Editorial

O Campeonato do Mundo da Corrupção

 

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O maior espetáculo desportivo do mundo começa esta semana com as cerimónias a serem iniciadas no dia 18 de novembro de 2022. Em 2010, o Qatar tornou-se na primeira nação do Médio Oriente a receber os direitos de sediar o Campeonato do Mundo da FIFA. Desde 2010, esta recompensa ao Médio Oriente, que se estendeu a África, tem sido atormentada com controvérsias, que na maioria das vezes formam a “palavra” corrupção. Na última terça-feira (15), o mundo chegou aos 8 milhões de pessoas. À medida que a Terra se esforça para alcançar um crescimento sustentável e inclusivo, as desigualdades, mais do que nunca, permanecem como um separador de ricos e pobres. A aceitação de práticas de corrupção é predominante em toda a sociedade, incentivando a ganância e a exploração para obter ganhos financeiros. Aqueles que se encontram em posições poderosas, como a FIFA, dominam totalmente as práticas obscuras que mancharam o jogo.
O Campeonato do Mundo não é um conjunto de jogos feitos para comprovar quem é o melhor do mundo. É uma enorme transação comercial que envolve muitos fatores políticos e socioeconómicos. A FIFA, enquanto órgão dirigente do futebol, adotou uma política em que a declaração de missão parece ser poder, dinheiro e só depois futebol. Por extensão, esta crença tem vindo a ser adotada por federações de países, proprietários de clubes de futebol insaciáveis e jogadores que são tratados pelos fãs da modalidade como deuses. O negócio do futebol atingiu um domínio na psicologia com os adeptos à margem do fanatismo, criando condições perigosas para os adeptos e para o público em geral. À medida que o espetáculo atinge o seu auge e milhões de pessoas viajam para um país cheio de controvérsias, onde está a moralidade da FIFA, dos países, dos jogadores e dos fãs?
Vivendo num mundo politicamente correto, as pessoas decidiram ir e apoiar um país homofóbico, que ignora os direitos humanos, que permitiu que milhares de trabalhadores morressem, tratando-os como escravos dos tempos modernos. O mundo permaneceu em silêncio perante as realidades regressivas dos países ricos em petróleo, isto para não abalar o abastecimento do Médio Oriente e os requisitos da religião.
Como é que o mundo foi imerso em conveniências falsas onde um evento é mais importante que as condições humanas e a integridade do futebol? A habilitação deste país anfitrião e a imparcialidade com que os jogos foram premiados pela FIFA, deveriam ser punidos com um boicote completo aos jogos. Qualquer coisa menos que isso só confirma o duplo standard dos que exercem o poder e dos jogadores que procuram a fama.
Sepp Blatter sugeriu que foi um erro conceder os jogos ao Qatar, no entanto este é o mesmo homem que fez a devida diligência antes de conceder os jogos e decidiu que encher os bolsos era mais importante do que a integridade do jogo e da organização que ele dirigia. Em 2026, o Campeonato do Mundo dirige-se a Toronto e a outras cidades do Norte da América. A cidade de Toronto estima um orçamento de $350 milhões para ser o anfitrião dos jogos. No historial da organização de eventos desportivos, os orçamentos são sempre superados. A população de Toronto deve estar preparada para pagar possivelmente o dobro dessa quantia. Talvez os meus comentários sejam pessimistas, mas é o nosso presidente da Câmara que está às voltas com um deficit orçamental de $850 milhões e a implorar ajuda a outros níveis de governo, evidenciando a má gestão das nossas finanças e agora, ameaça os cidadãos desta cidade com o aumento de impostos e a redução de serviços.
O Campeonato do Mundo de 2026 será uma palhaçada semelhante pela qual pagaremos para satisfazer os egos dos políticos que talvez nunca tenham sequer chutado uma bola de futebol. Tanto o Canadá como Portugal estarão no Qatar a representar as cores dos seus países. É duvidoso que algum dos dois vá longe, por razões óbvias, mas vamos desejar-lhes o maior sucesso.
O belo e contaminado jogo no Qatar definirá e confirmará as condições morais que estão a ser vividas hoje.
Jogue à Bola!


 

Editorial in english

A World Cup of Corruption

The largest sporting spectacle in the world starts this week with ceremonies beginning on November 18, 2022. In 2010, Qatar became the first middle east nation to be awarded the rights to host the FIFA World Cup. Since 2010, this reward to the Middle East and by extension, Africa, has been plagued by controversy about a number of issues, which for the most part, spell the “word” corruption. This past Tuesday, the world reached 8 billion people.
As earth strives to achieve sustainable and inclusive growth, inequalities remain as a separator of rich and poor more than ever. Acceptance of corruptive practices is predominant throughout society encouraging greed and exploitation for financial gain. Those in powerful positions such as FIFA have taken full dominance of shady practices which have tainted the beautiful game.

The World Cup is not a bunch of soccer games strung together to prove who is the best in the world. It’s a huge business transaction involving many political and socio-economic factors. FIFA as the governing body of soccer adopted a policy where the mission statement appears to be power, money and then soccer. By extension this religion has been adopted by countries federations, rapacious soccer owners and players who are treated by soccer fans as demigods. The business of soccer has reached a dominance in fan psychology bordering on fanaticism creating dangerous conditions for fans and public in general. As the spectacle hits its crescendo and millions of people travel to a country soaked in controversy, where is the morality of FIFA, countries, players, and fans?
Living in a world of political correctness, the people have decided to go and support a homophobic country who ignores human rights allowed thousands of workers to die and treating them as modern-day slaves. The world has remained silent about the regressive realities of rich oil countries so not to upset the Middle Eastern oil supply and religions requirements. How did the world come to be bathed in bogus conveniences where an event is more important than human conditions and the integrity of soccer? The suitability of this host country and the fairness by which the games were awarded by FIFA, should be punished by a complete boycott of the games. Anything less only confirms the double standard of those who exercise power and the players looking for fame.
Sepp Blatter has suggested that it was a mistake to award the games to Qatar, however, this is the same man who did the due diligence before awarding the games and decided that lining his pockets was more important than the integrity of the game and the organization he headed. In 2026, the World Cup will come to Toronto and other North American cities. The city of Toronto has estimated a budget of $ 350 million to host the awarded games. In the history of organized sports, budgets are always exceeded. The people of Toronto should be prepared to pay possibly as much as twice that amount. Perhaps my comments are pessimistic but our Mayor who is grappling with a $ 850 million budget deficit and begging the other levels of government for help, has shown poor management of our finances and now threatens the citizens of this city with increased taxes and reduction of services.

The 2026 World Cup will be a similar boondoggle that you and I will pay for to satisfy the egos of politicians who may never have never kicked a soccer ball. Both Canada and Portugal will be in Qatar representing their countries’ colours. It’s doubtful that neither will go far for obvious reasons, but let’s wish them both the best of success.

The beautiful, tainted game in Qatar will define and confirm moral conditions being lived today.
Play Ball!

Manuel DaCosta/MS

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