70 Anos no Canadá

70 anos… e a contar

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É já bastante longa a história de cooperação e ligação entre o Canadá e Portugal. Se as relações diplomáticas se estabeleceram formalmente há 71 anos, a amizade, essa, já conta com muitos mais. Os dois países partilham hoje de uma visão semelhante de assuntos basilares tais como direitos humanos, igualdade de género ou até mesmo a preocupação crescente relacionada com as alterações climáticas e a gestão sustentável dos oceanos.

No que à presença de portugueses em território canadiano diz respeito, sabe-se que a mesma se iniciou, de forma regular, a partir do início do século XVI. Contudo, o dia 13 de maio de 1953 ficou – e ficará – para sempre marcado na história como o mais importante marco da imigração portuguesa para o Canadá. Foi nesse dia que atracou no porto de Halifax, na Nova Escócia, o navio Saturnia. Dele desembarcaram os primeiros 218 imigrantes portugueses, que se lançaram, literalmente, para o desconhecido. Os relatos de angústia, sacrifício e más condições por que passaram surpreendem… mas mais surpreende a capacidade que estes bravos homens tiveram em não desistir e, contra tudo e todos, seguir em frente até alcançarem o desafio e o propósito de uma vida. Aquela que, até então, não tinham tido.

Quando se aproxima o dia em que se comemoram 49 anos de liberdade, de fim da ditadura, é muito significativo que a casa da democracia (e da liberdade de expressão) tenha acolhido um colóquio de celebração desta tão simbólica data. O Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Canadá organizou, esta quarta-feira, dia 19 de abril, o colóquio “Comemoração dos 70 Anos da Chegada dos Pioneiros Portugueses ao Canadá”, que teve lugar na Assembleia da República, em Lisboa. O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, presidiu à Sessão de Abertura deste colóquio, em que estiveram também presentes o deputado Ricardo Baptista Leite, Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Canadá, o conselheiro político da embaixada do Canadá em Portugal, Jeffrey Heaton e o Comendador Manuel DaCosta, da Comissão Organizadora dos 70 anos da chegada dos Pioneiros Portugueses ao Canadá. António Leão Rocha, embaixador de Portugal em Otava, fez também questão de participar neste colóquio via videoconferência.

Augusto Santos Silva fez notar que, entre o quase “meio milhão de pessoas de nacionalidade, cidadania ou origem portuguesa que vivem no Canadá: 12 delas, ocupam hoje lugares muito importantes nas instituições políticas canadianas. Desde logo no parlamento federal mas também em várias instituições provinciais, em vários municípios”. Mais ainda, fez questão de relevar o papel das mulheres migrantes portuguesas na comunidade luso-canadiana: “algumas das personalidades com responsabilidades institucionais mais elevadas no Canadá, desde logo a posição de vice-presidente da câmara baixa do parlamento federal canadiano ou a vice-presidência da Câmara Municipal de Toronto são ocupadas por mulheres” – testemunhos de vida, plena integração mas também de eterna ligação a Portugal, que, de resto e como apontado pelo presidente da Assembleia da República, fazem parte do livro “Menina e moça me levaram”, da autoria da professora Aida Baptista.

Em representação da comitiva organizadora das celebrações dos “heróis portugueses que chegaram ao Canadá há 70 anos”, o Comendador Manuel DaCosta relembrou a história dos pioneiros, aqueles que, mesmo não tendo sido recebidos “com trompetes de boas-vindas”, “com o verdadeiro espírito português, humildade e coragem aceitaram o desafio e integraram-se para contribuir e construir o país que o Canadá é hoje”. Nesta que foi a primeira vez que a Assembleia da República organizou um colóquio dedicado aos imigrantes portugueses no Canadá, Manuel DaCosta considerou o evento “um reconhecimento do progresso que o Canadá e os imigrantes portugueses têm feito em prol da cultura portuguesa. Para mim foi uma grande honra”.

Já o deputado Ricardo Baptista Leite, notou que “cada português, cada filho ou neto de portugueses, qualquer pessoa que se interesse na cultura portuguesa é um potencial embaixador e deve ser acarinhado como tal. Nós temos uma cultura que quando quem não nos conhece passa a conhecer, quero também fazer um pouco mais parte de nós. E esse quase meio milhão de portugueses ou descendentes de portugueses, hoje a residir no Canadá, são precisamente esses embaixadores que podem levar essa cultura, essa mensagem e essa voz, e que a língua portuguesa chega cada vez mais longe. E eu acredito, sinceramente, que essa comunidade quer estar cada vez mais ligada com Portugal”.

Inês Barbosa/MS

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