Ter Medo – Sombras na sua Alma
A palavra medo evoca imagens da presença de perigo ou de uma ameaça ao nosso bem-estar. O perigo pode ser físico, mas muitas das vezes é psicológico. Embora o medo possa basear-se em ameaças reais, muitas vezes tem origem em temores imaginados.
O mundo vive numa era em que o medo de muitas coisas está a ser perpetrado nas nossas vidas por uma sociedade cujo controlo da mensagem global se baseia predominantemente na imagem negativa e nas suas possíveis consequências. Guerra, fome, conflitos sociais e forças geopolíticas clamam por uma civilização faminta de aspetos positivos, de uma humanidade que se está a tornar escassa.
Cada indivíduo cria e alimenta os seus próprios medos, com base na sua condição social e na sua educação. Em crianças, somos alimentados com uma dieta de normas sociais por aqueles que nos rodeiam, e que muitas vezes, cerram os seus próprios medos nos seus corpos, incapazes de lidar com eles, contudo, acham-se habilitados a dar conselhos que servirão de catalisadores para guiar as nossas vidas. A nossa amígdala é a parte do nosso cérebro onde o medo começa a reagir a uma ameaça feita por predadores ou uma consequência mental percecionada, que pode ou não existir, mas que está lá para o alertar. Existem sete medos que incluem: o procrastinador, aquele que segue as regras, aquele que quer agradar aos outros, o pária, aquele que duvida de si próprio, aquele que está constantemente a arranjar desculpas e o pessimista. Eu também incluiria o narcisista, cujo maior medo é vir a perder o seu escudo de ego maníaco que protege o complexo de auto-serviço que criou.
Se as pessoas não sentissem medo, não teriam a capacidade de se proteger de ameaças legitimas. As respostas de luta-fuga ou congelamento que todos nós implementamos quando reagimos ao medo são baseadas nos efeitos cumulativos de muitos anos a assumir que o mal está ao virar da esquina. Muitas vezes confundimos ansiedade com medo, sendo que sintomaticamente são muito diferentes. A ansiedade poderá ser uma condição temporária, enquanto os medos como fobias, podem ser o resultado de uma predisposição genética ao medo e podem prejudicar a vida quotidiana de uma pessoa.
Ao examinarmos os nossos medos pessoais, temos de ser realistas e verdadeiros sobre a forma como eles impactam as nossas vidas. Quanto mais velho você fica, mais medos você acumula. Poderíamos lidar com muitos deles, mas temos demasiado medo de abrir a caixa onde estão escondidos. Para muitas pessoas, o seu maior medo é a morte, mas a maioria deveria era ter medo da vida. A morte elimina todos os seus medos, enquanto a vida providencia diariamente uma lembrança traumática dos medos da sua vida. Para quê se preocupar com uma ocorrência que nunca ninguém sabe quando acontecerá? O meu maior medo é das pessoas. À medida que você se cerca pelo seu círculo da vida, muitos aspetos da contribuição daqueles que estão à sua volta são falsos. O medo das pessoas provem do facto que você nunca sabe quais são os seus medos e, assim, as suas ações são imprevisíveis. À medida que avalia os líderes mundiais e aqueles que o governam, o medo das suas ações e da forma como eles podem afetar a sua vida torna-se uma preocupação constante. À sua volta, muitos vivem uma vida em que mentalmente estão num desfiladeiro e não conseguem sair. Repetidamente, culparão os outros pelos seus fracassos e decretarão vingança, independentemente das consequências. As pessoas tornam-se maiores ao imporem sofrimento aos outros e esperam que você imite a sua opressão para que possa ser igual. O meu medo de pessoas está enraizado na ambiguidade das suas ações e nas suas não-verdades convenientes enquanto se retratam como merecedores do nosso círculo. O meu medo é que a confiança continue a desaparecer da sociedade sem um substituto equilibrado. Mentir e enganar tornaram-se numa decisão digna de sessão no confessionário. Os meus medos reduzem-se todos às pessoas, e não às coisas. Acho que encontrarei felicidade ao olhar nos olhos de uma linda flor, já que temo que as pessoas… não sejam de confiança.
Manuel DaCosta/MS
Editorial in english
Being Afraid – Shadows on your Soul
The word fear conjures images of the presence of danger or a threat to our well-being. The danger can be physical but more often it’s psychological. Although fear can be based on real threats, often it originates from imagined dangers.
The world lives at a time where the fear of many things are being perpetrated in our lives by a society whose control of global messaging is based predominantly on negative imagery and its potential consequences. Wars, famine, social conflicts and geopolitical forces cry out for a civilization hungry for positive aspects of a humanity, which is becoming scarce.
Each individual creates and feeds their own fear based on upbringing and social conditioning. As children, we are fed a diet of societal norms by those around us who more often than not, encase their own fears in their bodies, incapable of dealing with them but think capable of imparting advice which will serve as a catalyst to guide us in our lives. Our amygdala is the part of the brain where fear starts by reacting to threats by predators or perceived mental consequences which may or may not exist, but it’s there to alert you. There are seven fears which include: the procrastinator, the rule follower , the people pleaser, the outcast, the self-doubter, the excuse maker, and the pessimist. I would also include the narcissists whose biggest fear is that they will lose the egomaniacal shield that protects the self-serving complex they created.
If people didn’t feel fear, they wouldn’t be able to protect themselves from legitimate threats. The fight-flight or freeze responses that we all implement when reacting to fear are based on the cumulative effects of many years of assuming that evil is around the corner. Often we confuse anxiety and fear which symptomatically are very much different. Anxiety can be a very temporary condition, while fear such as phobias, can be the result of genetic predisposition to fear and can impair a person’s everyday life.
By examining our personal fears, we have to be realistic and truthful about how they are impacting our lives. The older you are the more fears you have accumulated. Many can be dealt with, but we are too afraid to open the box where they are hidden. Many people’s biggest fear is death, but most should be afraid of life instead. Death eliminates all your fears while living provides a traumatic reminder of your life’s fears on a daily basis. Why worry about an occurrence which no one ever knows when it will happen? My biggest fear is of people. As you surround yourself with your circle of life, many aspects of the contribution of those around you are phony. The fear of people is because you do not know what their fears are and thus their actions are uncertain. As you assess the leaders of the world and those who govern you, fear of their actions and how they will affect your life is a frequent worry. Many around you live a life where mentally they are in a mountain crevice and they can’t get out. They repeatedly will blame others for their failures and will impose vengeance regardless of the consequences. People make themselves larger by the imposition of suffering on others and they expect you to mimic their oppression so you can be equal. My fear of people is rooted on the ambiguity of their actions and convenient untruths while portraying themselves as deserving of your circle. My fear is that trust is disappearing from society without a balanced replacement. Lying and misleading have become a decision deserving of a session in the confessionary. My fears are all about people not things. I think I will find joy by looking into the eyes of a beautiful flower, as I fear that people…cannot be trusted.
Manuel DaCosta/MS
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