70 Anos no Canadá

VIII Congresso “A Vez e a Voz da Mulher Imigrante Portuguesa Mobilidades e Interculturalidades”

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Faz parte integrante das celebrações dos 70 anos da chegada dos primeiros imigrantes portugueses ao Canadá. Nasceu há 20 anos, precisamente quando também se celebrou esse dia 13 de maio de 1953. Manuela Marujo foi uma das maiores impulsionadoras deste Congresso que pretende dar protagonismo ao papel fundamental da Mulher em todo o processo que envolve a emigração.

Nesta conversa percebemos porquê e ficamos também a perceber como os portas estarão abertas a todos os que queiram participar e aproveitar para saber mais.

O oitavo Congresso “A Vez e a Voz da Mulher Imigrante Portuguesa – Mobilidades e Interculturalidades” vai decorrer nos dias 10, 11 e 12 de maio, na biblioteca Robarts, da Universidade de Toronto.

Milénio Stadium: Estes congressos começaram exatamente porque a Manuela e outras pessoas perceberam que a mulher imigrante, era muitas vezes secundarizada, para não dizer ignorada, quando se falava do processo de imigração. Foi essa “injustiça” que a organização destes Congressos tentou colmatar?
Manuela Marujo: Sim, quando foi organizada a comemoração dos 50 anos eu chamei a atenção para a necessidade de se sublinhar a importância da mulher em todo este processo. Eu tinha ouvido tantas mulheres com tantas histórias incríveis, porque elas não vieram logo no Saturnia com os maridos, mas vieram algumas no barco a seguir, outras coitadas, ficaram sozinhas a sofrer horrores. E custava-me muito perceber que acabavam por passar despercebidas as suas histórias. Fala-se muito dos homens e pouco das mulheres.

MS: As mulheres tiveram esse fundamental de tomar conta da família, não é?
MM: Sim, tinham ficado lá com os filhos bebés, tinham os filhos para tratar sozinhas, tinham as coisas todas para preparar para vir, não é? Eu achei que também seria justo dar-lhes um papel de relevo dentro das comemorações dos 50 anos. Aquelas senhoras que, anónimas porque ninguém falava delas, também estavam intimamente ligadas a todo o processo. E foi assim que o Congresso nasceu. Foi com as comemorações dos 50 anos e depois houve tanto entusiasmo da parte dos colegas que vieram de vários países falar sobre o assunto, nomeadamente uma colega, a Rosa Simas, que já tinha feito um congresso em 2001, onde eu tinha estado sobre a mulher dos Açores, que nasce a ideia do Congresso, sem eu ter pensado nisso, começar a ser realizado noutros países onde há uma concentração forte de emigração portuguesa. Na sequência disso, nós decidimos que talvez fosse bom fazê-lo de dois em dois anos. E é isso que temos feito ao longo de 20 anos. Agora com a pandemia, tivemos que fazer um interregno e, portanto, por isso este é o oitavo Congresso (devia ser o décimo). Este ano nós estamos muito cheios de entusiasmo porque estamos a celebrar os 20 anos da existência deste espaço de reflexão e partilha de conhecimento sobre a importância do papel da Mulher no processo de imigração.

MS: Este ano, o Congresso está integrado no programa dos 70 anos. Para além da participação de várias personalidades que se dedicam ao estudo académico deste tema, há também uma série de atividades paralelas que podem ser do interesse do público em geral. Pode falar-nos sobre esta componente?
MM: Claro, claro, eu queria dizer que as pessoas às vezes assustam-se com a ideia de participar num Congresso. Mas para lá das tais apresentações e debates mais teóricos temos uma série de atividades paralelas interessantes e abertas ao público em geral. Mas tudo tem entrada livre, não se paga nada – quer seja o que se passa na Biblioteca Robarts, quer seja o que se passa fora de portas, digamos assim. A pessoa que estiver interessada só terá que me dar a conhecer com antecedência, que quer participar, porque precisam de entrar na biblioteca e eu tenho que ter uma lista de nomes, mas não precisam de se inscrever. Mas como os congressos são, normalmente, um aliado de atividades culturais, nós procuramos também incluir algo não só de interesse dos que aqui vivem, como daqueles que vêm de fora, os que nos visitam: da França, dos Estados Unidos, do México, do Brasil, de Portugal continental e ilhas. Pensamos fazer, por exemplo, uma visita guiada à zona do Kensington Market, que foi o porto de entrada de tantos portugueses, alguns ainda lá vivem e nunca saíram de lá. Vamos ter uma visita guiada que o Gilberto Fernandes, que tem um projeto de história da comunidade, vai fazer. Depois temos uma outra visita guiada ao mural de homenagem àquelas ativas mulheres da limpeza que conseguiram conquistar direitos que não tinham. Esta visita ao Mural de Vhils será guiada por Aida Jordão. Também integrada no programa do Congresso, temos a inauguração de uma exposição de artistas luso-canadianas na Galeria Almada Negreiros, no Consulado de Portugal. Mais uma vez a entrada é livre. E temos o lançamento de um livro da colega que desde o início está nestes congressos comigo a Aida Batista, que vai lançar na Peach Gallery, um livro de crónicas que por acaso tem um nome muito bonito – As Bicicletas de Toronto. Trata-se de uma compilação de crónicas selecionadas entre as que ela vai escrevendo, semanalmente, para o jornal Milénio.
Portanto, nós esperamos que esta oitava edição do Congresso “A vez e a voz da mulher imigrante portuguesa – mobilidades e interculturalidades” seja, afinal, um conjunto de atividades que interessam o público de Toronto e arredores. Quer dizer, o Congresso pode ser um ponto de encontro, pode ser um motivo para se conhecer pessoas e ficar com um conhecimento mais aprofundado sobre o papel tão importante da mulher imigrante portuguesa.

A presença de Maria Beatriz Rocha-Trindade

Manuela Marujo destaca ainda a presença no Congresso deste ano de uma das mais proeminentes investigadoras portuguesas, Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade, que é pioneira em estudos de imigração e presidente da Comissão de Migrações, Sociedade de Geografia de Lisboa. “É uma senhora reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho. Foi ela que estudou primeiro a imigração em França – foi para as aldeias, entrevistou as pessoas, fez filmes, fez vídeos e a partir daí dedicou toda a vida dela a esta temática da emigração”, sublinhou Manuela Marujo. Maria Beatriz Rocha-Trindade proferirá a conferência inaugural sobre o tema: Mulheres Migrantes – Diferenças no tempo, diversidade de Itinerários, disparidade de situações.

Madalena Balça/MS

 

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