral atual, sobre o resultado do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, iria ter como consequências uma enorme instabilidade económica e social, instalando o pânico na sociedade, com cortes no PIB e no nível de vida dos portugueses. E, nesse caso, não faltariam as críticas da oposição à perda do poder de compra dos portugueses, com greves e manifestações de toda a ordem, corroendo todos os esforços para manter o défice externo dentro dos limites e a paragem da inflação. Em síntese, parece-me que ainda não há motivos reais para condenar as atitudes do governo e todo o ruído agora criado pela oposição não passa de um seu sinal para dizer que ainda está viva, pese embora o maior partido da oposição, o PSD, ainda não tenha encontrado um líder, o CDS já não ter representação parlamentar, o PCP e o Bloco de Esquerda estarem muito diminuídos e o Chega a vociferar contra tudo e contra todos.
No plano internacional e sobre a invasão da Rússia, esta decidiu abandonar as suas posições no norte e no oeste da Ucrânia (julga-se por ter tido enormes baixas no confronto com a resistência ucraniana), decidindo juntar as suas forças numa batalha decisiva no sul e leste do país, por forma a condicionar o acesso da Ucrânia ao mar (principal trânsito de exportação deste país), tentando conquistar toda a região do Dombass e a sua ligação com a anexada Crimeia. Entretanto, nas regiões que abandonou, os crimes de guerra cometidos pelos russos e seus mercenários revoltam toda a Europa, pela selvajaria contra os civis que deixou patenteada em todas essas zonas agora libertas e em ruínas.

Outros fatores preocupantes juntam-se agora à já problemática situação provocada por esta guerra que deixou de falar em paz!

A primeira volta das eleições presidenciais francesas, que decorreu no passado domingo (10), que teve como resultado o apuramento de dois candidatos, Emmanuel Macron (o atual Presidente) e Le Pen, a uma segunda volta dentro de 15 dias. Já não é a primeira vez que o partido de extrema-direita e antieuropeísta de Le Pen concorre às eleições francesas, disputando a presidência da França e galvanizando uma fatia de eleitores apreciável (desta vez obteve 23,4%, contra 27,8% de Macron), situação que, noutra oportunidade, gostaria de comentar os porquês deste resultado. Embora o terceiro candidato, Jean-Luc Mélenchon (que obteve 22%), de uma considerada esquerda, tenha aconselhado os seus eleitores a não votarem Le Pen na segunda volta, sem precisar que deveriam votar Macron, todas as estatísticas dão a vitória final ao atual Presidente, aliviando o susto de vermos uma Europa estilhaçada, pela governação da França por um partido de extrema-direita. Affaire a suivre!…

Outra circunstância que provoca um certo temor no agravamento da situação conflituosa com a Rússia é o propósito da Suécia e da Finlândia, países “encostados” à fronteira com a Rússia, quererem agora aderir à NATO. Se bem que se compreende o receio dos suecos e finlandeses face ao “urso russo”, após o fim da guerra com a Ucrânia e as eventuais tentativas de invasão dos seus países, suscitar agora a sua adesão à Aliança Atlântica, é mais “uma pedrada no charco” dos problemas existentes e ainda sem resolução à vista, que não deixará de provocar retaliações por parte de Putin e uma escalada ainda mais perigosa de conflitos em toda esta região do globo.

Na mesma sequência de acontecimentos gravosos, soube-se agora que a China decidiu entregar à Sérvia, aliada de Moscovo, um conjunto de mísseis dotados de grande alcance e alta tecnologia, ignorando-se se tal vai acabar nas mãos do regime russo e a forma deste fornecimento bélico ter sido uma maneira habilidosa de ultrapassar a anterior posição chinesa de não ceder armas à Rússia, ou se vão ficar na Sérvia, o que não deixa de representar um perigo adicional na região dos Balcãs, onde teve lugar uma guerra horrível de grandes proporções e cujo fim não deu ainda lugar a uma pacificação entre países vizinhos.

Enfim, aqui fica um conjunto de “notas soltas”, que não dão lugar a uma suave melodia primaveril que todos desejaríamos, porque alguns instrumentos (de guerra…) tendem a desafinar a orquestra deste sofredor planeta!

Luis Barreira/MS

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