Ambiente

Terra Viva – O Vento

Gerado essencialmente por diferenças de pressão e de temperatura de massas de ar, o vento é também condicionado pelos movimentos de rotação e translação da Terra, pela radiação solar, pela humidade do ar ou pela evaporação de água. A nível planetário, os grandes movimentos de massas de ar na Terra estão diretamente relacionados com as diferenças de temperatura entre os polos e o equador, e também com o movimento de rotação da Terra.

As massas de ar deslocam-se das zonas de maior pressão atmosférica para zonas de menor pressão – se as amplitudes de pressão ou de temperatura forem elevadas, a sua velocidade tende a ser maior devido aos diferenciais.

Apesar de ser uma consequência das diferenças de pressão e diferenças de temperatura, ele mesmo também as condiciona, sendo portanto uma relação interativa e dinâmica.

É complexa e muito extensa toda a ciência e informação acerca do vento, desde ventos alísios passando por ventos polares, monções, ventos de montanha, tornados, etc..

Os ventos tanto podem ser destruidores pela sua violência ou por ajudarem o fogo, como podem ser fonte de vida, transportando sementes ou ajudando na polinização de plantas dispersando pólen, poeiras e minerais. A título de exemplo, cerca de 30 toneladas de poeiras são transportadas pelos ventos do Sahara para a Amazónia, permitindo o enriquecimento dos solos e, consequentemente, promovendo a sustentabilidade dessa fantástica floresta.

Também os animais se relacionam com os ventos, muitos deles tirando partido dessas movimentações de ar para o voo, como as aves, sendo que determinados ventos são essenciais às migrações. Até os insetos, como as aranhas, as borboletas, as cigarras ou algumas espécies de abelhas selvagens, utilizam os ventos para as suas migrações.

O homem tem usado a força e energia do vento ao longo de toda a sua história. Desde os barcos com velas, passando por moinhos de vento, até aos modernos geradores eólicos o vento foi sempre utilizado pelo homem, sendo a energia essencial das naus que fizeram os Descobrimentos e que permitiram um salto de evolução civilizacional tido como um dos mais impactantes na história humana. No advento desta nova era de procura de energias alternativas e renováveis, o vento tem sido uma mais-valia: a proliferação de parques eólicos é global. Mais uma vez o Homem recai na utilização do vento, fazendo dele seu aliado na necessidade de reduzir as emissões de dióxido de carbono.

As maiores velocidades de vento, excetuando os tornados que podem ultrapassar os 500Km/h, foram registadas na ilha australiana de Barrow, com 408Km/h a 10 de abril de 1996 e de 372Km/h em Mount Washington, New Hampshire, em 1934.

Na mitologia grega os ventos eram controlados e comandados por Éolo – estes eram filhos de Gaia (a mãe terra) e Úrano (o céu). Os ventos eram também eles personificados, tendo nomes e humores distintos. Os ventos maiores, Zéfiro (vento de oeste, agradável e suave), Euro (gerador de tempestades), Bóreas (vento de norte, frio e violento) e Noto (vento quente de sul, gerador de nuvens), muitas vezes desobedeciam aos pais. Úrano não tinha tarefa fácil em controlá-los, no entanto, apesar das suas irreverências, os irmãos tinham momentos de equilíbrio e de sã convivência. Assim como em nós humanos, os humores variam: uns dias bem-dispostos e cooperantes, outros dias irreverentes, outros dias irascíveis, benevolentes, preguiçosos, etc..

Perceber o mundo à nossa volta, os seus componentes e suas inter-relações não é tarefa fácil ou imediata: demora tempo, paciência, investigação, e acima de tudo, tentar desfrutar da natureza com respeito e admiração. Que bons ventos nos guiem.

Paulo Gil Cardoso

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