É notícia internacional desta semana o desprendimento de um gigantesco iceberg, com 4 320Km2, da plataforma de gelo Roone na Antártida, o maior já registado. A colossal montanha de gelo denominada A-76 tem uma área quase seis vezes maior que a Ilha da Madeira que tem cerca de 741Km2.
A separação desta imensa ilha gelada da plataforma de gelo onde nasceu, e agora errante no Mar de Weddell, foi seguida por dois satélites da ESA (European Space Agency, da qual Portugal é membro) que integram a Missão Copérnico Sentinel-1. Estes satélites em órbita polar observam e recolhem dados da Antártida. A atividade prevista é de sete anos de recolha de dados diariamente, tendo, no entanto, combustível para 12 anos. (para saber mais: https://sentinels.copernicus.eu/web/sentinel/missions/sentinel-1).

Os icebergs são relativamente comuns no Atlântico Norte e à volta de toda a Antártida. Após o acidente do Titanic em 1912 foi criada a International Ice Patrol, financiada por 13 países sendo, no entanto, a Guarda Costeira Americana a principal força ativa na monotorização e identificação destes blocos de gelo que possam pôr em causa a segurança de embarcações.
O desprendimento de icebergs sempre aconteceu, sendo o resultado natural do fluxo de grandes massas de água doce congeladas, formadas sobre a terra, e que lentamente vão deslizando para o mar, sejam de glaciares ou plataformas de gelo polares, no entanto, a quantidade e dimensões destes blocos têm aumentando nas últimas décadas como consequência do aquecimento global da Terra.
À primeira vista poderá inferir-se que o derretimento de icebergs não contribui para a subida da altura média dos oceanos, e isso é verdade, mas apenas depois do bloco de gelo já estar no oceano, o seu derretimento não contribuirá para a subida das águas, a questão está a montante, uma vez que a água congelada que estava sobre a terra passa a estar no oceano, obviamente que a bacia se está a encher. Reduzindo a água que está sobre a terra, aumentará o volume dos oceanos.
Um iceberg tem apenas 10% da sua massa emersa, os restantes 90% estão submersos na água do mar, daí a expressão, algo irónica, “a ponta do iceberg”, usada quando se fala de algo de qual apenas se vê ou conhece parte do todo, estando longe da perceção humana a imensa parte submersa. Esta analogia pode perfeitamente aplicar-se ao pouco que vislumbramos da destabilização dos complexos e imensos mecanismos vivos do nosso planeta.
Apenas verificamos os resultados que afloram de uma possível imensa rutura no funcionamento da Terra – se estes apenas corresponderem a 10% do problema, esperemos que os 90% ocultos não provoquem um naufrágio planetário.
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