Ambiente

Convulsões Globais

Terra Viva

 

peixe

 

A Terra está doente e tudo o que a integra entrou em convulsão.
Olhando para o planeta como um corpo vivo percebemos que a sua saúde está atualmente num momento de doença aguda.

James Lovelock, falecido em 26 de julho 2022, no dia em que completou 103 anos, autodenominado o primeiro geofisiologista, deu-nos a perspetiva de que a Terra era um ser vivo, através da sua obra Gaia: A New Look at Life on Earth. Realmente verifica-se que existem sintomas que denunciam uma desestabilização da saúde da Terra, podemos considerar analogamente com um corpo vivo, que o planeta tem febre através do aquecimento global, com todos os elementos de um quadro clínico febril, onde se constatam desde arrepios (ventos) a transpiração excessiva (chuvas torrenciais), além de outras mazelas, como feridas (secas, derrocadas, etc.).

O corpo vivo que é o nosso planeta está doente e em convulsão. Indo um pouco mais na longe na analogia, considerando os seres que habitam neste astro como células e órgãos desse corpo, constatam-se múltiplas desregulações fisiológicas, a excessiva existência de determinadas células (superpopulação), a morte de outras (extinções), fluxos de células inesperados e desequilibrados (migrações), e a analogia poderia continuar, mas deixo-a à vossa imaginação.

A civilização humana, por ser integrante deste corpo, também ela está em convulsão, reflexo de uma enfermidade global, existem fações que se radicalizam nos seus protestos. Quando existe dor, desorientação, fome e medo, existem células que se mobilizam para combater a doença, algumas de forma mais ponderada, outras de forma mais radical.

Neste momento a moléstia grassa de forma caótica devido à ausência de tratamento, não existe um remédio consensual para os distúrbios. As causas estão eventualmente identificadas mas a sua contenção ou debelação é quase impossível. Aplicamos alguns paliativos, sonhamos com um remédio, mas a doença está em curso e não temos tratamento rápido e eficaz.

O corpo está doente e a doença ainda está no início. Os modelos que temos de progressão da doença são tiros no escuro, muitas das previsões são contraditórias, não sabemos bem como evoluirá a moléstia.

O desnorte e a impulsividade da nossa civilização em nada contribuirão para o tratamento, apenas aumentarão as convulsões.

A Terra não morrerá com certeza, evoluirá para outra ordem, haverá outras células e outros órgãos, mas aqueles que hoje conhecemos desaparecerão, ou seja, a civilização humana e muitos seres vivos extinguir-se-ão.
O paciente precisa do nosso carinho e atenção, se assim não for, tudo será diferente num futuro não muito longínquo. O planeta renascerá como muitas vezes já aconteceu na sua vida de 4,5 mil milhões de anos, porém, renascerá sem nós.

Paulo Gil Cardoso/MS

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